24 de fevereiro de 2012

SEM REMISSÃO ALGUMA/ Ágora / Novo Jornal nº214/ Luanda 24-2-2012




Acabei de ler “Loanda, Escravas, Donas e Senhoras” de Isabel Valadão, editado recentemente pela Bertrand e o que se oferece dizer é que estamos perante um livro interessante, um romance vivo e que nos transporta para um período da vida da cidade de Loanda pouco conhecido e divulgado.
Uma história em que as personagens centrais são duas senhoras, alforriadas e que marcam o seculo XVII de uma cidade masculinizada em todo a sua estrutura económica e política, onde as mulheres tinham um lugar de total subalternidade, sem qualquer visibilidade, numa sociedade onde a ordem era mantida a ferro, fogo e intriga.
A Igreja católica era o braço ideológico do fraco poder colonial, e as regras impunham-se num quotidiano de miscigenação cultural onde as religiões animistas, a feitiçaria, os ritos e mitos acabavam por desembocar num paradigma social que pontualmente prevalece hoje, passados séculos, regimes e revoluções várias.
A autora deste “Loanda” viveu em Angola um período de tempo, e agradece ao Pepetela a motivação, ainda que indireta, surgida depois da leitura da “Gloriosa Família”.
Já que se fala em mulheres com protagonismo não gostava de deixar de fazer uma referência positiva à interpretação de Meryl Streep, no papel de Margaret Thatcher no filme “ The Iron Lady”. Embora o filme seja assente na biografia da ex-primeira ministra britânica, e releva pouco a sua atividade política no contexto internacional que de braço dado a Ronald Reagan conseguiram transformar o mundo na desorganização global que hoje se vai assistindo.
Numa primeira fase Margaret Thatcher conseguiu suster a inflação na Grã-Bertanha através de políticas de desinvestimento no sector público, levando a cabo uma autêntica revolução quando privatizou a economia e cedeu uma parte do serviço nacional de saúde inglês à voracidade de grupos económicos e seguradoras privadas. Estendeu isso ao ensino e a realidade que se vive no Reino Unido hoje é bem diferente dos tempos em que a educação e o serviço nacional de saúde inglês eram referências para projetos noutros países onde se tentou levar à prática o slogan da OMS, “Saúde para todos no ano 2000”.
O Tatcherismo e o Reaganismo conseguiram, numa luta sem quartel a tudo que não tresandasse a neoliberalismo, montar uma economia mundial em que o aumento das desigualdades dispararam nos países desenvolvidos e tornaram-nas numa pandemia de proporções gigantescas em países em vias de desenvolvimento, sem que se almeje ver o futuro.
A experiencia do “laissez faire, laissez passer” é uma mezinha de parcos resultados na economia que a “dama de ferro” acolitada por Reagan impuseram durante quase uma dezena de anos, assente numa política de proteger a tirania e os vilões, entre os quais se destacou Pinochet.
Porque a omnipresença da Igreja Católica é quase recorrente em qualquer atividade política e social, não fiquei surpreendido quando a Republica de Angola, um Estado constitucionalmente assumido como laico recua, quando aventa a hipótese de regulamentar a interrupção voluntária da gravidez.
A Igreja Católica, sempre atenta às movimentações dos governos e suas oposições, mal ouviu falar que se preparava uma “lei do aborto” logo se multiplicou em declarações que de facto acabaram por se revelar decisivas para que o projeto nem passasse de uma mera declaração de intenções, o que é extraordinariamente aviltante para a sociedade e acima de tudo para a mulher angolana que é demasiado ostracizada e mal tratada no quotidiano machista do País.
Acho que a Igreja fez o que deveria ter feito, dentro da sua lógica de defesa dos seus princípios confessionais. Que as autoridades da Republica tenham recuado, sem sequer trazer para a discussão pública um tema, é determinante na sociedade angolana atual é revelador de uma insegurança e quiçá seguidismo completamente indesejável e indicia alguma fragilidade perante um quadro que devia estar balizado em termos de competências e responsabilidades.
Que o tema volte rapidamente à discussão, ou não acontecendo que se extinga o Ministério da Família e em seu lugar se crie o Ministério das Inter-Confissonalidades.
«À pessoa que descansa em si não lhe interessa o tempo; a evolução não deve levar o tempo em conta.»
Fernando Pereira
22/2/2012

