14 de outubro de 2006

25 de Abril em Luanda em 1979


A Associação 25 de Abril encarregava-se de todos os anos comemorar a data em Luanda.Fica aqui o cataz das comemorações em 1979.
Para os muitos que fizeram erguer esse espaço de liberdade ali nas traseirinhas da livraria Lello, num prédio de traça colonial antiga, a gratidão de quem por lá viveu momentos de solidariedade e de vida democrática.
Fernando Pereira

26 de setembro de 2006

Cartazeando!


O cartaz dispensa, logo existe.
Na Republica Popular de Angola, que ainda descaminhava para uma híbrida republica ( igual a tantas outras) de Angola, ia havendo uns cartazes que incentivavam a prole a engajar-se na dinamica da Revolução.
Nesses tempos de contidos maus hábitos, que o mercado colocou na montra, sem ter de recorrer a saldos, mas dizia eu, nesses tempos de contidos maus hábitos, as coisas iam correndo como qualquer revolução podia correr em Angola...Com toda a calma do mundo, e sem horários para que as coisas pudessem suceder.
Desses tempos algo airosos sobrou a memória e os cartazes, que aqui coloco porque também eles fazem parte da História de Angola.
Karipande

PS:Para além do cartaz vai um pequeno postal com a poesia do saudoso David Mestre, e com o fundo desenhado pelo António Ole, numa emissão comemorativa do Festival Internacional de Estudantes em Havana/ Cuba 1978. O cartaz é alusivo ao 14 de Abril, dia da Juventude Angolana

24 de setembro de 2006

Mercado do Caponte



Fotos de Luanda do antanho!





Aqui vão mais um conjunto de desenhos de uma Luanda que não conseguiu resistir ao camartelo.
Rua Pereira Forjaz,Rua Paiva de Andrade, Antiga Travessa da Sé e Rua António C. Cunha, são algumas partes aqui referenciadas nestes desenhos.
Vou tentar que se comece aqui um debate sobre a arquitetura das cidades de Angola, para também aqui tentar desmistificar as "diferenças do bom colonialismo português"
Um abraço
Fernando Pereira

Fotos de Luanda do antanho!

A verdadeira cidade alta





Agradeço à UNAP (União Nacional dos Artistas Plásticos) este cojunto de postais! Aqui seguem três desenhos de C. Ferreira, sobre a Calçada de Santo António.Espero que vos ajude a perceber a Luanda de outros tempos, para provávelmente "desentenderem" o que em termos urbanísticos se passou desde então!

18 de setembro de 2006

Branca e radiosa ia a noiva!


Acredite se quiser


Instruções e conselhos para a jovem noiva
Em 1894
Ruth Smythers



Sobre como se conduzir e proceder nas relações íntimas e pessoais inerentes

Ao casamento, para uma maior santidade espiritual que deve acompanhar

Este abençoado sacramento, e para a glória de Deus.







Para a jovem e sensível moça que alcançou o privilégio de crescer e

Chegar ao casamento, devemos dizer que este dia é, ironicamente o mais feliz

E também o mais aterrorizante de sua vida. Do lado positivo,

há o casamento propriamente dito, no qual a noiva é o centro das atenções

De uma cerimónia bonita e comovente, cerimónia esta que simboliza

O seu triunfo em lhe assegurar um homem que lhe proverá todas

As suas necessidades pelo resto de sua vida natural.

Do lado negativo, está a noite de núpcias, durante a qual a noiva

Deve "pagar para ver", vulgarmente falando, ao se defrontar,

Pela primeira vez, com a terrível experiência do sexo.

Nesse ponto, cara leitora, deixe-me revelar uma verdade chocante.

Algumas jovens, na realidade, aguardam a noite de núpcias com um misto

De curiosidade e prazer ! Cuidado com tal atitude !

Um marido egoísta e sensual pode facilmente tirar vantagem de tal noiva.

Nunca se esqueça de uma regra capital, para qualquer casamento:

dê pouco, raramente, e sempre de má vontade: do contrário,

O que tem tudo para ser um casamento feliz pode transformar-se

Numa orgia dos sentidos.

Por outro lado, o temor da noiva não deve ser extremo, porquanto o sexo,

Que, na melhor das hipóteses, é algo bastante doloroso, deve ser cultivado,

E o tem sido pela mulher desde o início dos tempos, e é recompensado

Pela união monogâmica e pelos filhos. A maioria dos homens, se não lhes for negado, desejam fazer sexo quase todos os dias. A noiva sábia deverá permitir

Um máximo de duas rápidas relações sexuais por semana durante

Os primeiros meses do casamento. À medida que o tempo passar,

Ela deve envidar esforços para reduzir tal frequência. Doenças simuladas,

insónia e dores de cabeça são os melhores aliados de uma esposa quanto a isso. Argumentos, apoquentações, repreensões e questionamentos também são

Muito eficazes, se usados tarde da noite, cerca de uma hora antes

De o marido normalmente começar sua sedução.


As esposas inteligentes devem estar sempre alerta e cientes de novas

E melhores maneiras de negar e desencorajar as aproximações amorosas

De seus maridos. Uma boa esposa deve reduzir as relações sexuais ao mínimo.

O ideal é uma só por semana ao fim do primeiro ano de casamento

E uma por mês ao fim do quinto ano.

Ao redor do décimo ano de casamento, muitas mulheres já completaram a sua prole

E atingiram o objetivo final de terminar todo e qualquer contato com seus maridos. Nessa época, ela deve fazer do seu amor pelos filhos e das pressões sociais elementos eficazes que mantenham o marido em casa.

Como já mencionamos anteriormente, a mulher, além de se manter alerta

Quanto a ter o mínimo de relações sexuais possíveis, deve também prestar

Muita atenção em limitar a espécie e a qualidade das relações sexuais.(..)

A mulher inteligente terá por objetivo nunca deixar que o marido a veja despida,

Nem que este se apresente despido. Praticar sexo, quando este não puder

Ser evitado, só em total escuridão. Muitas mulheres acham muito útil

Usar uma pesada e grossa camisola de algodão e providenciar pijamas para o marido, e não tirá-lo durante o ato sexual. Assim, um mínimo de corpo ficará exposto.

Uma vez que a noiva tenha colocado a sua camisola e apagado todas as luzes,

Ela deve deitar-se quieta e placidamente ao longo da cama e esperar pelo noivo.

Não deve fazer qualquer ruído que possa, na escuridão, orientá-lo em sua direção; caso contrário, ele poderá interpretar isso como um sinal de encorajamento.

Ela deve deixá-lo andar às apalpadelas no escuro. Existe sempre a esperança

De que ele venha a tropeçar e sofrer alguma lesão, que, por mais leve que seja,

Possa vir a ser usada como desculpa para negar qualquer contato sexual.

Quando ele a encontrar, ela deve permanecer tão imóvel quanto possível.

Qualquer movimento de sua parte pode ser interpretado como excitação sexual.

Se ele tentar beijá-la nos lábios, ela deve virar ligeiramente a cabeça de modo

Que o beijo alcance inocentemente as suas bochechas. Se ele tentar beijar-lhe

As mãos, ela deve mantê-las com os punhos fechados. Se ele levantar a sua camisola

E tentar beijá-la em qualquer outra parte do corpo, ela deve, imediatamente,

Puxar para baixo a sua camisola, pular da cama e anunciar que a mãe natureza

A chama ao banheiro. Isso, geralmente, amortecerá o desejo dele de beijá-la

Em territórios proibidos.


Se o marido tentar seduzi-la com conversas lascivas, a esposa inteligente repentinamente lembrar-se-á de perguntar-lhe alguma coisa trivial e não sexual. Uma vez obtida a resposta ela deve prosseguir a conversação,

não importando quão frívola ela possa parecer na ocasião. (...)


Ela deverá permanecer absolutamente calada ou falar sobre seus afazeres domésticos, enquanto ele realiza as manobras que o ato sexual requer(...)

Tão logo o marido complete o ato sexual, a mulher inteligente deverá começar

a aborrecê-lo com conversas sobre tarefas que ela quer que ele realize

no dia seguinte.

Muitos homens obtêm a maior parte de sua satisfação após a pacífica exaustão

que se segue ao ato. Sendo assim, a mulher inteligente deve assegurar-se

de que ele não tenha paz nesse período, pois, do contrário,

ele logo se achará tentado a querer um pouco mais. (...)


©Copyright Texto traduzido por Walter Cardoso Franco, publicado em Excerpta Feminina, Rio de Janeiro - Texto impresso pela Gráfica Orientação Espiritual da cidade de Nova York e publicado no ano de 1894. Escrito por Ruth Smythers, esposa de um pastor da Igreja Metodista Arcadiana da Congregação Regional Leste, Reverendo L. D. Smythers - Segundo o Bernardo.

25 de julho de 2006

Scolariedade Social


Bem!
Acabou o Campeonato do Mundo de futebol!
Propositadamente coloquei futebol com letra pequena, porque de facto foi um campeonato para esquecer tal a falta de qualidade do futebol apresentado. Embora seja um dos 13 melhores observadores do futebol mundial no activo (os outros 12 colegas meus estiveram na Alemanha a dar pontuações aos jogadores e a nomearem os melhores em cada jogo), não vou entrar em questões de natureza técnica,em aspectos tácticos, nem outras questões que me levaram a ser uma das maiores referencias do comentarismo europeu futeboleiro desde Finisterra a Vladivostock.
Hoje vou mesmo dizer que apesar de Angola jogar malzinho e ter uma equipa fraquinha conseguiu ser parecida com todas as outras, e disfarçar as insuficiencias que trouxe ao Mundial e que já eram visíveis no CAN.Podia ter feito como os portugueses que jogando poucochinho conseguiram através do Chico-espertismo chegar aos quartos.
Eu fui claro desde o início, pois sempre apoiei a selecção de Angola e apenas essa. Quando foi eliminada eu passei a olhar os jogos com pouco entusiasmo, embora tivesse um fraquinho pelo Gana, pois sempre era uma selecção africana.Quando o Gana acabou a sua participação fiquei sem preferencias e limitei-me a olhar as manifestações patrioteiras que aqui e ali iam pintalgando um ou outro local na Europa comunitária.
Digo sem qualquer tipo de reserva mental, que não tive simpatia particular por Portugal, por razões várias, que seriam fastidiosas de enumerar.Nem o facto de ter um jogador que é meu familiar próximo, me fez alterar a minha indiferença em relação ao seleccionado.
Durante toda a inundação de informação(???)que éramos obrigados a ter desde manhã até às quinhentas da noite, na maior concentração de mm2 por ecran de TV, fui-me lembrando de João Abel Manta.
E lembro o caricaturista JA Manta, filho do mestre Abel Manta,a quem recomendo uma visita à sua casa-museu em Gouveia, mas dizia, lembro João Abel Manta que em 1967(?) resolveu fazer esta caricatura de um Portugal isolado do mundo, decadente, com uma guerra colonial com tres frentes de combate, um país ainda mais triste que "o paraíso triste" que Saint Expury tinha descrito em 1942 quando por cá passou a caminho da sua morte.
Hoje como ontem as pessoas agarravam-se à sua selecção, e hoje como ontem uma santa no caminho dos portugueses, trazida por um Edir Macedo que só tem um detalhe suplementar: Talvez saiba de bola.
O IPSS (Instituto para a Promoção da Scolariedade Social)com um ordenado que era o 3º no ranking dos ordenados dos seleccionadores, resolve começar a insultar a esmo e até mesmo a bitaitear (verbo adaptado do léxico do Hernani Gonçalves)sobre questões que não lhe dizem respeito, perante o enxamear da bandeira do Partido Republicano, e que persiste desde 1910(Este pequeno detalhe tem um recado óbvio:Angola não tem nada que mudar bandeira nenhuma). Nas procissões em Portugal há o costume de colocar colchas nas janelas e varandas à passagem das santas e dos Santos, e de meninos vestidos de anjos e senhoras com um naperon na cabeça, mas esta das bandeiras só lembra mesmo ao triunvirato Portugal/BES/FPF, não chegando ao ponto do senhor Scolari dizer que "O que é bom para o BES é bom para Portugal".
Bem, fico-me por aqui, senão começo a falar muito mais da Scolaridade Social e desapetece-me mesmo.

1 de maio de 2006

O tema era :Vocês não viram nada em Angola


Dizia o meu amigo Rui Castro e Silva, cada vez que pássavamos em frente ao Tamar, ardido na altura, hoje recuperado, que havia um buraco no balcão já que todas as noites lá estava sempre no mesmo banco, com o mesmo copo na mão, anos e anos a fio...Quem se lembra de ver aquele decrépito espectáculo do Ary Lopes com a Glória Norton, e mais um conjunto de bailarinas brasileiras recrutadas algures na Goiânia, ou no sertão favelar do Rio de Janeiro...Mas o Tamar era o Tropicana de Luanda nos anos 60 e 70...um Tropicana doméstico, mas referencia para muitos soldados de patente média que ainda hoje das poucas recordações boas que guardam é precisamente o Tamar, ali onde a Xicala ainda era imberbe como praia.Ao lado era a Gruta, que em tempos terá tido outro nome e que tinha um bar americano com um pianista cheio de artroses nos dedos a tocar.Logo a seguir era o Sporting, que mantinha um bar misto de respeitabilidade,batota e umas raparigas algo verdes comparadas com a visinhança.Na ilha havia ainda o Marialvas, e julgo que o Estoril...ou o Marialvas era lá para cima para S. Paulo??' Depois o D. Quixote,na Rua Direita , numa casa lindíssima, que se transformou num espaço de grande procura dos "que na frente combatiam".Em cima perto do nosso liceu, o Embaixador, uma outra referencia na noite de Luanda e que nos levantava em pensamentos pecaminosos algo que só na adolescencia começávamos a levantar como adereço primeiro e com outras habilidades depois.Havia ainda o Copacabana, creio que ali para a Samba, que depois foi transformado em casa de fado, onde durante muitos anos pontificou a Maria José da Guia. No Xeque, ali para os lados dos Coqueiros, anunciava-se a "escultural Bia", que anos mais tarde, já depois da independencia, era a dilecta cozinheira da Casa do Desportista na ilha, onde nós tentávamos que ela nos arranjasse mais um pouco de pitéu nos difíceis anos 80!! Havia o Cheique mais ou menos no mesmo local do Cheque, o el Chicote na marginal, o Nina Bar, ao pé da estofadora do Carmo, a Floresta ao pé da Mutamba, paredes meias com a Cubata (aliás nome algo apelativo para esse tipo de casas,eheh) e muitas outras que iam alimentando ao longo dos anos os nossos mistérios e tempos mais tarde alguns misteres..
Temos tema??
Um abração
Fernando Pereira

Continuava a escrevinhar...





