29 de novembro de 2007

Serviço Militar a obrigar!


Meus caros
Não venho para aqui para disputas...Se as quisesse procurar bastava-me entrar em certos locais e dizer uma "frase assassina" e estava a coisa montada...Estou aqui para opinar e aceitar as opiniões, que na maior parte das vezes divergem das minhas...
Eu quando falei do canto IX dos Lusíadas não quis falar dos velhos do Restelo, que acho que está no canto IV, mas sim na descrição de certos actos pecaminosos, e daí a Igreja sempre ter olhado com enorme desconfiança a maior peça literária da língua portuguesa...
Vou-vos reproduzir uma coisa engraçada de um poeta português que poucos conhecem e que se chama Mário Henriques Leiria....
"Torah
Jeová achou que era altura de pôr as coisas no devido lugar. Lá em cima acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois em conferencia, cimeira, claro.A primeira se não estou em erro.
No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
-Está aqui tudo escrito. Tudo è assim mesmo e não há qualquer duvida. Quem não quiser que se vá embora. Já.
Alguns foram
Então começou o serviço militar obrigatório, e fez-se o primeiro discurso patriótico.
Depois disso é o que se vê"

Um abraço
Fernando Pereira

A Liberdade e a Frescura


Meus caros..isto são pequenos exemplos para o debate, e alguns deles nem são da minha lavra.....O Conselho das Igrejas Sul-africanas declarou-se indignado com o apelo do Vaticano, , para que os católicos contaminados pelo vírus da sida renunciem ao uso do preservativo.
«Estou chocado e desgostado com a Igreja católica», afirmou o padre Joe Mdhlela, porta-voz do Conselho, referindo-se ao apelo do Vaticano contra o uso do preservativo, justificado por razões de índole moral.

Mdhlela sustentou que na perspectiva do SACC, incluindo os representantes da Igreja Católica que o integra, o Vaticano não está a tomar em consideração «as realidades do mundo». «Existem provas médicas indiscutíveis de que os preservativos podem ajudar a salvar vidas», sublinhou.

«A HIV/sida é uma pandemia, e a nossa convicção é tudo fazer para salvar vidas e conter a propagação da doença», acrescentou.

JP2 esteve 25 anos no cargo mais importante da ICAR, proclamou 476 santos e 1314 beatos enquanto os seus antecessores, todos juntos, se ficaram por 300 canonizações e 1310 beatificações.
Sabendo-se que a sua principal ocupação foi rezar e dar conselhos sobre moral, fica-se estupefacto com a produtividade deste emigrante polaco que criou ainda 232 cardeais.
Se não fossem os esforços despendidos a combater o preservativo, e a promover a castidade poderia ter ido ainda mais longe nesta onda de santidade.
Percorreu uma distância equivalente a quase 29 vezes a volta à Terra e quase três vezes a distância entre a Terra e a Lua, a promover a ICAR e a espantar o demo.

«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não o pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser céptico, ou melhor dizendo indiferentista.»
(Sampaio Bruno, in «A Questão Religiosa», 1907)
Eu não sou detentor da razão, já aqui foi provado, e por pessoas que duma forma séria contestam as minhas opiniões...Gosto de debates...e que eles sejam protagonizados por pessoas com argumentos convincentes que me façam calar em determinada altura, o que prova que o debate está a ser conseguido com uma carga argumentativa assente em conhecimentos fundamentadamente científicos.
Não pretendo discutir ou beliscar a fé das pessoas, por muitas coisas que vá vendo e que não acredito...Eu suporto-me em factos históricos.
Acho que quem leu a minha introdução no texto sempre me ouviu falar de homens..Não falo de divindades, nem ataco a religião católica...Ataco pessoas que em determinados momentos se apropriaram da Igreja, essa sim, actor principal da história dos últimos dois mil anos!!
Não sei se leram o ultimo parágrafo da introdução ao texto onde elogio João 23, PauloVI, D. Helder da Camara, o Bispo de Nampula, podendo acrescentar D. António Ferreira Gomes, D. Eurico do Nascimento,"Os padres brancos" de Moçambique, Felicidade Alves, Mário de Oliveira, Cónego Manuel das Neves, Padre Joaquim Pinto de Andrade, Desmond Tutu e tantos outros que foram vozes incómodas da Igreja e dos regimes totalitários a quem a Igreja prestava subserviencia.
Não peguei no Canto IX dos Lusíadas para ilustrar o que quer que fosse, não peguei em Alberto Caeiro (heterónimo de Pessoa) como “menino desceu à terra", nem peguei nas versões de Alberto Pimenta para ilustrar o que quer que fosse!! Nem sequer fui ao ponto de pegar nos "Ballett Rose" descritos na Time em 1967.
Eu procurei criar um tema em que se discutisse, em que se tornasse possível saber que há gente que talvez não pense segundo determinados padrões quase comuns, e que se possibilitassem novos debates sobre coisas que são o nosso quotidiano, ou que de certa forma foram o nosso quotidiano...nalguns casos de mistificação histórica!!
Por exemplo alguém sabe quanto custou o reconhecimento papal pela independencia de Portugal?? E quando Portugal pagou simultaneamente ao Papa de Roma e Avignon para que as fronteiras fossem determinadas, ao contrário do que fez Castela que só pagou ao Papa de Roma!!...Como foi a verdadeira conquista de Lisboa aos mouros???...São pequenos detalhes que importaria serem conhecidos, caso alguém quisesse!!
Porque é que a carta do achamento do Brasil de Pero Vaz de Caminha chegou a Portugal truncada???
Pequenos detalhes...e por tudo isso não vale a pena pegar nas palavras dos outros e desconstrui-las, vale a pena sim apelar a algum cartesianismo discursivo para podermos discordar no factual e não na pequena trica subjectiva, sempre mais fácil..mas que não leva a lado algum!!
Um abraço
Fernando Pereira