16 de fevereiro de 2012

Aqueles a quem falta imaginação, não conseguem imaginar o que lhes falta!/ Ágora/ Novo Jornal nº213 / Luanda 18-2/2012




Comecei a ler Charles Dickens (1812-1870) influenciado por uma série inglesa de grande qualidade, “David Copperfield” que passou na bafienta TV em Portugal, corriao ano de 1968. O entusiasmo pela série levou-me a comprar o livro, que ainda tenho, numa pobre encadernação das edições Romano Torres. Era entediante, mas lá consegui acabá-lo, decepcionado em relação à adaptação televisiva. Estava a carpir a decepção, um professor dá-me o Oliver Twist (que depois vi em filme), e acho que foi a partir daí que terei iniciado o meu percurso de cidadão de esquerda e permanentemente inconformado.
Na comemoração dos duzentos anos do nascimento de um dos nomes maiores da escrita vitoriana, era impossível olvidar a efeméride, porque foi de certa forma Dickens que ilustrou a miséria que alavancou as posições assertivas de Marx e Engels num século XIX de enorme pujança na discussão filosófica, histórica e política.
Há cinquenta anos, Vinicius de Morais e Tom Jobim, habitués de muitos botequins no Rio de Janeiro, particularmente do “Bar Veloso”, compuseram uma das imorredoiras músicas da Bossa Nova, “ A Garota de Ipanema”. A musica de expressão portuguesa mais conhecida no mundo, tocada em todas as latitudes e gravada por centenas de intérpretes desde alguns famosos como Frank Sinatra, Armstrong a muitos que permanecerão incógnitos.
Hoje, o artigo é de efemerizações e como tal não posso esquecer que mais uma vez comemoramos o 4 de Fevereiro de 1961, e mais uma vez banaliza-se a data com comemorações demasiado repetitivas em que o acto político acaba por se transformar num ritual onde todos sabem antecipadamente o que vai ser dito e glorificado.
Quando olho para o estado de degradação do forte do Penedo, um dos locais que os homens do 4 de Fevereiro atacaram tentando libertar presos que estavam em risco de deportação, fico com a sensação de enorme impotência perante um edifício vulgar mas que merecia ser um local com alguma dignidade para evocar uma data importante no quotidiano histórico recente do País.
Olho para tanto gasto supérfluo que se vai fazendo, que acho que seria de toda a utilidade que se gastasse uma verba significativa na recuperação do forte e se instalasse no seu interior um “4 de Fevereiro de 1961” interactivo, de efeito potenciador no entusiasmo de crianças e jovens a quem a data vai dizendo cada vez menos, até cair no esquecimento.
Era muito importante fazê-lo, porque cada vez há menos gente para contar como foi o 4 de Fevereiro de 1961, e mesmo as descrições de alguns participantes tem hiatos que não permitem fazer um encadeamento consequente de tudo o que se passou nessa madrugada cada vez mais distante.
Completamente descabido continuarmos a querer uma cada vez maior envolvência das pessoas nas comemorações, daí talvez a necessidade de adaptarmos as datas a mostras com novas tecnologias, um “4 de Fevereiro de 1961 virtual”, mas que mostre a realidade do que foram esses momentos que marcaram a história recente do País.
Há exemplos desses pelo mundo todo, desde mostras muita elaborada a aplicações simples mas imaginativas e pedagogicamente com resultados de excelência. Já visitei muitas mostras desse tipo, e ainda recentemente em La Guernika, no País Basco Espanhol vi umano museu evocativo do bombardeamento alemão à localidade em 26 de Abril de 1937,assisti à réplica do que foi esse dia de horror para a pequena vila, magistralmente glorificada na tela de Picasso em exposição no Museu Reina Sofia em Madrid, visita que recomendo vivamente.
‎"A História é a puta mais deslavada e maltratada de que há memória, de quem toda a gente se serve e que ninguém respeita nem paga o devido preço pelo uso e, quantas vezes, abuso.”.
Desculpem o destempero, mas há palavras de outros que serão melhores que as nossas para expressar o que queremos.
Fernando Pereira
14/2/2012