Pode parecer provocação...mas é uma constatação (não deixando de ter um salutar cunho provocatório)...
Ao longo destes tempos em que "vamos cantando e rindo" por aqui, não deixei de ficar surpreendido por não ter sido lembrado nenhum colega do Cazenga,do Sambizanga, do Marçal, do Mota, do Lixeira, do Catambor ou até de outros bairros, vulgo muceques de Luanda!!! Será que o nosso liceu só tinha gente da cidade do asfalto???Ou talvez a população desses bairros não gostasse de ver os filhos nas escolas (eheheheh)!!
Por estas e por outras é que podemos ir encontrando respostas para coisas que não se passaram da forma como muitos concordariam.
No ultimo fim de semana o aliado português do Samakuva, resolveu intervir sobre a descolonização...Do alto da sua "eloquencia", o Moderno Sacadura Cabral Portas, resolveu dar o mote...que alguns outros congressistas agarraram...sobre a "infame" descolonização!!
Era bom que se tivesse a elevação e o espirito saudável de discussão em democracia,e que se começasse a falar da história, que não começou apenas em 25 de Abril de 1974 e acabou em 11 de Novembro de 1975 .Sem demagogias, sem insultos, duma forma divergentemente serena, era importante que se falasse das coisas e não se mantivessem estigmas, alguns deles artificiais, relativos a certos temas.
À distancia de quase 30 anos , e com uma maior capacidade de análise fruto de experiencias,documentos e discussões publicas pode e deve debater-se tudo, sem alinharmos nos falaciosos argumentos comicieiros ou nas patéticas e surrealistas perversões de idolatrar certas figuras, como o menino Paulinho fez ´com grande hipocrisia no funeral de Maggiollo Gouveia
Sei que estou a ser "políticamente incorrecto", mas como gosto de debater, de aprender e de congregar esforços para que outras discussões, apareçam no sentido de ir adiando alguns sintomas de escleroses que o debate sério pode ajudar a protelar..

Dos bairros de hoje..

Sobre os musseques de hoje, podemos dizer com alguma propriedade que invadiram o asfalto...Em vez do asfalto aumentar para os musseques, eles quase engoliram o asfalto, por razões várias...e por isso Luanda é hoje um passo antes do caos em termos urbanísticos, de limpeza, de distribuição de água e electricidade. Mas tb é verdade e neste caso senão com bela, a própria cidade tornou-se mais garrida, mais sonora, mais conversadora e mais democratizável!!

Nenhum de nós deve expiar as culpas do colonialismo.Ng deve expiar essas culpas pq o sistema era de facto colonialista, e cada pesoa por si só servia os interesses do colonialismo instalado, mesmo que não se desse conta disso...Qto`ao que se diz da descolonização é um tema que não me apetece entrar por certas Portas, como de querer recuperar os Silva Portos, os Fifis, os Aleixos e por aí fora tão ao gosto do Matoso e quejandos!!!
Qto ao facto de se querer constituir uma célula M-L no Calhambeque, pode explicar o porquê de ter durado tanto o colonialismo, pois nunca vi nenhuma revolução começar com o patrocínio do With Horse ou um Rhum da Neto Costa (Pela aversão salazareira ao Havana Club).
Voltando ao tema e tendo em conta as belíssimas fotos de Loanda que temos aqui no site, alguém se questionou do que foi o caos urbanístico que sofreu a fase de "desenvolvimento" de Luanda???
Que aconteceu à magnífica baixa da cidade de Luanda???Restou a Rua dos Mercadores...Mas a envolvencia era lindíssima Que se fez ao magnífico edifício no Kinaxixe onde funcionavam os Serviços de Agricultura, ao pé da centenária mulembeira...onde nasceu aquele feio prédio da Cuca???Que se fez ao bonito edifício dos Serviços Pecuários??Pq é que com muito mau gosto se destruiu a fachada do palácio do Governador e a torre que tinha??Pq é que se demoliram os prédios da Rua Salvador Correia???E no bairro das Ingombotas?? E por aí fora!!!
Vcs lembram-se do Hotel Palace de Luanda??' E do Grande Hotel de Luanda??? E já agora numa de provocação...o Hotel Miradouro????
Um abraço
Fernando Pereira

Coisas que escrevinhava por aí.


Quem me tira uma discussãozita picante tira-me tudo!!!

Por acaso alguém sabia que qd se deu o 25 de Abril de 1974, Portugal tinha 32% de analfabetos,mais 47% que apenas sabia escrever o nome???e que Angola tinha 82% de analfabetos ?? E que Cabo Verde tinha 26% de analfabetos devido ao facto de ter sido o segundo território africano a ter ensino secundário??? Sabiamos em Angola que em Maio de 1968 houve uma "revolução em Paris", liderada por estudantes, e que alterou a configuração das referencias das mentalidades da Europa?? Sabíamos que em 1968 só houve duas sessões do filme "crime da aldeia velha" no cinema Restauração, pq o texto de Bernardo Santareno ilustrava o ultimo auto-de-fé em Portugal numa aldeia, nos anos 60???Sabíamos que o Feyenord se recusava a jogar no estádio da Luz, para a taça dos campeões Europeus pq o estádio estava decorado com publicidade ao "Café de Angola", tendo a UEFA mandado tapar para que o jgo se realizasse??Sabíamos a quantidade de desertores do exército?? Sabíamos que o Niassa levou com bombas para não transportar tropas??? Sabíamos pq se sentava Bob Denard em mesas ao nosso lado, no Arcádia em Luanda com a mona entrapada??Sabíamos que Sartre se recusou a receber o prémio Nobel???Sabíamos que Chalie Haiden foi posto sob prisão e expulso em 1972 pq no Festival de Jazz de Cascais cantou um hino aos movimentos de libertação??? Apercebemo-nos que o Concord em Luanda não colocou a bandeira de Portugal no avião, mas outra...???
Temos tema!!!!
Um abraço deste que vos provoca com elegancia
Fernando Pereira

Em tempos escrevi isto num site maioritáriamente de retornados

Meus caros

Tenho aqui falado um pouco sobre um conjunto de coisas,mas de facto certas pessoas gostavam de saber a minha opinião sobre outras...Eu sou angolano por opção, mas vivendo uma parte significativa do ano em Portugal, por razões que apenas a mim me dizem respeito, eu vou divagar sobre um tema recorrente aqui na sanzala relativo a José Eduardo dos Santos e outros dirigentes angolanos, ou figuras gradas da sociedade angolense actual.Não falo do que eles tem porque não sei, apesar de admitir que tenham bastante.
Angola herda do colonialismo o espírito do desenrasca,do amiguismo e das "luvas".Vamos a factos:Qtos chefes de posto no tempo colonial receberam dinheiro ou prendas de angariadores??'Porque é que não havia fiscalização às muitas cantinas e lojas do mato em Angola, onde a população se sentia enganada pelo Kg com 500g, ou o metro com 80cm...Não havia fiscais, nem as camaras tinham metorologistas ou aferidores???Nas estradas de Angola algum camionista se queixou de alguma multa por excesso de peso?? A desenfreada urbanização da cidade de Luanda, por exemplo ao arrepio do Plano Municipal terá sido apenas fruto de incúria?? As transferencias no Fundo Cambial eram para todos iguais???Como se obtinha uma licença de porte de arma ou uma simples licença de caça??...
Pronto por aqui fico-me sem querer prolongar nem querer desta forma desculpar a corrupção que reina na Angola actual, que existe e é factor de empobrecimento de um País...
Como sou angolano, começo a pensar que a Fátima Felgueiras é angolana!! 185 autarcas deste País que não cumprem os Planos directores municipais, e curiosamente os beneficiados são sempre os mesmos empreiteiros, curiosamente muitos deles os que abocanham todas as obras dos municipios, talvez tb sejam angolanos!! Que os 140 GNRs da brigada de transito de Albufeira são angolanos!! Que é em Angola que processos com fortes indicações de corrupção são arquivados porque prescrevem!! Que deputados não ficam sem imunidade parlamentar qd são indiciados em actos de corrupção..devem ser os deputados angolanos!! Deve ser angolano o ministro que quiz que a filha entrasse para medicina!! São angolanos em Portugal os que moram nos bairros in da periferia de Lisboa, Cova da Moura e outros!!Deve ser angolano o tipo que é funcionário publico e me resolve em tempo record algo que tenho direito a troco de uns tostões!! Deve ser angolano o fiscal da Camara a quem se dá algo para que não xateie numa obra clandestina!! deve ser angolano.... por aí fora...
Sei que nada disto é argumento, mas às vezes era bom deixar nos bolsos certas pedras para não se gastarem todas nos telhados alheios..às vezes ajudam a tapar buracos no próprio telhado...
Já agora uma pergunta inocente q. b....Qd há corrupção, há o corrupto e o corruptor...Só ouço falar de um lado!!
Hoje estou algo amargo, talvez por isso me tenha metido em assuntos portugueses, o que não devia legalmente fazer!!
E já agora, só leu o que eu escrevi quem quiz!!
Um abraço
Fernando Pereira
14-11-2003 10:15

18 de março de 2006

Fui-lhe ao Cónego em Braga


"Através do humor nós vemos no que parece racional, o irracional; no que parece importante, o insignificante. Ele também desperta o nosso sentido de sobrevivência e preserva a nossa saúde mental." - escreveu Charlie Chaplin.

No outro dia fui a Braga, quer dizer fui abaixo de Braga a Braga, ao meu confessor favorito, o bom, o doce, o cândido, o quase omnipotente cónego Melo. As razões de eu me ir confessar ao cónego Melo vem dos meus tempos de 1975 em que o bondoso senhor andou a espalhar uns engenhos, que os comunistas diziam se explosivos e os apaniguados do curador-mor do cabido de Braga, dizia e com muita propriedade de paz(Quero esclarecer que ao tempo o Norte de Portugal não era qualquer cidade de Angola tão bem descrita pelo Fernão Lopes da transição de seu nome Pompílio da Cruz).Entrei na vasílica de Vraga, e digo vasílica porque em Braga, trocam os Vês pelos Bês, e o bice-bersa também. Vai daí e chega-me a encantadora figura do ó nego (desculpem mas o teclado não ajuda eu queria escrever cónego), com o seu fato aberguilhado (um cónego não é como o comum dos mortais..tem braguilha de cima abaixo, não sei se com botão ou fecho-eclair) de mãos estendidas, com aquele olhar maroto, de quem a pedofilia é assunto da sociedade civil e que a Igreja não tem de se meter. Bem, eu abracei-o e reparei que o incenso que trazia era do tipo Yves-Saint-Laureant,talvez o Kouros, e disse-lhe com toda a candura que me é habitual
-Cónego pequei!!
Ele olha para mim com toda a voção e talvez devoção do mundo e diz-me:
-Rapaz, fizeste bem vir ao Cónego.Vem até ali...
Leva-me para um local mal iluminado da Sé e pede-me que lhe conte a história toda...
Pensei,bem Karipande se começares pelo verdadeiro pecado que te cá trouxe, então ele despacha-te com grande velocidade e só ficas parcialmente absolvido...
Eu como tenho horrores a coisas parciais, resolvi começar a dizer-lhe:
-Cónego pequei porque vi três comunistas juntos e não fiz menção nenhuma de os matar...
Pequei porque não os segui para ver onde moravam para...Caso fosse necessário, o cónego sabe bem,....
Pequei porque vi um livro daquele que omito o nome, Sarai...ai até sinto um nó só de dizer isso e não fiz menção de sequer cuspir na montra...
Ele estava atarantado com a dimensão dos meus pecados, o que antevia uma contrição pesada, já com dezenas de orações...e quiçá mesmo alguma avultada multa pecuniária, para evitar ter de me ajoelhar por causa das artroses ou doutras doenças que o demo espalhou pela terra...
-E mais meu filho, perguntava ó cónego, já com o seu faceas, que vislumbrei mesmo na semi-obscuridade Não gosto muito de decompor esta palavra por sílabas...levava sempre reguadas na escola)
-Pequei cónego porque fiz chichi nos sapatos e ainda não tenho problemas de próstata.
-E mais??
-Pequei porque escrevi num site de sofredores retornados do ultramar textos que tiveram que ser editados, mas não fui eu cónego, foi o próprio demo, talvez disfarçado de teclas..Sabe como ele é ...antes disfarçava-se de Bic ou Waterman, agora disfarça-se de teclados...mas foi ele o mafarrico..Ou o cónego acha que eu digo mal de alguém...ou faço mal a alguém???
-E mais???
-Mas padre eles até foram bonzinhos , cortaram o meu texto e puseram lá de novo...mas como fui eu que pequei, quero que na absolvição seja também incluída um conjunto de preces para os moderadores, que com mão certa e inspirados por alguém...resolveram cortar só...aquelas partes...sabe...mas que podiam fazer falta..mas sabe..quem as não tem...paciência...ora!!
-O nosso bondoso e sapiente cónego, trejeiteasse com uns passes de sinaleiro em esquina movimentada e diz-me...
-A gravidade dos teus actos quase não tem perdão, mas para não ficares com as tuas artroses piores, fazemos isto por uma quantia para os pobres..100€ e para o ano sais de Jaca a pé para fazeres os Caminhos de Santiago, neste caso o caminho francês...Vai, meu filho...e cuida-te dos pecaminosos sentimentos...

Vim para baixo de Braga, com outro animo, com outra forma de ver as coisas e com tudo o que tenho pedir perdão a todos vós...MENOS AOS IMPIOS...essa horda citadina sem referencias morais e de cidadania...
Obrigado cónego...Tu e a EDP ajudaram-me a ver a luz de novo...
Fernando Pereira

De Angola à contramão...