25 de novembro de 2007

Páteo das Cantigas!



De facto, houve uma imagem que na Angola colonial nunca mais me saiu da retina...Creio que no Lobito, numa viagem presidencial do cabeça de tarro, na altura o Deus Tomás,(que felizmente para o Mark Twain nada tinha a ver com a figura do Pai Tomás, o da Cabana)...Mas dizia eu, o Tomás que ia no "Principe Perfeito" foi recebido no cais por um rancho folclórico, com os pretos todos vestidos como se na praia da Nazaré estivessem, e curiosamente a dançararem o vira do Minho...Enfim uma imagem de facto no minimo degradante quando o mais alto dignitário do País, que descolonizou mal(!!!), tinha estas aberrações no tempo em que colonizava bem!!! O "cabeça de tarro" deve ter dito á chegada, o que dizia invariável mente: ´"esta é a primeira vez em que estou aqui desde a ultima em que cá tinha estado".O caricato dessa situação foi mesmo quando há noite, lhe foi oferecido um sarau de ginástica num clube do Lobito, onde a plurriacilidade era evidente,mas com o pequeno senão de não deixarem entrar pretos nas suas instalações...Refiro-me ao" Lobito Sports Clube", que a par do Tamariz, imitavam o Flórida no Lubango, o Clube dos Caçadores e o Clube Naval em Luanda, o Recreativo no Uíge, o Clube dos Caçadores em Benguela e tantos outros por Angola na restrição à entrada de pretos... Posso lembrar que a Paris, a Versalhes e a Royal, em Luanda,só depois da liberdade de Abril de 1974 começaram a tolerar a entrada de miscegenados e pretos.De facto Portugal era do Minho a Timor um verdadeiro " Pateo das Cantigas", ou melhor muita gente acreditava que sim!!! Poupem-me, ou então o único que estava certo naquele filme era mesmo o Vasco Santana, enquanto andava atrás do candeeiro.Para os portugueses que viviam em Angola, ou luso-descendentes, na quase generalidade vivia-se em Angola um pouco a situação do "pateo das cantigas"..tudo se resumia ao arco..daí para fora era perfídia, era o demo, era o escuro dos muitos que queriam só destruir aquele lugar de paz, cantigas, harmonias e alguns amores trocados.A loja do Evaristo era bem a síntese do fubeiro do mato,onde se vendia desde óleo de linhaça a linhaça para óleo,discos do Teixeirinha,Gabriel Cardoso, Rui de Mascarenhas e outros, açúcar mascavado e sarro de pipa com água, que toda a gente se atrevia a chamar vinho... Era essa a imagem do que nós vivíamos e não temos de nos envergonhar e assumir que vivíamos iludidos no meio de tanto odor e também algum torpor.Colocavam-se capelinhas a santos e santas devotas, faziam-se corridas de motas e automóveis de voltas,concursos de misses, escolhidas entre brancas mais ao menos ao jeito da costureira do quadro da "Canção de Lisboa", enfim muita graça no meio de tanta desgraça.Sei que quem me está a ler, está danado comigo, mas também sei que sabem que eu sei que tenho a razão toda do meu lado. Por tudo isto continua a subsistir uma pergunta??? Era fácil fazer a descolonização??' Talvez fosse porque 96% da população do ultimo senso colonial era analfabeta, população branca incluída.82% viviam abaixo do limiar da pobreza, para além de outras referencias que poderia aqui dar, mas só dourariam a pílula da colonização que envergonha os governantes de Portugal de antes de Abril de 1974, os generais da "brigada do reumático" e os farsantes que eram ilibados em tribunais de "ballett roses" e outras coisas bem mais graves...Neste páteo a partir de certa altura deixei de gostar de estar, mesmo com sapatos polidos por engraxadores descalços, andrajosos e famintos, curiosamente pretos numa sociedade que se dizia multirracial...E nisso não mentiam, sapato para o branco,e pé descalço para o preto..Estranha forma de multiracialidade, educação cristã e são convívio entre as populações...
Fernando Pereira
13-05-2004 01:16

24 de novembro de 2007

Sala oval...uma Ova!