10 de fevereiro de 2012

I CAN 2012./ Ágora / Novo Jornal 212/ Luanda 10-2-2012





Não percebo a decepção das pessoas por causa da participação da nossa selecção no CAN 2010, nem consigo admitir que toda a ira caia em cima do seleccionador.
Não sou treinador, percebo muito pouco de futebol para vir para a praça pública invectivar equipa dirigente da FAF, equipa técnica e jogadores, numa competição em que normalmente Angola tem feito pouco melhor que isto.
Como dirigente desportiva estive sempre interessado na valorização de uma cultura física e desportos ligado à formação integral do cidadão, e ao desenvolvimento e envolvimento da juventude numa educação plena num contexto de valores e referências de matriz diferente desta realidade que vamos vivendo.
Acho que o facilitismo do “mercado” acaba por mostrar a sua face negativa, quando temos que nos expor em situações que comparativamente temos que nos confrontar com outras realidades e outros modelos organizativos.
Para o melhor na maioria das vezes, e para o pior algumas delas o angolano tem um ego do tamanho do mundo. Nada a opor quando isso é importante para exprimir a vontade colectiva e a defesa dos valores e interesses do País. Quando o ego tolda o raciocínio dos que tem responsabilidade, em vez de assumirem alguma dose de culpa e fazerem exercícios de expiação assobiam para o ar, arranjando um bode expiatório para justificar erros colectivos.
Angola vai passar a ter muito revés ao nível das selecções, e o aviso começou no basquetebol masculino no último Afro-Basquete em Madagáscar, e novamente agora no CAN no Gabão e Guiné Equatorial. São sinais evidentes que há muita coisa mal no desporto no País e nem o undecacampeonato de andebol feminino nem o africano de basquetebol feminino conseguem disfarçar a falta de uma política desportiva coerente, adaptada à realidade do País num quadro de cultura e desporto acessível à juventude, nem mais nem menos que o grosso da nossa população.
Vale muito pouco andar de candeia acesa à procura de culpados, pois a responsabilidade pela degradação da situação é partilhada por muitos desde agentes desportivos, dirigentes, jornalistas, técnicos, atletas e professores.
Quando há muitos anos, nos momentos que se seguiram à independência se procurou optar por uma política coerente, adaptada à realidade angolana num quadro de organização desportiva africana, teve-se em conta que só uma grande participação de jovens, enquadradas por clubes, escolas, associações, orientadas por animadores, monitores e técnicos desportivos qualificados poderiam criar um alfobre para as modalidades de alta competição, ou de alto rendimento como hoje é corrente dizer-se.
O futebol, por razões que se prendem com o facto de haver enormes investimentos em África, por vezes para servir interesses de afirmação pessoal, política e económica de alguns baronetes exigia maior comedimento, e o seu crescimento em Angola devia criar expectativas limitadas no quadro continental.
Penso que a voracidade que acompanha o dinheiro fácil esquecemo-nos um pouco de tudo isso, e o que vamos assistindo é que se vão fazendo investimentos avultados, mas pouco consistentes na sua componente organizativa global e de resultados imediatos paupérrimos.
Enquanto os órgãos reitores do desporto angolano, não despirem a gravata, arregaçarem as mangas e voltarem a discutir, organizar e promover uma cultura física e desporto coerente tendo em atenção a disponibilidade dos angolanos para a sua prática regular, o que vamos assistindo é a um cada vez maior estado de degradação das nossas representações desportivas no exterior, e de facto acaba por ser não apenas reflexo do que não fazemos no contexto do desporto e também vai pondo a nu os nossos frágeis remendos nas políticas de juventude no nosso imberbe tecido social.
Até lá, só temos que ficar à espera que o que se passou de muito mau no CAN 2012 se repita!