Pois é...eu tinha previsto que eles apareciam, e ei-los, "velhos e novos, virão um dia ricos ou não", como dizia o cantor que teve de bazar de Portugal por causa da liberdade e da paz, José Mário Branco.
Eu nem vou contestar sequer o que certa gente diz, pq de facto deve ser uma fase delirante...Moçamedes com maiores frigoríficos que Vigo...Eu bem tinha razão...disseram que o " Oh Calcutath esteve 15 anos seguidos de exibição em Londres..enganaram-me foi no Cuma..o que a propaganda contra o colonialismo nos escondia...Eu que desconfiava que o Empire State Building era em Nova York, afinal era em Caconda, o Louvre parece que era um museuzito em Paris qd no Dundo é que havia um grande...e qd acabar a presença colonial portuguesa em Angola os cubanos carregaram com os frigoríficos e com os dois barcos de pesca para Cuba, e logo ultrapassaram todas as marinhas de pesca do globo...Eu sempre achei que me cravejavam de mentiras....Ainda hoje a ler a Unica (do Expresso) vejo aquele terrorista do Nuno Grande, dizer que começou a luta contra a febre amarela em Angola qd morreu o primeiro branco, pelo que posso considerar que antes desse branco ng tinha febre amarela, que foi uma bênção exportada para Angola pelos brancos, e que como era chic até os naturais começaram a ter para não ficarem fora dos usos e costumes dos portugueses...E sabem pq isto tudo...Pq era necessário para a fé do império colocar um serviço de protecção contra a febre amarela, e para isso tinha de morrer um branco...Devo andar a ver cada vez pior...e depois ..dizem que perco o verniz...Nunca antes de um branco morrer de malária tinha morrido um cidadão português negro com essa doença!!!!!
O que vale é que o diapasão desta gente está toda virada para a esquina da Lello...enfim...
O CFB era para trazer minério importado do terceiro mundo para o grande centro siderúrgico do Chinguar e do Cunge, onde depois era transportado para as fábricas de automóveis do Luena e Camacupa...Claro que tb não me esqueço que o centro espacial , ao nível do Kennedy, era no Dombe, e já há muito que se combatia a poluição industrial em Mavinga e nos rios limítrofes...
O de Moçamedes era um caminho-de-ferro turístico...tipo Expresso do Oriente...Penso eu de que???
Gostava de saber uma coisa...Pq é que Luanda em paz tinha uma cerca de arame farpado à volta do seu perímetro urbano e um controle em todas as suas saídas e entradas...
Nunca percebi se era para os que moravam em Luanda não saírem, se era para os que iam para Luanda não entrarem...è que esse perímetro era iluminado e vigiado por altos torreões assim como o gueto de Varsóvia nos anos 30 e 40...
Enfim...de facto não há verniz que aguente qd "ei-los que chegam, velhos e novos, virão um dia ricos ou não"
Fernando Pereira (suficientemente indulgente para ir ouvindo um ruído de fundo, por parte dos que se juntam a mim para terem a visibilidade que julgam ter direito)

8 de fevereiro de 2006

O CASAMENTO QUE TE PROMETI


Casamento no mato ou na cidade,o mau gosto era igual. Vamos lá ver!!O dia começa a raiar depois de uma noite mal dormida, pq entretanto as camas da casa tiveram de ser utilizadas por convivas de longe. E começa a azáfama em casa dela :Mãe, filhas, irmãs, tudo a caminho do cabeleireiro para fazerem uma permanente, que se forem feias, não dão nas vistas, mas se não o forem passam logo a ter esse estatuto. Arrumam a casa a correr , e começa o berreiro sobre a utilização da casa de banho, numa luta contra-relógio que ainda aumenta um pouco mais o enchimento da bexiga, e a consequente indisposição dos que cá fora esperam para que a porta abra (Alguns mais afoitos vão ao quintal). A mãe da noiva começa a por palitos salgados (não pensem mal) nuns pratinhos, com mais uns rissóis feitos na ante-véspera e uns croquetes feitos de restos de carne que se poupou na ultima semana. O pai da noiva já vestido com um fato cinzento e uma gravata cor de rosa, pega numas garrafas e entre muita mixórdia que por lá tem, diz aos convidados que vão aparecendo, que tinha guardado aquela garrafa para o casamento da menina...Nos quartos a azafama é grande e a noiva vai pondo (não metendo como me dizem amiúde) o seu fato cheio de rendas, e umas coisinhas prateadas, pequeninas, do tipo daquelas bolinhas que se metem no creme dos bolos para enfeitar. Pinta-se, calça uns sapatos que ng vai ver, mas que apertam para xuxu e senta-se na cama com um ramo repleto de rendas e flores esquisitas, á espera das fotografias. Ela é foto junto à cómoda de fórmica , ao pé do espelho, onde está uma estátua de uma senhora de branco com três garotos a olharem para ela a orar, ela é foto junto de duas almofadas na cama com o nome dele e dela bordados, ele é foto junto à janela, e ela com um olhar distante como se visse aquela vista pela ultima vez. Passam à sala e novas fotos, com os pai, padrinhos, convidados diversos e a ultima ceia na parede com a televisão por baixo, depois é a simulação na entrada do carro, com duas crianças vestidas nuns fatos esquisitos a agarrarem a cauda..do vestido. O carro está ornamentado com rendas e começo a olhar com algum detalhe os convidados que com um ou dois martinis ou wiskyes em jejum já começam a ganhar a cor acobreada , que não os vai mais abandonar até à noite As convivas com uns fatos de chita ,cheias de folhos, rachas e decotes a tentarem equilibrar-se nuns sapatos de tacão fino, e a sorrirem já incomodadas com o calor que vem e que lhes começa a fazer correr algumas gotas de suor nos sovacos, mal rarefeitos de uma depenagem de pelos recente.Em casa do noivo, o que se passa é mais ou menos o mesmo, só que ninguém lhe segura a cauda&e vão saindo umas bocas do tipo”logo tens de estar bom para a esfrega”, “não te deixes ir abaixo” e outras coisas mais ou menos subtis qto estas.Vai tudo para a Igreja a buzinar
E depois continuarei a contar.
De casa do noivo e de casa da noiva aí vai uma quantidade de carros a buzinarem, enquanto as vizinhas mais próximas, ficam nas janelas a comentar as vestimentas, o feitio dos noivos, a depauperada ou não conta bancária dos pais deles, as escapadelas que elas sabiam sobre eles, o estado do himen da rapariga, enfim coisas que conseguiram queimar o frango na cozinha, o que terá levado uma a dizer:"Aquela tipa qd precisava de nós aqui vinha chatear, mas convidar-nos para o casório...parece ke são finos, deixa-os ir não lhes dou três meses..cambada de ingratos".O noivo e sua caravana, chegou ao largo da Igreja, e reparei no fato, um roxo com golas e mangas de cetim e uns sapatos imaculadamente polidos com uns pendericos à frente, assim como k uns limpa vidros num carro. O padrinho, toma o lugar, sob o olhar embevecido dos pais e ei-los a caminho do altar. Nesta altura faz lembrar ao narrador, o disco do trio Odemira, "o anel de noivado", em que a primeira estrofe dizia "estava a Igreja toda iluminada".De facto aprimoraram-se , pois não havia nenhum dos Santos (é um perigo falar disso aqui na sanzala, pois corro o risco de denunciarem a corrupção e a cleptocracia...mas tenho de os descansar..os santtos que falo são os legitimos, os que despecaram e especaram definitivamente no coração da SMI)que não estivesse com rosas, cravos, antúrios, jarros, e tb fetos e curiosamente pelas setas do S. Sebastião (que tem 3 setas como um partido da moda em Portugal)crescia uma avenca pelo setame que ainda lhe dava um ar de mais infeliz. O padre lá estava no mor-altar, e era um padre pequeno, cara de lua-cheia, com óculos já fora de moda e no caso com alguma incontinência urinária, isto um suponhamos..fruto da pituitária apurada do narrador...(Convém pedir desculpa mas no teclado do marrador o N e o M estão juntos e pode acontecer eu trocar os nomes e ficar narrador).O padre vestido de branco, com uma cara vermelhuscada de quem tem o figado habituado a muitas mistelas de 40% de alcool, e com uma opa ia dirigindo dois "sacristões" pequenos e um sacristão já de idade, mas muito atento ao abrir das carteiras. A noiva demorava-se, os convidados do noivo iam brejeirando sobre as aptidões do próprio ao dealbar da noite, coisa que obrigou uma moça convidada a encolher os ombros, como se soubesse que mesmo calmo, não era um as de trunfo no ke concerne a coisas debaixo das colchas. O nervosismo aumentava, e o padrinho, que tinha oferecido a maquina de lavar a roupa, ia dizendo em voz alta:" Ela foi esperta, arrependeu-se a tempo".As moscas começavam a andar por cima de algumas cabeças com gel, ou nalguns casos oleosidade natural e algumas das senhoras e pequenas iam-se abanando como podiam, e começava aquele cheirinho acre do sovaquinho em contacto com aqueles tecidos de fibra que as pessoas adoram levar a estas coisas.Começam-se a ouvir apitos ao longe,..eu disse apitos,e eis ke chega a noiva, ke foi a unica a ter direito a parara à porta da igreja, pois os convidados do noivo obrigaram os convidados da noiva a porem os carros longe, o ke levou algumas das vestidas com uns fatos do piorio a partirem dois saltos dos sapatos...A noiva assoma à porta da igreja e o organista começa a teclar os acordes da marcha nupcial...um dos putos das alianças malha pq se enrola na cauda do vestido da noiva e quase encaudava a cerimónia, pois puxou o véu, que estava preso com clips ao cabelo.O fotógrafo não se cansava de clicar e lá ia a moça numa passadeira vermelha desbotada a caminho do altar, com o seu pai todo direito (ng dizia que sofria de bicos de papagaiao),e tb porque o fato era apertado, no caminho da felicidade. A noiva olhava ora para o noivo, ora para o chão para não malhar, e o fotógrafo tudo captava. Chegaram ao altar e deram a dis miudos que estavam vestidos com algum tecido que sobrou de alguma sanefa ou cortinado de alguma casa, uma cesta com rendas com 2 pássaros bicudos que tinham na ponta duas alianças..os miudos eram pois os aliançadeiros 2. No palco, desculpem no altar dá-se o grande encontro...e o padre começa uma missa, com as orações, advérbios , proposições e tb algumas posições ke são dispensáveis de comentar, pois são recorrentes, e no ar começa a pairar o cheiro da cera das velas, o incenso,o sovacame dos fatos dos convidados e tb o já citado odor da próstata desiquilibrada do padre. Chega a altura fatal, um dos alianceiros, vestido com sobras de cortinado, não quer dar e logo leva uma chapada, e muito a contragosto entrega os aneis dos bicos dos pássaros ao noivo, que impele no anelar suado da rapariga a aliança, e ela faz o mesmo no dedo do moço. Ele puxa o véu e dá-lhe um beijo timido na ponta dos lábios, ou não estivesse na Casa do Senhor...O organista continua a dedilhar e um coro desafinadíssimo canta umas canções inaudíveis, que aumentam a incomodidade dos presentes. Mães de noivos choram, e acabam todos nos braços uns dos outros jurando fidelidade eterna. Na sacristia, o padre faz as contas, o padrinho paga, os noivos assinam, enquanto o adro da igreja fica pejado de cores que nalguns casos até ferem os olhos pouco sensíveis, por serem de tão mau gosto.

No descer do altar para a entrada, ouvem-se os acordes do organista de serviço tocar o "linda e radiosa vai a noiva", e na passadeira coçada noivos vão de braço dado recebendo os parabens (nunca percebi pq já ke nenhum faz anos nesse dia) e felicidades. A noiva, lá se vai empoleirando como pode no braço, pois como se previra, os sapatos novos começam a fazer-lhe um certo ardor no calcanhar.Na porta aglomeram-se os vestidos de chita, os de licra, os de seda marroquina, os fatos da Maconde, os restos dos cortinados, sanefas e camilhas, à espera da chegada dos nubentes. Ei-los que assomam à vetusta porta da igreja,e logo um arsenal de arroz trinca e umas pétalas murchas de rosas caem sobre eles. A alegria invade o adro da igreja, e logo uma fila indiana se vai formando para dar um beijo aos pombos..Nas faces dele dela ao fim do oitavo beijo, já se tem a sensação ke se está a falar num telefone em cabina publica em ke o bocal não é limpo há dez anos, tal é a lambuzisse das caras...Os homens dão um abraço algo alarve ao noivo e dão-lhe uns envelopezinhos com qualquer coisa lá dentro, ke tanto pode ter cobertura como não, ou mesmo o envelope ir vazio...Depois deste espectáculo confrangedor no beijódromo, e com a noiva já completamente com a pintura esfrangalhada de tanto beijo lambuzado. A rosa que o noivo trazia na lapela já tinha murchado de tanto ser esmagada e a cauda da noiva, ou para os mais perfeccionistas e moralistas, a cauda do vestido da noiva, estava já com uma cor acinzentadamente amarelada a dar para o negro. Depois todo o mundo se começa a deslocar para um jardim onde as fotos vão mostrando, cada uma per si, a indumentária dos convivas, o ke só a evolução nas máquinas fotográficas permite que se apanhem cores que não vem contempladas em nenhuma mistura possível das sete do arco-iris. Qd se faz a foto geral, numas escadas é engraçado ver-se na revelação alguns olhares cretos, discretos e nalguns casos indiscretos a mandarem umas oftálmicas algo libidinosas para os decotes que há aos pontapés nestes eventos. Claro está que na sessão de fotos há sempre umas piadas trogloditas do tipo "com estas caras parte a máquina" ou outras de igual calibre.Os mais miudos já não escondem a irritação pelo facto de estarem sem comer, dos sapatos apertarem e de andarem com uns fatos que parecem querubins em qualquer carnaval veneziano; Claro que essa irascibilidade dos miudos, contagia os adultos e de vez em qd cai uma sarda na mona de um deles. Os padrinhos e os pais dos noivos, vão entretendo o povão com umas piadas do tipo "já não há mais nada","eu a esta hora já estava a afinfar", "Que importa se a comida está fria, se logo é ke aquecem", e coisas do tipo intelectual, como convém numa cerimónia destas.Passado hora e meia, preenchida com poses ao pé de uma sebe, onde algum canídeo inadvertidamente tinha alçado a perna no dia anterior, ou com os noivos esparramados num relvado, ou a olharem para uma roseira, ou um arbusto maior que eles, enfim que chega o ponto culminante do almoço.Entram no salão decorado com balões, serpentinas, celofane e cartolinas com dizeres diversos, e com o organista, que entretanto se mudou da igreja para o salão a tocar uma das ultimas versões do Marco Paulo da "Nossa Senhora"...O casório é servido por uma delicada empresa de catering, que para este evento recrutou desde padeiros, a soldados da GNR, a trolhas, etc, para ajudarem a servir à mesa. Todos de branco, perfilados ao fundo esperam que as pessoas entrem para ao sinal do chefe começarem a ser servidos os aperitivos. Entretanto chega o padre, que foi dar liberdade à incontinencia urinária num sitio esconço e está tudo preparado para a boda...