Fernando Pereira
5/2/2012

9 de fevereiro de 2012

"“Memórias de Adriano” só mesmo da Marguerite Yourcenar!" / O Interior-9-2-2012




Começo a ter a convicção que devem ter virado o mundo ao contrário, ou estarei a assistir a exercícios de expiação tardios de certa gente que foi qualquer coisa de inapreciável politicamente noutras fases de longas vidas.
Esta semana ouvi o professor Adriano Moreira, numa entrevista na SIC ao António José Teixeira, e a determinada altura belisquei-me para saber se estava a ouvir e a ver a mesma pessoa que foi ministro de Salazar e que reabriu o Campo prisional do Tarrafal em 1961, depois de encerrado em 1954, por pressões internacionais e contestação interna, pelas condições degradantes que lhe trouxeram o aviltante nome de “Campo da morte lenta”.
Qualquer alienígena que tivesse aterrado neste planeta esta semana ficava completamente banzado com as críticas assertivas que o Prof. Adriano Moreira faz às medidas draconianas do governo do PSD /CDS, na esteira do que fez o governo liderado por José Sócrates.
Com noventas, putativo delfim de Salazar, ministro do Ultramar num momento particularmente sensível nas colónias, Moreira defendeu posições que basicamente a esquerda, que nunca esteve no poder, defende coerentemente há muitos anos, como questões tão comezinhas como a estabilidade no emprego, uma saúde e uma educação em que todos os cidadãos tivessem iguais direitos, num Estado Social que desse oportunidades a todos na defesa de um bem-estar, e mais alguns lugares comuns, que são do agrado dos muitos que o ouvem e admiram com alguma reverência, talvez pelo seu ar professoral e a sua provecta idade.
Ficaria estarrecido se não soubesse do seu percurso nos últimos sessenta anos, ou foram um embuste perfeito ou então está a reinar com todos que o ouvem. Desculpe professor, mas para este peditório já dei!
Também ouvi esta semana o Dr. Mário Soares a falar sobre os períodos da sua intervenção política a seguir ao 25 de Abril de 1974, e confesso que a minha indiferença é praticamente igual à que senti quando ouvi o Professor Adriano Moreira. Não quero ter nada a ver com este filme:”Aos costumes disse nada”.
Acho que estes programas deviam ir para a RTP Memória, pois tem já por lá o “reprise” Hermano Saraiva a destilar a sua verve ultra-direitista, e assim juntava-se por lá tudo que hoje se anda a recolher no baú da política.
Na Rádio Altitude, também ouvi partes do “Recordar o passado na Guarda”, mas desaguentei e mudei de registo pois sinceramente desapetece-me de todo permanecer continuadamente a ouvir alijar responsabilidades para outros, um pouco na esteira do Prof. Moreira ou do Dr. Soares, que afinal nunca tiveram a ver com nada!
Começo a perceber porque é que “O Artista” foi nomeado para dez Óscares. Estamos no tempo de mudez, e só aos gerontos lhe é dada palavra.
Aguardem pela Páscoa, quarenta dias depois de um Entrudo que já era, para que eu faça uma crónica adocicada.
Fernando Pereira
5/2/2012