Ao sinal do chefe máximo dos empregados mínimos, começam a servir-se uns sumos (de pacote),uns martinis, uns wiskheys meios marados, e uma panóplia de bebidas de cores diversas e sabores adversos.O noivo continua a encher os bolsos com uns envelopes, o som na sala vai aumentando uns décibeis, ao ponto de quase se entrar na fase do insuportável. A casa de banho, começa a ser procurada, para umas "evacuações ainda líquidas" e o arranjar de algumas pinturas que o suor mascarrou na longa espera. As senhoras ao espelho miram-se, reveem a toilette numa rotação mínima dos pés e conseguem terjeitar-se a 3/4 de bunda, em frente ao atrás citado espelho que já começa a descascar no seu interior.Voltando à sala, onde começa a notar-se o acre do odor sovacal,misturado com o cheiro do arroz à valenciana, que aliado ao calor que se vive na sala traz um ambiente respirável com alguma dose de ineditismo. Começa a corrida desenfreada dos convidados na procura das mesas, onde se juntam familiares ke presumivelmente se estimam nalgumas, noutras familiares que por razões várias não se dão com outros, e querem ficar de olho vivo para "cortarem na casaca" dos outros, os amigos do noivo e as amigas da noiva distribuem-se por razões de outra ordem, e alguns com esperanças já para outras "desordens", e depois uns quantos que não pertencem à família, e que normalmente até são os convidados vip, que os pais dos noivos tentam encontrar lugares em locais onde haja em princípio menos "javardice". Bem vou parar um pouco para mostrar kem são esses ilustres convidados; Normalmente são ambos os patrões dos noivos, ke apesar de se saberem importantes no casamento vão ali fazer um frete daqueles,como se pode ver pelo sorriso amarelo das esposas, e pela distancia em relação ao resto dos convivas...Vão arranjar logo ke seja servida a sobremesa uma desculpa esfarrapada para se pirarem da festa, embora tivessem sido eles a oferecer a TV , o frigorífico de 50 litros e eventualmente o esquentador da casa dos noivos.Bem tirando estes autenticos "despernados" do ambiente casamental, é altura do marrador (com N)falar sobre a mesa onde já estão os noivos, pais e padrinhos de ambos, já ke o padre incontinente urinário, se juntou numa mesa perto da entrada da cozinha para ter a certeza que come em primeiro lugar.A mesa dos noivos está virada para toda a gente e mal se sentam, logo uma batidela de talheres nos pratos para que os noivos se beijem, coisa que fazem sem grande alarvezisse, perante o olhar desvelado dos pais ke se tentam lembrar do ultimo beijo ke deram às claras. è servida uma sopa aguada, com uns ossos de frango, acidentalmente com uns fios de carne a que se dá o pomposo nome de consomé, e o barulho na sala diminui. Esqueci-me de dizer k nas mesas estão umas garrafas de vinho tinto e branco, com um guardanapo de papel agargalado, vinho esse que é do piorio, e k de certa forma será um indutor de novas cores no faceas dos convidados, para além de por o figado a gritar por socorro, taois os aditivos que aquela zurpa contem.Mas afoitos e não, com a sede ke tem e com a prenda ke deram, vão beberrando kto podem o k obriga os do catering a trocarem amiude vazias por cheias.No intervalo entre o consome e o segundo prato tilintam novamente os talheres na louça e num beijo maior, noivo e noiva trocam a massinha da canja num beijo entre bocas mais profundo. Começa a ser servido o 2º prato e o narrador (com N) fixa-se no padre, ke começa a ter por fora o ke nunca terá por dentro...o vermelho...De facto qd vem o bacalhau com natas ele desalma-se e ainda a cuspir espinhas sem por a mão à frente enche a boca já cheia com um copázio de vinhaça( Desculpem mas perante a forma como ele come devia ser obrigatório, nos casórios ou festas similares, um desfibrilador).O resto dos convivas vai comendo e tenho ideia ke alguns já começam a ir dando pequenos arrotos, pois a flatulencia não consegue ser dominada. Tudo vai correndo bem não fora algumas das convivas levantarem os languidos braços e os seus condóminos da mesa inalarem um cheiro k o desodorizante da manhã conseguiu inactivar durante uma ou duas horas, seis era pedir demais. Começa novamente o altear de vozes, agora com a barriga mais composta e com o ácido tartárico no vinho de muito alcool, a pedir agora aos pais da noiva um beijo e ele atira-se à boca da mulher ainda com um bigode de natas do bacalhau e lá satisfaz os batedores de garfos, facas e pratos. Sempre a baterem esses instrumentos, num som ensurdecedor, pedem o beijo dos pais do noivo e estes aproximam as bocas, não sem que uma pequena espinha transite de boca a boca, o ke obriga o pai do noivo a cuspir e a dentadura a saltar para o chão, deliciando este toda a plateia a colocar os dentes de novo no local e voltar a rir com aquela boquinha alva e atraente.O 3º prato é um arroz à valenciana, e o padre sempre no seu afã de diabolizar a fome, come e faz o que fazem outros convivas que é cuspirem a casca do camarão e algum osso do frango para o chão. Findo este prato, mais alguns copos e já se ve na cara das pessoas um vermelho de quem já tem o fígado no nariz, e nova tocadela, desta vez vibrantíssima e os noivos ainda com os dentes cheios de arroz e camarão entrelaçam os lábios num beijo profundo, perante as palmas de todos os convivas. A festa está no auje e o organista senta-se para tocar, e nada melhor ke um exito de Tony Carreira " a carinha laroca"...
Desculpem mas vou ter de tomar ar....

Voltei de ao local, e pelo ke vejo nada se modificou, a não ser um aumento significativo nos décibeis e tb um certo "abrir de botão"; Passo a explicar, as gravatas começam a ser incompatíveis com o calor que se tem dentro da sala e ao mesmo tempo os vapores etílicos começam a ajudar a alguma dilatação da glote e consequentemente ao apertar das gargantas. O primeiro passo é o desfazer timidamente o nó da gravata, e muito a custo desapertar o botão de uma gola da camisa pouco habituada a estes apertos e indumentárias. O casaco já há muito ke deixou de ter alguma dignidade, se é que alguma vez terá tido, e aqui e ali já se vão vendo uns discretos tirar de sapatos por parte de algumas senhoras, ke ainda mais discretamente fazem uma pequena massagem nos pés, prolongando um pouco o movimento na parte mais dorida. O tilintar nos pratos aumenta efusivamente, e os noivos, com a boca menos suja entrelaçam os lábios e encenam o ke vulgarmente se chama um linguadinho, dada rapidez com ke voltam a olhar uma assistência levada ao rubro pelas manifestações de afecto dos nubentes.Volta a ser servido novo prato, o cabrito estufado, ke é uma mistura de cabrito e borrego, pois nas ementas distribuídas era cabrito ke estava, e qd vieram servir era borrego, mas convenhamos que nesta parte do campeonato pouco interessa, pois os convivas tudo comem, para acompanhar uma bebida que os põe cada vez mais num estado depauperado de compostura, e com uma linguagem a raiar o ordinário. Começam a circular pela sala os primeiros convivas, alguns deles a aumentarem o diâmetro do cinto, motivado por um aumento significativo da proeminência ventral, passo definitivo para a flatulência desbragada e consequentemente para a libertação de gases. Os noivos de mão dada descem da mesa e começam a circular pela sala, com um sorriso amarelo, ke de certa forma não destoa da cor do arroz doce com ovos que começa a ser servido, e que deve ser decorado por algum mação, pois com a canela faz uns sinais cabalísticos esquisitos. Os noivos de mão dada vão circulando de mesa em mesa, e a cor da cauda do vestido da noiva começa a deixar de tomar cor, tão enegrecido está. As conversas trocadas são de circunstancia, com frases do tipo "vejam lá como se portam hoje", "tratem de mandar vir meninos", ou qd passam por uma mesa de conversa mais animada, há-de haver daqueles "animadores educados e discretos" ke puxa o rapaz e lhe diz e surdina 2Ve se o enterras todo hoje, é um bom começo". Eles lá continuam penosamente de mesa em mesa, a aturarem os convidados dos pais, que em tempos idos eram pessoas a casa de quem se detestava ir. Passam na mesa dos patrões dele e dela onde o sorriso amarelo de todos é contagiante pelo amarelo, e dessa forma explícita permite-se dar motivo a que uns se vão embora e que os noivos possam dizer entre olhos: Até que enfim, destes já nos livrámos. Só ke aqui houve um senão , um dos patrões kd chegou ao parque viu o seu Mercedes Sls e mais uma porrada de números, barrado por uns Seats, e uns Clios, o ke o deixou furibundo, e o obrigou a voltar ao repasto. Apareceram os do Seat e o do Clio, mas logo se viu ke os mesmos estavam pouco maleáveis para jogarem convenientemente com os pedais dos referidos automóveis, e uma descoordenação nos pés, ke suportavam o peso do álcool fez com ke um dos carros amachucasse a porta do carro do grã-fino patrão do noivo, ficando para se resolverem os prejuízos qd a estação etílica passasse, o ke obrigou um arranque do Mercedes Slsssk mais uns números a uma velocidade, como a dizer "tirem-me deste filme".Acabado este pequeno exterior, voltamos para a sala onde entre as casas de banho e as sobremesas havia um enorme movimento, e é bonito de ver as pessoas a correrem para os fios de ovos, e mais bonito ainda ve-los a falar com eles na boca. Os de bigode tinham as natas da tarte a enbranquecerem-lhe a farta pelugem sub narigal, ou sobre-bocal o que lhes dá um ar de grande interesse. Um ou outro mais discreto, passa com a planta da mão os lábios e sem ke tb ng veja acaba a limpeza no traseiro, pois já ke o fato é para ir para a lavandaria, pouco importa.O organista, ke tb se esteve a alambuzar, aliás estes tipos dos conjuntos comem mais do que tocam, resolve ir para o seu local, com óculos escuros agora, o ke condiz muito bem com a sua indumentária preta, a imitar um pouco os "Carlos Gomes e os Gatos nNegros", uma versão portuguesa dos "Les Chats Sauvages", e começa a dedilhar os acordes da canção "Ponho carro, Tiro carro, á hora que eu quiser, na garagem da vizinha, que doçura de mulher", e logo o povo se agiganta num entrelaçar de braços, cabeças, hálitos esquisitos e alguns deles com uns charutos ordinários comprados algures numa vila fronteiriça, que exalam um cheiro ke ainda vai perverter mais o difícil ar que se respira no salão, que é um misto de comida, sovacame, mijo, excrecencias gasosas da flatulência, e ainda o tenebroso cheiro a tabaco. Posso garantir-vos que em termos de odores a raiar a nauseabundice a festa está no seu clímax!!!Voltarei com novos desenvolvimentos, deixem-me ir apanhar ar!!!

Voltei ao salão e cruzo-me com o padre, que vai afogueado pelo que comeu, bebeu, e gamou, pq tb o vi levar uma coisa enorme, debaixo da batina, e não querendo ser mal intencionado, ou desviar-me do assunto, poderia dizer que lhe dava um ar grotesco, pois,o produto do saque quase que ocultava a barriga, dada a proeminencia dos chamados cós das calças. Despediu-se apressada e educadamento e ei-lo a penetrar nas trevas do quintal do salão.Na sala o baile atingia o seu climax, com a noiva a dançar, já sem a cauda, quer dizer, sem o caudal vestido, a dançar com muitos convidados, enquanto o noivo parodiava numa mesa, onde uns quantos iam deixando sair umas larachas no meio de uns sorrisos alarves ainda com restos de leitão nos dentes. Já tudo andava de camisas suadas e o organista a esmerar-se na sua musica, com canções que iam desde o "apita o Comboio", à "afinal havia a outra", ou esta pérola, que só me atrevo a reproduzir o refrão: " Ai coração divididoPára de brincar comigoPois já é tempo de verCom o amor não se brincaAssim não te multipliquesE pára lá de escolher.Ai Coração divididoPára de brincar comigoPois já é tempo de verCom o amor não se brincaAssim não te multipliquesEstá na hora de crescer.Bem, notável a todos os títulos, e esta canção e outras iam entrelaçando alguns convivas, que faziam olhares enternecidos, e que depois iam procurar no breu da noite outras formas de discutirem silenciosamente os prazeres do alho do bacalhau com natas e juntarem-no à pimenta do leitão assado. O pai da noiva, feito mestre de cerimónias manda parar o organeiro, neste caso promovido a organista, para agradecer a todos o são convívio, e propor um brinde especial aos noivos, que vão cortar um bolo, que é uma verdadeira obra de arte de pastelaria. O bolo tem 3 pisos,e é todo revestido de um creme branco, com as esquinas cobertas do mesmo creme branco, o que revela originalidade, com umas bolinhas prateadas salteadas, que não sabem a nada, e que servem objectivamente para partir o dente de algum incauto, tem no seu ultimo andar um coração desenhado com uma seta, com o nome dos nubentes; Na ponta da seta está uma estatueta com dois noivos, mal vestidos, com os olhos assimétricos e com as bocas desenhadas que mais parece terem tido paralisia facial...Mas como aquilo é um suponhamos...é irrelevante.A noiva pega no ramo e vira-se de costas para um cacho de solteiros, e pelos vistos algumas e alguns permanecerão muito tempo, mesmo que o ramo lhes acerte, pois são o ke vulgarmente se chama, uns trambolhos. A noiva vira-se e, faz batota pq atira o ramo para a tia solteira, ke segundo se comenta, dá assistencia a todos os cunhados....para tratar dos sobrinhos óbviamente. (desculpem o aparte, mas tenho a certeza que essa tia se irá casar qd a GNR substituir alguns dos efectivos na zona, e há-de haver alguem ke em nome da lei e da grei, que case com ela).O ramo lá foi entre gritinhos e apalpadelas, e os olhos já semi-cerrados pelo alcool, já visumbram nalgumas um mamilo,ke mais não era que uma verruga numa zona ainda pouco dada a olhares para além de...Cortam o bolo com um olhar embevecido, e logo uns alarves gritam a pulmões desbragados, "vivam os noivos"...Eles beijam-se afincadamente e uma coisa parecida com champagne começa a circular...Permito-me dizer que esta zurpa, é do pior, e vai ser causa da animação suplementar da animação do próximo capítulo....

Quero esclarecer que este pedaço a seguir foi feito por uma amiga minha.....

E eles, os convidados, em uníssono gritavam, já desvairados, o nome da noiva. Ela, a noiva, sem se descompor e com os olhos no chão erguia, no entanto, o sobrolho direito varrendo a plateia com um olhar transverso e avaliador. É agora..., pensava ela para com os seus atilhos (que os botões dão muito trabalho depois com as pressas!) - já aliviados - do corpete de tafetá «naftalinoso». Então, para surpresa de todos la voila , qual Liza Minelli naquele filme cujo nome não se pode pronunciar diante de tantas donzelas casadoiras, subindo arrojadamente para cima de uma das cadeiras de ferro forradas com um cetim já meio sovado. Os amigos dão uma ajudinha, não vá ela cometer um deslize durante a subida para a mesa.O cenário era digno! A mãe perguntando às amigas que linda está a minha filhinha não está? As amigas da mãe todas ao mesmo tempo acenando as cabeças. E de mãos agarrando com força as carteiras de verniz atulhadas de croquetes, rissóis e umas fatias de carne assada que dão sempre imenso jeito para o almoço do dia seguinte, entressonham um casamento igual para as suas cachopas. O pai, já arroxeado e tentando equilibrar-se junto ao guitarrista do conjunto, depois de lhe ter puxado várias vezes o paletó magenta de lantejoulas, hesita entre uma zurrapa (o branco) e outra (o tinto). E arrota alarvemente, o raça do homem. Pelintra! As amigas dos vestidinhos de chita «tão mimosos» e «folhosos», de olhar deslumbrado e um cândido sorriso nos lábios, a desejarem intimamente ver a sua melhor amiga esparramada no chão após espectacular e ruidosa queda (que p***-zinhas que elas são !).E começa o leilão.Ela, a noiva, mostra o tornozelo cilíndrico a sair de dentro do sapato onde o pé já tinha posto «o feitio» de joanete. Os amigos exclamam... ahh?! Todooos e todaaas aplaudem!A noiva levanta mais um pouco da encardida bainha do vestido, um exclama mil; Outro, mil e cinco! Todos aplaudem! Muitos exclamam... ohhhhhh! E a pobre e recatada moça lá vai subindo a saia pondo a descoberto uma leitosa e anafada perna... de rapariga trabalhadeira, pois então! A mãe, agora com falta de ar (pró que lh'havia de dar!), junta-se às avós que alternam ruidosos «arfanços» com uns gemidos, tipo ai Jâzuuuus, livrai-me desta cinta que me está a apertar! O pai já vê a filha a dobrar e parece-lhe estar perante uma aranha gigante. E a saia sobe sempre, para aumentar a parada. Vinte mil!!! As mulheres dos amigos, já com o baton derretido a escorregar pelos cantos da boca gritam de buço arreganhado, esbracejam e desajeitam os decotes para atrair a atenção dos seus maridos. Eles, os maridos concentram-se libidinosamente naquela perna peluda, vítima de uma depilação esquecida. Com o suor a escorregar-lhes pela testa, vão tirando dos bolsos das calças (aproveitam para verificar o fecho éclair), amarrotados lenços daqueles que se compram em lotes de seis, um de cada cor e são tão jeitosos, não são? Estão nos limites... E uivam... uuuuuuhhhhhhhhhhhhhhhh... E levam o lenço à boca para limpar a baba (é possível consertar-se este computador que não escreveu o erre?). E continuam a desejar (é sinónimo de olhar, não é?) o tal pernil e a prometer, com as pernas já frouxas, o dinheiro poupado para a compra do carrinho (até já têm a garagem construída) e para pagar os estudos do filho mais velho na capital. Ela, a noiva, já com o vestido amarfanhado a meio daquela coxa desfavorecida pelas manchas azuladas da má circulação (É um problema, sabe? Desfeia muito as pernas da gente!...), o cabelo em desalinho e os olhos revirados em quebranto, deixa finalmente à vista a tão cobiçada liga. Ninguém dá mais!?... O silêncio percorre a sala e os «ânimos» arrefecem (Ufa! Finalmente). Apenas uma avó, agora em tom mais debilitado, insiste num gemido aiiiiii Jâzus, balbuciando em seguida um... que pouca vergonha, este violentamente calado por uma pisadela da mãe... Coitadita!... A disfarçar o embaraço... Enfim... No fim...A liga era, pois, um belo suporte em cabedal preto, com respectiva faca, brilhando e constrangendo (também ficava bem, encantando...) familiares, convidados, músicos, empregados e...A noiva era afinal eu, mas com o aspecto da Lara Croft, claro (a) está e... Acordei...


Consumado e consumido o bolo, feito com qualquer coisa entre o pão de ló e os ovos moles, não conseguindo ser coisa nenhuma, recomeça o baile com o organista, tb já meio etilizado a tocar uma canção do Nel Monteiro, "Como é que eu hei-de", o que vai levando ao rubro toda a sala. Começamos a assistir à debandada da "Brigada do Reumático", e amparadas por bengalas vemos sair os mais velhos, que terão de ir tomar as inevitáveis gotas do Gincoben, e uma panóplia de medicamentos que jamais as curarão. A noiva e o noivo, que entretanto andaram pelas mesas a distribuir umas caixas de fósforos com o nome deles, postram-se à saida para beijar as senhoras e senhores de provecta idade, dizendo baixinho um para o outro: "destas carcaças já nos livrámos". Um dos convivas, já em estado quase comatoso, fruto das misturadas das mixórdias bebidas vai dançando com a cabeça do leitão, perante os aplausos de muitos que quase conseguem igual desiderato em termos de resultados efectivos da bebida. A pedido do cunhado do noivo, que será um dos que mais tarde vai reivindicar na herança que o pai gastou muito dinheiro com o casório da irmã, pega no micro e vai proceder ao leilão da liga...O organista cala-se, o que é um alivio, mas dedilha no órgão a musica do Calvário "Mocidade, Mocidade"...NOTÀVEL....Bem o casamento já pouco tem para contar...está no fim a cerimónia, não sei que dois tios do noivo se engalfinhassem numa peleja, por causa de uns ouros que por morte da mãe se tinham abotoado há uns anos.Não foi fácil serenar, e ainda houve momentos de excelentes chapadas...Os noivos aproveitam para ir a um cubiculo lugubre mudarem de farpela e qd voltam até parecem pessoas. Vão até à viatura, comprada em segunda mão e paga a prestações, toda cheia de rendas e graffitis feitos com baton, e umas latas amarradas à panela de escape.Toda a gente rodeia o carro, enquanto se vai ouvindo ainda a discussão sobre o ouro dentro do salão, enquanto se vislumbram aqui e ali uns quantos a urinarem contra as paredes, pois as limitações da próstara perante tanto caudal de zurpa assim o exigem...E viveram felizes para sempre....


FERNANDO PEREIRA

7 de fevereiro de 2006

Os da Cidade e do Mato



(Este tema já foi iniciado noutro local, mas achei que seria um excelente tema para uma polémicazinha em tempo de funjadas)

Este tema vai ser algo polémico, pelo que peço que qd escreverem algo o façam com o mesmo cuidado com que se aquece as cordas do violino (sabem que o violino é um instrumento algo esquisito pq embora dê um som lindíssimo esse som esse que é resultado do toque de corda de pele de porco em corda de pele de gato).Tenho observado atentamente, claro sem as necessárias premissas que um sociólogo poderia agarrar, que de facto há aqui dois sub-produtos do sistema colonial em confronto.Vamos ver se me faço entender....Dum lado os urbanos, onde me incluo, os que práticamente fizeram a sua vida na capital, Luanda, que tinha algumas ilhas de alguma efervescencia cultural e política.Do outro lado tudo o resto...que era muito bonito mas que não se andava cem metros para cada lado onde não houvesse uma referencia de mato.Claro que de certa forma isto envolve e desenvolve ou não as pessoas. Se repararmos em Luanda chegavam aviões (poucos, de lugares onde a democracia já se tinha instalado nos hábitos), mas chegavam....Chegavam barcos de passageiros, nas cidades do mato chegavam por exemplo cargueiros e nalguns mesmo só barcos de pesca.Em Luanda havia vários cinemas todos os dias para além de cineclubes universitários, bem e por aí fora....Creio que percebem onde quero chegar.O que de certa forma acontece aqui no site é esse confronto de vivencias, e de facto por vezes os antagonismos reflectem um acesso diferente a certas coisas.Ser da cidade não é um estatuto, mas de facto dá-lhe maior largueza de vistas, e isso é patente quase 28 anos depois aqui nas nossas reflexões.Eu não devia ser a pessoa que abria este debate, mas como tanta vez o apanhei em chats trago-o para aqui tendo uma certa humildade em estar disponível para discutir estes considerandos. Vou pois despir um pouco a minha fatiota de urbano e abrir este forum a todos, os moderados e imoderados da cidade grande e do campo....Um abração e... ponto crucial
Fernando Pereira

Pergunto aos meus amigos do Namibe...que gostariam que eu fosse do mato, e só por isso vi com alguma ironia as suas intervenções,que faziam nos V. entediantes tempos de vivencia numa cidade do mato como essa???Tinham livraria??Ouviam rádio, para além do rádio-mokas onde passava a Maria de Fátima Bravo,o Max, ou o Autocarro do Amor??Viam filmes a cores???Já tinham ouvido a palavra yogurth??Souberam quem em 1969 o homem pisou pela 1ª vez o solo lunar??'É óbvio que tb não se podia exijir que conhecessem a palavra Liberdade!! Era assim o mato...mas podia ir muito mais longe..mas para já fico-me por aqui....
Fernando Pereira


Por acaso eu sou mesmo um preveligeado...Era uma pessoa bem formada na cidade,continuo a ser um bem formado,e de vez em qd ia ao mato...Para mim, Viana e Cacuaco era o princípio do mato..Daí para a frente podiam variar as paisagens,variarem as cores das igrejas, a mentalidade era quase a mesma...Eu não pretendo dizer que a mentalidade da cidade era melhor, até pq me deixaria à partida de ter algum avanço em termos argumentativos.O mato era o sítio bonito, dos passarinhos das zaragataias, dos rios,etc..., como todos vcs uns melhor outros pior ilustram.Não é isso que foi o mote da conversa....O mote da conversa tinha a ver com o que as pessoas eram no mato, e aí óbviamente estou a colocar mesmo as capitais de provincia e a cidade, Luanda aliás a unica que podia ter esse estatuto.Admito que no mato as coisas andassem devagar,que o próprio sentido do tempo nada tinha ver com o tempo da cidade.Eu vivi essas realidades com um olhar atento, e atenção não há nenhuma capital de provincia de Angola que eu não conheça.Tb não quero chegar ao ponto de ir à Ganda e pedir um exemplar do New York Times do dia anterior...aliás nas cidades, ou candidatas a cidadezinhas do mato nem havia quiosques, e o jornal feito em Luanda chegava com uma semana de atraso.Ng me estava a ver ir ao centro do Lubango e querer comprar um Beetoven da Deutch Gramophone..mas de certeza que compraria um disco do Teixeirinha ou do Oscar Acursio...Eu sei que foi no mato que li "seis balas", levadas para lá pela Cilinha Supico Pinto.Foi no mato que vi pela primeira vez o decote da Sarita Montiel num padieiro que alguns chamavam Centro Recreativo e cultural.ERa no mato que comia pão com Vaqueiro (das latas grandes) qd eu vinha da cidade habituado a manteiga...essas sim descoberta com a Liberdade num excelente filme em que Marlon Brando, fazia um excelente papel.Desconfio por exemplo que qd se estreou o "Ultimo Tango em Paris" em Luanda , Huambo estaria a estrear o Mário Moreno, ou algum filme da Marisol.Admito que em Salazar a leitura recorrente ao tempo em que eu já lia Camus, fosse a Condessa de Segur ou as meninas do 4º andar da Odette de Saint Maurice.Confesso que percebo isso tudo.Se para o individuo de Luanda o Rio de Janeiro, Nova York eram ao dobrar da esquina, admito que nalguns postos no mato Nova York ainda se chamava New Amesterdam...Bem...isto vai longo, mas vou-vos contar uma história passada com Óscar Monteiro, ao tempo estudante em Coimbra, donde bazou para integrar a luta armada da Frelimo...Foi posteriormente ministro da Justiça de Moçambique.O Óscar era descendente de indianos, o que não abundava por Portugal, mormente numa cidade do mato como Coimbra...Ele estava no Tropical,café que tb frequentei noutros tempos, e o café tinha um engraxador,e o Carlos, assim se chamava este engraxador, olhava,remirava e a certa altura encheu-se de coragem...e perguntou ao Oscar...Vc é não é de cá?? O Oscar estava a ler o jornal e disse-lhe que não.Ele continuou, vc é de muito longe?? E o Oscar disse, sou ...Mas de onde???O Oscar disse-lhe da India...o Carlos dá um pulo e diz possa...ainda é mais longe que Celorico??? Esta história revela os limites...e no caso dos da cidade e do mato lembro-me a alegoria da caverna do Platão, que oportunamente esclarecerei para os menos dextros nestas lides da filosofia. Por exemplo qual era o limite de um tipo de Camabatela...era o Negage, e NY era o Uíge e Paris Salazar. Para alguem da Gabela o limite era Novo redondo ou Porto Amboim...fora daquilo eram do tipo "Sexta feira" do Robison Crusoé do Danielle Defoe.Para alguem de Caconda, Benguela ou o Lubango eram o mundo todo,para os do Lubango e Namibe, eram quase como que só existisse aquela estrada e aquela linha de Caminho de Ferro...o mundo era aquilo para os seus habitantes, por isso....
Um abraço
Fernando Pereira