3 de fevereiro de 2012

Fado tropical/ Ágora/ Novo Jornal 211 / Luanda/ 3--2-2011





Agustina Bessa Luís é talvez uma das portuguesas que melhor escreve, embora os seus romances sejam algumas vezes entediantes no conteúdo, mas perfeitos na forma. Numa reflexão Agustina escreveu em tempos que “O medo faz as pessoas extravagantes, mas não as faz originais", e ainda "Uma nação não nasce duma ideia. Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissões necessárias ao ministério dos povos sobre os seus infortúnios".
Esta introdução sugere-me, não sei se apropriadamente, que na transformação política de Angola passou-se de uma fase embrionária num marxismo-leninismo remendado, para uma fase actual de arremedo de narcisismo-leninismo. Vou tentar explicar: Vive-se com alguns preconceitos marxistas, estruturas policiais e politicas nalguns casos eivadas de leninismo, oportunista q.b. nalguns casos, e no contexto global, um narcisismo que nalguns momentos se confunde com epifenómeno de cariz novo-rico mas com léxico, insinuação e ameaça com contornos e tiques do pior do leninismo.
Provavelmente estou a cometer erros de avaliação, uma situação do tipo “sapateiro a querer ir para além da chinela”, mas esta é a minha leitura de algum enviesamento no quotidiano esfusiante do País, onde o presente é de confiança e estabilidade, apesar de encolhos nalguns aspectos de carácter social.
Mudando de assunto. Angola tem recebido milhares de expatriados nestes últimos anos, algumas delas pessoas que deixaram Angola antes do 11 de Novembro de 1975, e que não conseguem despir ainda alguma dose de catarse em situações do quotidiano, pese embora reconheçam o esforço feito pelas autoridades do País em termos de construção de equipamentos, melhoria da qualidade de vida das populações e uma dinâmica maior da economia.
Instados a comentar as transformações entre a Angola que deixaram inopinadamente, e o que vão vendo no regresso vamos assistindo a comentários, nalguns casos risíveis sobre múltiplos aspectos até atingindo foros de alienígena em situações particulares.
Nas romagens de saudade vão tirando fotos em catadupa, e na realidade metade da viagem que vão fazendo serão de olho na lente. Uma das coisas que os deixa muito tristes, a título de exemplo, acaba por ser o estado dos cinemas onde há trinta e cinco anos, quando tinham entre 12 e 30 anos, passavam tardes de encantamento recordando espectáculos e filmes que perpetuaram no tempo, assim tipo “Musica no Coração”, “My Fair Lady” ou o “Lawrence de Arábia” entre outros que ao tempo enchiam os ecrãs, os corações e hoje tudo isso misturado em recordações.
O estado do Miramar, N´gola, os desaparecidos Kipaka e Colonial, S. João, S. Paulo, África, Tivoli, SMAE, em Luanda e outros pelo país como o Arco-íris no Lubango e o Flamingo no Lobito, a título de exemplo, são as situações que os deixam mais tristes, não conseguindo perceber que todo o conceito do cinema e do espectáculo mudaram nos últimos vinte e cinco anos com a generalização do Vídeo/ DVD/ Torrents, e a existência de salas pequenas em superfícies comerciais, para a pouca gente que vai ver cinema fora de casa, sendo a juventude a maior utilizadora desses espaços com Coca-Cola e pipoca a acompanhar.
Faço-os sentir que em todas as cidades capitais da Europa fecharam mais cinemas que em Luanda, bastando ver a título de exemplo, que em Lisboa de todos os 56 nos anos 70, só o Londres ainda está a trabalhar, para não falar do Porto, cidade onde nasceu o cinema em Portugal, onde já não há nenhum dos que havia há quarenta anos, e já agora em Coimbra resiste o remodelado Gil Vicente porque pertence à Universidade e tem uma enorme utilização dos grupos teatrais universitários.
Em Lisboa a maior parte deles ou estão em ruínas (Condes, Olímpia, Arco Íris, Nimas, Alvalade, 404,Capitólio) ou foram demolidos para outras construções ou adaptados a outro tipo de comércio (O Salão Lisboa passou a loja de tecidos, o Animatógrafo a Sex-Shop com espectáculos ao vivo, e o Cinebolso uma loja de chineses, entre várias outras experiencias).
Talvez seja legítimo sentir que eles também são de Angola, porque não há proprietários da nacionalidade dos outros, mas também é absolutamente necessário respeitar os angolanos de hoje onde se fez uma sociedade africana que trouxe a identidade que se desejava, e já agora , a título de exemplo convém referir que esses cinemas de 1000 lugares eram mesmo de outro tempo que já se finou no revoltear da história.
Nós por vezes damos tiros nos pés, mas o que acontece também é que às vezes a asneira é tão grande que damos quatro tiros e aí temos pena de ter feito figura de solípedes.
Fernando Pereira
31/1/2012
Related Posts with Thumbnails