Continuo com a convicção que afinal de certa forma Luanda,era uma ilha no panorama social e laboral da colónia. Enquanto em Luanda se vendiam electrodomésticos do tipo máquina de lavar louça, não sei se os do mato alguma vez tinham ouvido falar nisso, no mato era o cheiro e o negrume dos frigoríficos a petróleo, o cheiro característico na maior parte das vilas e algumas cidadezecas do interior.Há coisas que de facto no meu imaginário me surpreendem...Certa vez, numa das minhas viagens quase sabáticas ao mato o meu pai resolveu pedir ao barbeiro do Songo que me cortasse o cabelo...Até aqui, mais ou menos igual pois tinha tesoura e navalha, mas o que me surpreendeu foi que o espelho que tinha era um daqueles espelhos com um jogo com uma bolinha na parte de traz, e só o utilizou, pq ironia das ironias, eu pedi para ver como ficava, chegando à conclusão que ng no mato se gostava de ver ao espelho...Convém acrescentar que saí do barbeiro com mais cabelo nos sapatos do que qd entrei tinha na cabeça, para além de uns arranhões na nuca que me fizeram saltar qd ele resolveu pôr alcool etílico nas quase feridas...Claro que já nem quero entrar em pormenores sobre a lugubridade do local, nem da bata que me cobria, que estava esticada por ter tanto sarro...bem nisso o ambiente era perfeito..sabão era coisa que havia muito não entrava naquele "salão de beleza".Se isto acontecia com os homens, so mais tarde me apercebi pq é que o Comendador Roque ganhou riosde dinheiro, antes da golpaça dos colégios a vender perucas pelo País todo;Pelo menos essas perucas tinham uma vantagem...A caspa e a oleosidade ficavam escondidas, não tanto certos cheiros, que de certa forma se mantem com alguma intensidade nos casamentos no Verão em Portugal, por causa dos vestidos de licra de bastante mau gosto.Bem, o mato tinha coisas pandegas.Uma vez tive de ficar no Hotel do Dondo, já nem me lembro porque motivo, e percebi, pela primeira vez na vida que eu e os mosquitos de certa forma conviviamos bastante bem...Eu consegui adormecer de tão cansado estar de os tentar matar e eles tb não podiam desaparecer pq as janelas tinham mosquiteiros...é incrível..descobri que no mato ..os mosquiteiros de janela eram para impedir a fuga dos mosquitos, já que qd entrei no quarto, eles eram aos milhares, e qd saí na manhã seguinte com bastantes ferroadas eles lá estavam a ser perservados para o próximo hóspede....Voltarei ao tema

Curiosamente eu como era um preveligeado antes da descolonização,optando depois dessa de passar a ser um entre iguais em Angola, quero dizer-vos que conheci a cidade e o mato antes e depois do Novembro da nossa alegria.Pode ser que vos ilustre com fotos, onde estou essa minha passagem pelos sítios que alguns dizem que só lá estive depois.(Importa contudo fazer uma rectificação ao que acabei de dizer:Na Ganda,Cubal,Alto Catumbela, Cabinda , Menongue, Luena e Onjiva,só estive de facto depois da independencia.Tudo o resto fui andando por lá...).Eu digo seria estulto responder, não por sobranceria, até sou algo modesto,às vezes modesto demais perante tanta sabedoria...(como diz a musica ... "a quem é que ela aproveita"). Tb não quero fazer dos do mato em Angola, a figura muito bem conseguida da Maximiana do Herman José, numa adaptação de luso-tropicalismo. Quero é fazer perceber que de facto o viver no mato, e defini bem esse território, era um pouco uma vida de algum desconforto intelectual e de condições de vida, que não havendo uma forte motivação, acabava por ser redutora.Já terei percebido que entre entre a ravinagem (propositadamente substituí o P,pelo V)da Tundavala.(tenho fotos a cores da minha pasagem por lá antes da independencia, dos tempos em que os do mato ainda não tinham passado do preto e branco)e a aridez de certas mentes que se perpetuam nas paisagens desérticas de outras eras, há muito pouca diferença. De certa forma começo a perceber pq é que Luanda estava cercada por uma protecção de arame farpado...Havia de facto alguma mentalidade que deveria ser controlada à entrada, e só algum laxismo das autoridades coloniais impedia ao tempo um maior controlo...Li não sei a quem que havia livrarias e cinemas por toda a Angola...Talvez por muitos sítios serem tão grandes,não me tenha apercebido disso, mas ainda bem que em Maquela do Zombo ou no Hama se podia comprar as "teses de Feurbach"de Marx, ou o "Escuta Zé Ninguém" do Reich...(acho que neste caso e não querendo ser indelicado só mesmo o Reich que me partisse, como alguns estão a pensar).Não sabia que no Chinguar se podia comprar na discoteca musica Celta, ou alguns títulos "Du chant du monde".Estou mesmo convencisdo que Dali, Picasso e alguns contemporaneos tem como um hiato nas suas carreiras de exposições, não conseguirem expor na Matala ou no Kuito-Kanavale; Descxulpem-me se sou ousado??? O Guggenheim não esteve sem saber se iria abrir museu em Bilbao ou Calomboloca...Talvez por causa de Abril tenha optado por Bilbau.Claro está que para além disso tudo afinal havia nos do mato quem comese manteiga, o que quer dizer que havia uma sectorização da população da mata...Os que comiam Vaqueiro em lata e os que comiam manteiga..Isto de facto começa a complicar o meu raciocínio...Por favor...No mato, e isto assisti, pedi para ir à casa de banho....indicaram-me a porta dos fundos e lá estava um caixote com um buraco ,numa casita de madeira onde podíamos fazer qualquer coisa...Mas mesmo esse caixote era um luxo, e tb um lixo, pq normalmente a casa de banho era a roda de alguma camioneta à porta...(Samba Caju-1973) Eu estava afilito pq tinha estado na fila dos bilhetes, já que o cine-clube de Sanba Caju ia projector um filme do Bunuel, se não me engano "O charme discreto da burguesia".Acho que era ante-estreia...só Samba Caju, Londres, Nova York, Paris e Los Angeles viram o filme pela primeira vez...
Voltarei ao tema
Fernando Pereira

De facto as brincadeiras do mato era uma versão angolana dos 5 da Enid Blyton...com alguma mistura de Manuel Barão da Cunha no argumento e António Lopes Ribeiro na realização.Eu sei que a mata eram odores, sabores, mas de facto tb muitas dores.Sei que de vez em qd comia-se à pala no mato,melhor davam refeição de borla aos da cidade;Isso não tem nada de extraordinário, e só vos ficava bem...Na Antiga Grécia aos pensadores e filósofos os senhores da democracia escravista ateniense davam de comer a todos eles só pelo prazer de os ouvirem dissertar sobre o pensamento.Naturalmente tantos milénios depois admito, que os do mato servissem de borla os inteligentes da cidade..Mas o que de certa forma me confrange é que nem mesmo na cidade grande havia assim uma enormidade de inteligentes que quisessem ir comer ao matro, mesmo à borla.Bem...eu só queria demonstrar que de facto a malta da cidade era bem mais determinada.Vejam por exemplo o caso do Augustos (que era alfaiate em Luanda) virou de alfaiate de homem e mulher a estilista, por causa da descolonização...Se fosse um alfaiate do mato ia parar aí a uma terra da treta a fazer fatos, que de certa forma alguns pouco se distinguem de fazedores de coletes de Penafiel....Por exemplo podem-me dizer onde havia uma óptica fora de Luanda??'Não havia, em lado algum mas tb para as contas do mato os óculos eram dispensáveis...Mas faço-vos um pequeno favor, malta do mato...Em Luanda tb havia muita gente que devia ter óculos de cabedal,pq viam só o que tinham na frente..o que é diferente de ver em frente.Qd alguem chegava do mato a Luanda tinha a preocupação de ir encher o camião aos armazens de lojas do Mato, e depois se sobrava algum ei-los a caminho do Tamar, Marialvas, D.Quixote, Embaixador ou Choupal onde bebiam wiskye marado, e iam dizer para o mato que havia bebida boa em Luanda, omitindo as lucubrações eróticas que lhes iam no pensamento, já que as moças disponíveis queriam malta com Lavanda da "ach Brito" ou Bien Etre...e não o odioso cheiro a sabão azul,tão pouco adaptável aos banhos de neon que tomavam....Iam com a carteirita leve é certo, mas contentes porque julgavam ter visto o filme todo e no caso não se lhes era dado mais que o Making Off.No mato as noites eram de tédio,e de ruidos estranhos de animalescos, que nós os da cidade conhecíamos de alguns livros que havia nas livrarias...Numa das muitas viagens que fiz ao mato, parei certa vez no Dange-Ya-Menha,no Marques,ali entre o Dondo e Salazar...Ele costumava servir um arroz de cabidela de galo capão que era uma delícia, para quem lá ia...A comida não era má, o aborrecido era tirar dos sapatos e das meias os canudos das penas dos galos que se espalhavam no chão da sala de jantar misturado com o cheiro do petróleo da geleira e com o vinho...Aquilo tudo era quase nauseabundo,e consegui saber que tinham comido há pouco tempo umas pessoas pois no garfo tinham ficado depois de lavar uns grãos de arroz, que não me pareceram muito rijos...O dono sentou-se à mesa conosco com uma camisola de cavas, vulgo vcamisola interior, que nunca na vida tinha visto água ou sabão por perrto...Não fosse a descolonização e aquela camisola interior podia bem passar por equipamento da académica, pois tornar-se-ia preta até lá...Naquele tempo dava ares de ter sido comprada branca...Talvez tivesse sido por causa dessa mutação sebenta (não tem a ver com as por onde alguns estudámos)que o Michael Jackson, quiz deixar de ser preto, o que só vem provar que há pouca diferença entre Hollyood e Dange-ya-Menha....Tb eu penso que deveria ter havido por lá mesmo um festival de cinema...talvez temático, tendo em conta o sarro da camisola interior do Marques do óleo de palma, como era conhecido pelos distintos que o procuravam...
Voltarei ao tema

Na Canjala, entre Novo Redondo e o Lobito havia uma tasca qualquer que se chamava "Cantinho da Saudade".Qd lá passei estavam lá dois velhotes, (que certamente num restaurante chines estariam misturados com rebentos de soja e no menu, uma coisa do tipo...sapatos de defunto) e o meu pai perguntou-lhes se havia comida???Eles disseram que sim, acho que nesses dias essses enfezados velhotes iam comer, e levaram-nos para uma sala de jantar cheia de quadros com o Coração de Jesus na parede e um emblema enorme do Benfica cheio de cetim (não sei se em fio) já carcomido à emoldurá-lo. A sala de almoço, pq acho que quem lá almoçasse uma vez não jantava lá de novo tal a sordidez e o cheiro a bafio de um interior pouco limpo,tinha umas mesas corridas e uns bancos do tipo bancos de suplentes de campos de futebol ordinários.O almoço era churrasco com batata doce frita, e ela lá atirou com a travessa para cima da mesa e colocou dois pratos...Eu que sou filho das boas maneiras pedi um garfo...possa estava a ver que dava um ataque de apoplexia à velha..."churrasco come-se à mão", dizia a velha, e eu timidamente e com a imagem da Maga Patológica alternada com as bruxas de Goya na retina, ia-lhe dizendo timidamente, que "estava habituado a comer de faca e garfo"...aí acho que ia dando um AVC á velha..".churrasco à mão???j"á berrava ela com as órbitas saídas e eu a antever que mais ano menos ano ela precisaria de ser operada às cataratas...Bem...depois de uma luta desigual lá consegui fazer uma pinça com os dedos e tentar comer à mato...Só porque a fome era muita , quebrei uma tradição que estava desabituado já...Como já nessa altura estava a estudar em Portugal, à conta do que não vem ao caso, resolvi pedir para beber uma Bussaco, e aí o velho põe as mãos algo enegrecidas pelo carvão do churrasco em cima da mesa...Julgo que foi mesmo pq pegou nas patas do churrasco, pois o cozinheiro é que o preparava ,e olha-me com uns olhos e se não fosse o meu pai vir minha defesa e dizer que queria uma Coca-Cola, acho que tb dava uma paragem respiratória ao velhote...Mas ele prestável trouxe um copo empestável, que obrigou a por os meus maculados lábios de pessoa de bons costumes da cidade num gargalo, donde tive de tirar alguns pequenos objectos....Pagámos e gostei de ver a Canjala pelo retrovisor...Histórias do mato...na Angola colonial...Canjala 1973....No fim desta descrição ainda vai haver quem se atreva a dizer que o idiota desta película era eu....Ah...acabei por lavar as mãos no jeep do meu pai e urinar 5km à frente pois a casa de banho parecia a verdadeira nitreira, com um cheiro, que quase me obrigava a expelir o frango , algo queimado....ms era o que havia no mato!!
Um abraço
Fernando Pereira

A Cantina do Clo-Clo


QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É PURA COINCIDENCIA.Com uma mal amanhada de cartão, presa por cordeis que em tempos talvez fossem brancos, desce da escada de terceira classe do navio com um ar indisfarçável de enjoado e com uma tez de leite magro. Traz consigo as desventuras da santa terrinha, e do trabalhar sol a sol nas terras ou o guardar cabras nas cercanias de uma qualquer serra de uma metrópole, triste e governada por um rato de sacristia, benzida por um rato mais gordo cheio de purpura e sentado num cadeirão de pau de cerejeira, e ainda protegido por uma polícia política que salvaguarda os interesses de uma corrupta burguesia parasitária e uns agrários que se atolam em longas caçadas de pedizes e coelhos bravos em propriedades onde a fome dos trabalhadores abunda e onde o absentismo dos donos é visível. Este rapaz que nesta história passa a ser MA, traz umas calças já com alguns remendos disfarçados, um par de sapatos em que uma das solas abre já descaradamente a bocarra, e uma camisa branca, que era utilizada aos domingos na hora da santa missinha. Com o corpo empapado de suor divisa-se uma medalha ao peito, que pelos antecedentes do próprio deve ser alguma nossa senhora desgraça.Ele olha desconfiado para todo o lado até que é divisado pelo tio que assinou a carta de chamada, um tipo com uma proeminente barriga, com pelos a sairem das narinas e das orelhas e liquen no pescoço, que tb suava por todos os poros, melhor suava pelos poros que não estivessem entupidos de sujidade.Alarvemente abraçou o sobrinho e logo disse: " Dá aí a mala ao preto, olha que isto não é lá como na metrópole, eles que carreguem, que é para isso que são feitos".Entram numa carrinha, depois de deixarem o tal preto a olhar para uma moeda de valor facial muito baixo, para a carga e a distancia percorrida.A cidade abre-se aos encantos do MA, enquanto o tio, vai dizendo as virtudes da terra que acabou de pisar. Frases do tipo "Isto é que é terra", "aqui ganha-se dinheiro","Aqui temos a pretalhada a trabalhar para nós","Os mamões de Lisboa é que nos lixam", "Ficas já a aprender uma coisa, nunca te vergues aos pretos, senão saltam-te logo em cima", "Para eles é pau e pão"," Já viste o que os brancos fizeram nesta terra de selvagens???", e frases mais ou menos do mesmo teor.Foram almoçar a um bar onde o nosso ainda combalido MA, com a cabeça a tentar acompanhar a verborreia do tio, pediu uma cerveja, que bebeu com alguma parcimónia, enquanto o acompanhante bebia quatro de uma assentada.Comeram um frango de churrasco,e já mais desinibido o nosso MA acedeu a beber mais umas cervejas, óbviamente muito menos que o tio que era tão desenvolto a beber cerveja qto a ´falar a falar mal da "pretalhada". Pagou a refeição e e ei-los a caminho da mata, e do local onde o MA iria desenvolver a sua actividade comercial...Depois de muitos buracos, dois furos, e umas paragens circunstanciais em lugrubes cantinas do mato, uma delas para dormir numa cama onde os percevejos e os mosquitos, resolveram obrigar o recem-chegado à colónia a coçar-se ao ponto de ficar com o corpo com grandes zonas vermelhas...Comido o mata-bicho, que era um opíparo arroz de tomate a cheirar a bacalhau, umas bananas fritas e um café negro e grosso em que o açucar boiava ao cimo na chávena de esmalte.Eis que chegaram a um local onde havia tres casas de construção definitiva, e uma dezena de palhotas circundantes.Diz o tio numa frase quase lapidar de boçalidade "Meu rapaz, a partir de agora és tu que vais crescer...e nunca te esqueças roubar sempre, mas roubar só para ti e para o patrão...Enquanto fizeres isso, serás bem tratado e estimado, senão a porta da casa passa a ser a serventia da rua". Com a mão por cima do MA e exalando um odor irrespirável da sovacolandia, continuava "Em Portugal há brancos que parecem pretos, aqui os pretos nunca hão-de ser brancos, portanto nunca te esqueças do que te digo, não tenhas confiança nem pena deles senão comem-te vivo".Mostrou-lhe as instalações, que se reduziam a dois quartos com divãs de arame entrelaçado e colchões de desfolhada de milho, uma peniqueira,e um armário a cair aos bocados.Na sala comum, dois cadeirões com a napa a desfazer-se, pelo uso e tb pelo abuso de umas ratazanas, uma mesa grande,várias cadeiras, algumas com as pernas a virarem-se uma para cada lado, um armário com louça que acumulava poeira q.b., e um frigorífico a petróelo que exalava um cheiro pestilento, mas que não afastava as baratas que iam andando calmamente pelo chão pobremente cimentado da casa. O frigorífico tinha uma chave, e o tio sempre atento diz "Cuidado nunca te esqueças de fechar esta m e r da à chave pq os pretos são os maiores ladrões que há". Deslocam-se a uma cozinha toda ornada com fuligem nas paredes, e aí o tio diz-lhe: "Por uns tempos não necessitas de cozinheira, pq comes ali ao lado no restaurante do Taborda, mas vem aqui uma lavadeira para todo o serviço, e olha que é um miminho...( Os olhos do homem demonstrava que o seu libido estava no auge, pois exibia toda a dentadura amarelecida, perante o olhar incrédulo do MA)". "A Sabina tem as melhores tetas do Alto Dange, mas cuida-te com isso rapaz, é fazer o servicinho e andor, nada de cunfias nem paixões, que com estes tipos dá logo merda da grossa e depois só o caralho do chefe de posto é que te vale" ..."Bem agora vamos aqui que é a casa que nos faz felizes e que te pode fazer alguem na vida". Entraram num armazem grande....
"Isto não é o armazem, é a loja, o sacana do Claudio, que era o tipo que cá estava queria ser rico às minhas custas(propositado), mas aqui ao Ferreira ng o pode (com h)"Continuava o tio com o sorriso alarve e a passar um lenço pelo liquen, não só a passa-lo como a enegrece-lo.Abriu as trancas das portas com uma frase de enorme impacto: "Meu caro MA, aqui só estamos sempre a abrir as trancas, as da loja ao raiar do dia e as trancas da pretalhada à noite, mas tem tininho, que essas cabras lixam-te à primeira, fazes um filho e vem logo dizer que é teu depois de terem dormido com tudo que mexe branco num raio de 50km" E ri-se da forma alarve que começava a ser familiar a MA."Bem , vamos ao que interessa, mas depois de comermos ali no Taborda"Atravessaram uma estradeca e entraram no Hote-Restaurante-Bar Taborda. O próprio recebeu-os com um abraço e disse, bem vindo a "Novo Rio-Tinto", que pelos vistos era o nome da terra, ou daquele cu-de-judas. O Taborda era um tipo aí de 40 anos, de pele algo purulenta, um pouco atarracado, com a breguilha desabotoada e com uma camisa algo sebosa no colarinho.Tinha as pernas arqueadas e uma indisfarçável pronuncia nortenha, que misturada com o lingala dava uma sonoridade que fazia rir o menos conhecedor.Logo foi buscar a sua mulher, uma branca com características físicas a raiar o disforme, ou como se costuma dizer em Portugal, um autentico barril com pernas.MA olhava para aquele exemplar, com um bigode de fazer inveja a muito rapaz na idade da puberdade, e uns pelos nas pernas imedíveis, quase que davam para fazer tranças.Os seios caiam sobre uma zona que normalmente é conhecida como a zona do umbigo, e a cara fazia lembrar um clássico do cinema "O homem a quem chamaram cavalo".Desdentadamente sorria ao nosso MA e ia puxando as orelhas ao tio Ferreira pelos elogios que este lhe ia fazendo...Aqui cabe fazer um parentesses para de facto reabilitar o Ferreira, que conseguia fazer elogios a uma espécime irerrarável, como era o caso da mulher do Taborda. Neste quadro que nem a "Tragédia de Picasso" podia suplantar ainda havia dois tabordinhas, vestidos com uns calções e com uns macambira nos pés, e profusamente sujos, o que não destoava em nada com o aspecto geral do hotel e seus ilustres proprietários. MA numa escapadela da Tabordagem perguntou ao Ferreira onde o Taborda, embora mal parecido tinha ido encontrar aquele escamartilhão, ao que o Ferreira respondeu, ter sido por procuração, ficando MA na mesma porque a Tabordona já trazia uma perninha de veado com batata doce frita e umas cervejas de estalo...
Acabados de sair do almoço no Hotel Taborda, atravessa-se a estrada poeirenta onde um conjunto de pretitos brincavam com unas aros de barris; Quase nus, ei-los a parar para ver passar o novo homem branco da terra, com aquele ar franzino, mais branco que o Ferreira, que com um passo lesto e distraído ia falando apressadamente de tudo. Na casa ao lado, estava à porta da loja o Silva, o perigoso concorrente do Ferreira.O Silva era um familiar da mulher do Ferreira, que vivia no Cuangar, e que MA só veio a conhecer mais tarde.O Ferreira tinha-o trazido do Puto, e tinha sido ele o seu primeiro empregado. O Silva era um transmontano, com um ar algo tristonho, baixo e com uma cor algo esquisita. O Silva, tendo em conta que o Ferreira era muito sovina e pouco amigo de fazer contas direitas, levou a que o Silva se estabelecesse por conta própria. Casou com uma bela rapariga, uns 15 anos mais nova, que segundo ela dizia era costureira em Lisboa, mas tb segundo as más linguas ela era uma verdadeira máquina de costura para outras coisas, pois comentava-se à boca fechada e aberta tb que a moça era muito dada. O Ferreira apressou-se a apresentar o sobrinho ao Silva, assim como que a correr, e tb à Lice, a própria esposa do já citado Silva. Qd se dirigiram para a loja e perante o olhar estonteado do MA, o Ferreira, como adivinhando a catadupa de ideias que ia na cabeça do sobrinho, disse logo:" Não te metas com aquela gaja, esvazia os tomates na pretalhada, mas naquela não. Ela é uma meretriz( atenção, este termo é do narrador, para que não aparecessem asteriscos na palavra similar), uma tarada sexual, que se mete até com a criadagem. Por causa dessa vaca, até os fiscais cá vem molhar a caneta no tinteiro, portanto afasta-te daquilo. Sabes como é chamado o Silva por causa da mulher??? O Corno de África, enfim ele é um desgraçado e ela ainda o pôs mais desgraçado...É a mercadoria mais solicitada da loja". Depois deste conjunto de afirmações tão peremptórias por parte do Ferreira, que era de facto movimento a mais para a cabeça do MA, ainda um pouco nauseado dos balanços todos dos ultimos dias.Chegados á loja, onde já estava um preto aí dos seus 15 anitos, o Serrote,o Ferreira chamou o MA para um canto e disse-lhe: "Torno-te a avisar, estes tipos não são de cunfias, tens de andar de olho-vivo, porque ele é ladrão, está-lhes na massa do sangue !!!" .Começou a mostrar-lhe as coisas nas prateleiras, onde havia desde cordas, a cafeteiras, alguidares, tecidos de diversas cores, camisas variadas, calças, harmónicas de boca, umas latas de conserva, sabão azul, umas enxadas, uns martelos, umas caixas de pregos, uns candeeiros a petróleo, enfim uma panóplia de tralhas, que o Ferreira disse estarem todas discriminadas num livro, algo sebento que ele tinha na mão."Tu aqui apontas tudo o que vendes, e à medida que fores vendendo vais repondo a cangalhada"- Dizia o Ferreira a garatujar umas tretas com um lápis no tal caderno, que ao que MA percebeu, eram umas coisas que tinha trazido de Luanda, como o Lifebuoy, umas pastas Kolinos, e uns discos do Teixeirinha para o Taborda, entre várias coisas. Puxou pelo braço MA e disse-lhe no meio de um reservado cheio de pó e veneno para a rataria: "Sabes pq é que a cobra não é comerciante???" O olhar surpreendido do MA era o não estampado no seu rosto, pelo que continuou o Ferreira com o corta-palha amarelecido à mostra "Pq a cobra não tem orelha para pendurar o lápis, espero que tenhas percebido a lição". Já ia sendo noite, já se tinham ligado os petromaxes e lá partiram de novo para o Hotel Taborda, que hoje tinha algumas pessoas para jantar, nomeadamente camionistas, um vendedor de uma empresa da capital e dois topógrafos que andavam a fazer levantamento de terras por conta de uns colonos, que queriam iniciar-se na cultura do café. Nesse grupo, que falavam quase aos berros, estava tb um tipo alto, de óculos de massa, com barba e bigode, que segundo o Ferreira disse ser conhecido pelo "purgante", pois era nem mais nem menos que o funcionário das finanças e que era assim chamado porque "todos se cagavam qd ele chegava a qualquer lado". A Tabordona atirava com a panela para cima da mesa, e qd virava costas e longe do olhar do marido, ouviam-se os comentários tão abonatórios quanto a fealdade da mesma...No quarto MA completamente cansado de tanto evento, conseguiu adormecer serenamente, apesar de no quarto contíguo, o Ferreira num acelerar um ressonar que decerto se ouviria nas sanzalas circundantes...
Ao raiar já o Ferreira deambulava a caminho de uma casa de banho, equipada com uma retrete, um chuveiro com um balde de lata em cima, e um lavatório encardido com um espelho que já tinha conhecido melhores dias.O autoclismo era um balde cheio de água ao lado. O Ferreira sentou o seu robusto nadegueiro na retrete, e começou num exercício respiratório-gutural, num esforço quase inglório numa luta tenaz contra a prisão de ventre. Dispensando este espectáculo de disfunção fecal, MA, algo nauseado pelo espectáculo e tb pela proliferação de baratas que saiam do ralo da casa de banho resolveu ir à cozinha lavar-se, coisa que convenhamos tb não era um hábito, pois era comum as pessoas vindas do puto só tomarem banho com regularidade ao fim de determinado tempo ao sul do Equador. Mas como MA se lavava à gato tb não havia problemas de maior, e eis que chegado à cozinha, ainda com os olhos remelados, divisa a silhueta da Sabina, que segundo o Ferreira, era a "criada para todo o serviço". Sabina era uma moça aí de 16 anos, alta, com formas equilibradamente arredondadas, e com uma carapinha farta. MA, começou a sentir uma certa alteração no libido, e consequente aumento da proeminencia no baixo ventre. Ela sorriu ao ver o atrapalhado moço das berças, e diz-lhe um delicado "Bom dia Patrão", ao que ele balbucia uma resposta de "Bom Dia". Dirige-se com a lata de água para o quintal,onde vislumbra um macaco, de nome Pipi, que se ri desalmadamente, preso a uma corrente. Era o primeiro contacto de MA com a fauna africana, e olhou-o desconfiado. No quintal havia um galinheiro, onde havia bué de criação, desde galinhas,perus, patos, pavões e tb uns coelhos. Havia um pombal com uma quantidade enorme de pombos, que pelos vistos não tinham tantos problemas como o Ferreira, pois tudo à volta estava cagado, apesar do Serrote andar já com uma vassora a tentar dar um ar mais decente ao quintal. De resto viam-se tambores diversos e pipos de vinho, que se presumiam vazios. Havia tb alguns pneus velhos e uma ou outra peça já ferrugente de qualquer automóvel.Ao chamamento do Ferreira, voltou para dentro, enquanto se começava a dissipar o cacimbo, e a aparecer um sol forte. Qd entrou na cozinha viu o Ferreira a apalpar as nádegas de Sabina, e a dizer:"Está aqui um mata-bicho de rei, mas não te habitues pq qd eu for embora estas m er di ces acabam". De facto o mata-bicho era excelente, um arroz de borrachos, banana-pão assada, uma espiga de milho assada e um café com algumas borras.Cada vez que Sabina servia o Ferreira, ele tentava com a sua mão peluda acariciar-lhe o nadegueiro, o que provocava um tormento a MA que lutava para que um certo não circuncisado objecto não lhe arrancasse os botões da breguilha.Acabado a lauta refeição, eis que vão em direcção ao armazem não sem que o Ferreira tivesse dado um grosso arroto seguido de um impropério. Ao passar pela Sabina e vendo que MA mal tirara os olhos dela, o Ferreira alerta o sobrinho de novo para evitar "cunfia à negralhada", salientando contudo, "que servem bem para desmoer a tomatada, porque um homem não é de ferro e aqui neste c* de judas temos de nos entreter, mas com cuidado".Chegam à loja, e MA abre as portas para a estrada que não tem movimento por aí além a não ser meia duzia de pessoas que se precipitam para o interior da loja. O Ferreira em surdina diz, com um hálito fétido ao MA: "Olho vivo com esta pretalhada, mal te vires só não roubam se não puderem". Eram clientes normais da loja, com os filhotes às costas amarrados com panos muito garridos. Queriam comprar sabão, açucar e óleo de palma. O Ferreira que já os conhecia ia-lhes falando num linguajar esquisito que só a espaços MA conseguia apanhar uma palavra ou outra. Mostrava grande à vontade e ia dizendo a MA que fosse apontando num livro de clientes o que eles levavam, mas com o cuidado de não por as quantidades, já que isso, era "trabalho de fim de dia".MA ficou surpreso qd uma negra baixinha e com a cara com alguns cortes, pediu um certo pano de chita e MA pegou num pau e mediu, tendo deixado o verdadeiro metro, igual ao que se encontra em Paris no Instituto Internacional de Meterologia, debaixo do balcão. Qd saiu MA atreveu-se a perguntar ao tio pq tinha vendido o pano, medido por um metro de 60cm aproximadamente, e Ferreira algo fora de si diz-lhe..."Já não me bastava ser roubado pelos negros e pelos impostos ainda tinha que ter um ladrão em minha casa", agarrou-o pelos ombros e apesar do hálito, obrigou MA a olhar para ele; "Vais aprender uma coisa hoje. As medidas certas que aqui estão são para os fiscais do governo verem, embora o que eles queriam eram umas garrafitas de Scotch, mas tb não me apetece aturar pançudos. Aqui somos nós que definimos o metro, o litro e o Kg, e só temos de estar atentos à concorrencia pois o corno do Silva de vez em qd arranja um kg que nos pode (com H) e os cabrões dos pretos refilam logo por causa da quantidade, sabem lá eles o que é o metro ou o Kg, eles só servem mesmo é para trabalhar e mesmo assim só depois de levarem no lombo, por isso nunca te esqueças senão nunca passarás da cepa torta, e quem se lixa sou eu. Tu já imaginaste como é que eu, Ferreira dos Cordões, como era conhecido lá na nossa terra, conseguiu ter 6 casas comerciais neste fim de mundo e dar de comer a uma cambada de cab rões, mais ou menos a pensarem como tu, e que estão sentados em secretárias e com carros do governo a viverem à nossa custa!! Abre os olhos Manuel Afamado, e se queres ser um dos Cordões tens de vergar a mola e seres esperto, ENtendes???". Manuel A, olhava incredulo para um Ferreira que estava vermelho como a parte de dentro de uma melancia madura, e um remoinho de ideias iam-lhe trovando as palavras, conseguindo balbuciar um tremulo "Sim senhor, meu tio"...
O Ferreira afastou-se um pouco, e foi à geleira buscar duas cervejas, e disse ao Serrote que por ali andava, que fosse limpar o quintal e tratar de dar comida aos animais. Mandou sentar o MA numa mesa emporcalhada q.b., e com mais calma diz-lhe:" Caro sobrinho, tu és filho da minha irmã que resolveu casar com o bebedolas do teu pai, que é bom homem, mas sempre disse que nunca havia de ser ng na vida, e isso comprovou-se. Que é que vcs tem de vosso??? Tem fome e miséria, que foi o que o teu pai conseguiu dar a vcs todos. Eu tb já fui como tu, mas nunca ng me comeu as papas na cabeça, e não tive a sorte de ser chamado para Angola por um tio batido como a sola. Tive de me fazer, e meu rapaz aqui se quisermos ganhamos dinheiro que chega, mas temos de lutar, e muito!! Não bastam os negros para nos fornicarem, ainda temos de aturar uma cambada de bestas que só não nos sugam mais se não puderem. Um dia destes chega aqui o chefe de posto do Sogo e entra-te na loja a mostrar que é a autoridade, o que o cab..rão quer é umas massas e umas garrafitas por baixo da mesa, e depois aparece o secretário do Congua, que quer a mesma merda ou mesmo uns vestidos de Luanda para as grã-finas que trouxe do Puto, e que passa os dias a corneá-lo com tantos que por lá passam. O Administrador é mais fino, mas mama na mesma e não é nada pouco, ainda por cima o sacana mete-se na batota e depois aí paga o Ferreira a azelhice da besta no jogo das cartas.Bardame..er.da para isto, quem paga isto tudo é o Ferreira que dá o coiro!!! Achas pois que aqui quem é que é mais roubado??? Este que ves aqui à frente. Ves aquela roupa que ali está?? Aquilo é roupa boa, chama-se roupa de fardo e é enviada por igrejas dos ca..brões dos americanos, que recolhem esta por..ra para dar à pretalhada, dizendo que nós escravizamos estes selvagens de mer..da, e que não tem roupa!!! Claro que o FDP do chefe de posto que aqui estava, um indiano, mandou às malvas o Estado e resolveu ser intermediário destas porras...Está rico, pois paga a mer-dices humanitárias, meia duzia de tostões e vende-nos esta roupa, que até eu uso...Já viste que tecidos vendias à negralhada se eles dessem a roupa de borla??? Aqui tudo rouba, meu rapaz, e tu se fores esperto hás-de roubar tb, mas nunca roubes quem trabalha, roubas a negralhada que tb só tem de agradecer senão ainda andavam de tanga e a cobrirem-se como o gado". Acabado este discurso, o Ferreira voltou ao frigorífico e foi buscar uma garrafa de cerveja, que bebeu num trago, para no fim dar um valente arroto e um sonoro track que empestou tudo à volta e elevou a conversa dizendo: "Há tres dias que não consigo cagar decentemente, é a porra da comida da cidade, e estes peidoss sabem a ouro".MA voltou para os papeis, afinal não era nenhum analfabeto, tinha a terceira classe, e foi pondo em ordem a escrita. Entrou um negro, aparentando uns 30 anos e depois de cumprimentar o Ferreira, pediu petróleo; MA pegou na vasilha de meio litro, e encheu uma pequena garrafa, e entregou ao negro que pediu ao Ferreira para apontar até à colheita, ao que ele anuiu sem contudo deixar de comentar :" De vcs desconfio sempre,pq quando chegar a colheita dizem que não ganharam o suficiente e qualquer dia quem está a arder sou eu". O preto balbuciava umas palavras a dizer que o branco das fazendas pagava mal, que o trabalho era duro, mas que não dava para alimentar os filhos e pagar o alembamento das filhas, etc...ao que o Ferreira retorquiu: "Se vcs não fossem mandriões e bebados ganhavam para tudo, mas por hoje ficamos assim".Mal o negro saiu foi ao livro e logo pôs a data e um litro de petróleo na conta do negro, e mostrou a MA como se fazia, argumentando: "Isto é um risco, pq este FDP vai para a tonga e qd cá chegar já deve mais que qd foi, claro que nessa altura quem lhe trata do contrato sou eu e o chefe de posto, com palmatoada e uma ida até outras paragens, donde o dinheiro vem directo".."Bem está na hora de ir comer à Tabordona, e lá foram juntos, saudando o Silva, e tb a escultural Lice, que se insinuava para o MA, julgando o Ferreira que seria ele o destinatário, o que o obrigou a ir salivando a boca e dizer entre dentes..."Que grande trancada levavas, tu bem queres, mas o Ferreira é osso demais para ti".Entram no Taborda e logo à porta estavam os andrajosos Tabordinhas e na penumbra da sala a Tabordona que conseguia ser mais penumbrosa que a própria pernumbrice da sala...
A sala estava vazia, com um ar lúgubre, e o Ferreira pediu à Tabordona para o deixar ir à casa de banho. MA ficou na sala sozinho, e enquanto estava a pensar na sua vida, porque de facto até ao momento o seu tio ainda não tinha falado em honorários, e MA estava a necessitar de uns cobres para as primeiras impressões, e entretanto ia afagando os cem escudos da metrópole que a sua madrinha lhe tinha dado, na hora da despedida, com os devidos cuidados de nada dizer a seu marido, o conde de Albernaz, um verdadeiro homem do regime, comendador e zelador de bons costumes, participante em Espanha nos "célebres Viriatos", e que era detentor de muitas terras na zona de Foz Côa e Espada à Cinta, e para quem seus pais trabalhavam, bem como trabalharam seus avós, assim como trabalharam os seus bisavós para os pais do Conde. A sua madrinha era uma senhora que tinha vindo da Meimoa, filha de uns brasonados, e que possuíam casais desde o Teixoso a Vila Fernando, e que tinha casado com o Conde Albernaz por influências do Conde de Caria e do Conde da Covilhã. Era uma senhora muito ligada à Igreja, e tinha um único filho, o Nuno, que andava a estudar em Lisboa, nem se sabe bem o quê. O Conde a pretexto de visitar o filho, ia amiúde à capital e segundo a má-língua da terra, ia " afiar o lápis" numas moças ali para os lados do Bairro Alto, e segundo se dizia, tinha uma casa de teuda e manteuda na Av. Elias Garcia, por cima de uma pastelaria. Qd MA, se foi despedir da padrinhagem, o Conde colocou-lhe a mão no ombro e com a solenidade da circunstância disse-lhe: "Vais para aquele torrão de Portugal, meu afilhado cumpre o teu dever de dares aqueles selvagens uma instrução digna de um português, e não hesites em mostrares que és um homem digno da valentia e do aventureirismo dos nossos antepassados". A verdade é que para além das palavras o padrinho nada mais lhe deu, e foi a D. Teresa que à sorrelfa lhe pôs a nota no bolso, a ele, MA , que nunca tinha visto tanto dinheiro na vida, e que guardou religiosamente, ao lado de um Cristo com um coração incomensuravelmente enorme, sem artérias e com uma auréola à volta, que lhe foi dado pelo padre Matias, que segundo diziam as más línguas ungia de água benta e outros líquidos o quarto da madrinha, nas ausências prolongadas do Conde em Lisboa.Estava MA nestes pensamentos qd o Ferreira regressa com um ar algo afogueado, dizendo que "continuava sem evacuar". A Tabordona serviu a refeição e o Taborda tb se sentou à mesa, com a sua camisa branca suada, com o colarinho enegrecido, e com um cheiro a sovacame que conseguia dar um cheiro agridoce à sala, na mistura com o cheiro do refogado que tinham pela frente.O Ferreira, bebia cerveja a uma grande voracidade, e o Taborda resolve interpelar MA se sabia a máxima do tio! MA disse, "não sei não Sr. Taborda". O Ferreira começou a rir alarvemente e disse ao Taborda, que contasse ele. O Taborda diz: "Conheces um ditado em Portugal que dizem casa de ferreiro espeto de pau???" MA acenou que sim com a cabeça, até pq tinha um pedaço de refogado de carne na boca. Continuou o Taborda: "Pois aqui é diferente, aqui é em casa de Ferreira espeta o pau", e o riso de todos foi contagiante e com enorme sonoridade.Estavam os três neste momento de boa disposição, qd a Tabordona entra pela sala com um miúdo negro preso na orelha, miúdo que teria no máximo uns doze anos, e que era acusado de ter roubado um bocado de carne da panela, enquanto ela tinha vindo à sala. O Taborda levantou-se, e perante os gritos do rapaz a dizer que nada tinha tirado, ele desapertou o cinto e logo ali lhe afivelou umas cinturadas, com o Ferreira a aplaudir e a dizer: " MA , estás a ver a raça destes FDPs, mal tu viras costas os gajos roubam o que tiverem à mão, negralhada de mer..da. Andamos a tratar deles e é assim que nos agradecem, nem pão, para estes tipos só pau mesmo". MA estava incomodado, mas nem reagia enquanto o Taborda, com as calças ao fundo da peida e a camisa encardida e suada de fora das calças, continuava a assestar com o cinto no pobre rapaz, que gritava a dizer que nada tinha tirado. Ao som dos gritos, veio a claque dos Tabordinhas enquanto a mãe com os dentes apodrecidos se ria de uma forma alarve daquele espectáculo de crueldade.Taborda arfava do esforço, e já com partes do corpo ensanguentado, o rapaz lá se livrou e tentou-se esgueirar pela porta onde ainda levou um pontapé da Tabordona. Taborda, tornou a empresilhar o cinto e repetiu o que estava a dizer durante o arriai de porrada que dava ao miúdo: "Os FDPs destes negros da tuge julgam que tudo cai do céu, cambada de cães, se não somos duros qualquer dia até se sentam à nossa mesa".
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