Publicado por Karipande em 01-03-2005 às 02:53:



Porcos, maus e feios




Tem andado a aparecer uns pupurentos cardeais, todos com ar de quem suam em bica, que fumam cigarros atras de cigarros, com cores de quem tem o figado nas bochechas, fruto dos prazeres da carne e das etilicas bebidas que vão mamando entre orações e sexo de palma na mão. Com aquelas provectas breguilhas onde podiam alojar uma pleíada enorme de tomates (não legumes), eles lá vão enganando a malta em relação à saude do papa...Hoje quando ele apareceu na clínica, fiquei com a ideia que a Mandala, enviou para lá um boneco da contra-informação, para sorrir aos peregrinos. Segundo se diz por aí, há uma proposta de abertura de um casino em "Fétima terra de Fá"... Quando abrir irei lá gastar uns niqueis... Vocês já imaginaram ,que o Jackpot pode sair numa sequencia de 5 Virgens Maria na mesma linha, que uma sequencia de 5 pastorinhos em linha dá para ganhar 500 moedas, e que tres capelinhas das aparições dá para ganhar 50 moedas...os diabos são os que vão sair mais porque não dão nada de nada...Vou partir a moca a rir... O casino deve-se chamar, casino João Paulo II...Claro que como quem vai administrar o jogo vai ser a padralhada, quem vai levar os prémios na bandeja vão ser freiras, vestidas a preceito...Notem o que a globalização faz....Virão certamente para aí uns quantos dizerem raios e coriscos desta intervenção, mas devem calar-se, porque toda a gente sabe que a Alitalia e a Pepsi-cola fizeram um acordo de pareceria para a viagem de SS o Papa à América Latina em tempos idos, o que de certa forma abre um precedente para que qualquer dia se vejam os Padres com Revigrés à frente, BES e PT atrás quando estiverem a pregar missa, e o Licor Beirão ser patrono de um Santo, ou mesmo a Control patrocinar o arranjo de uma pia baptismal...São coisas que podem ocorrer...


Fernando Pereira

Sala oval


Publicado por Karipande em 25-02-2005 às 03:51:

Sala oval!!!

Comecei a cogitar (não no quadro do cogito ergo sum) que faria se fosse presidente dos EUA...
Na sala oval não dispensaria a presença frequente de Mónica Lewinsky e outras estagiárias, mesmo que tivesse a maioria do congresso à perna. Gostei do Clinton, até porque me lembra o apelido de uma família de grandes atletas do Atlético Clube de Luanda e todos militantes e simpatizantes do MPLA, onde avulta o nosso saudoso professor Demóstenes Clington de Almeida, que deu o nome à esburacada S. Silvestre de Luanda, mas como dizia gostava do Clinton porque sexofonava pela boca e comunicava por outras bocas quando os problemas de Estado eram stressantes...Era um homem com grande sentido de Estado, e dava também um afirmativo sentido ao estado das suas pendurezas, que segundo se dizia eram as mais poderosas do mundo.
Tendo saído o Clinton da presidencia dos EUA, admito que o Bush tenha começado a colocar Lauroderme no rabinho moreno da Rice, ficando com as pendurezas livres para serem amassadas num qualquer cavalo num rancho no Texas...Possa que diferença entre os democratas e os republicanos na sala oval...Vejam logo como as pendurezas são tratadas por um presidente republicano ou um democrata!!! Eu se fosse presidente dos EUA tinha sempre debaixo da minha secretária............................Uma escalfeta!!!
O ZecaraNamibiou, e já anda a disputar a "pena de ouro", mas cá para mim começou mal...Começou por contar um jogo de futebol em Moçamedes , no ambito da Bufa...De facto o melhor que acontecia em Moçamedes no tempo colonial era mesmo a presença de uns galfarrões do Namibe....Parafraseando o título de um livro de Levi Strauss, só posso dizer: "Tristes Trópicos".Estou a ve-los todos garbosos no fim, a cantarem o "Fado das Trincheiras" do Fernando Farinha, e o pessoal do Namibe todo a bater palmas porque o Lubango era quase o que Alexandria foi para o Egipto antigo.
No resto do espaço a modorra habitueira, com um detalhe que a Kalu descobriu: Há pretos no Maputo!!! E dizem "Boa tarde"...Julgava que Darwin ainda não tinha ido a Maputo...Afinal em África há pretos, como na Cova da Moura, na Estrela de África e em tantos bairros nos limites da capital do império, ou a trabalharem em andaimes(e quando já não são precisos, os patrões, com a cumplicidade dos que vão ao funeral da Lucia, e praticam caridadezinha dizem: Andaime daqui para fora e rápido, sem direito a desemprego, Segurança Social, Assistencia Hospitalar, Seguro e por aí fora)...De resto , os que se admiram com os numeros das estruturas internacionais, a saga explorateira do Nóbrega e dos seus defuntos carregadores, e os textos enredados de uns quantos que despercebo o que pretendem com tantas bana(na)lidades que escrevem...Bem hoje estou aborrecido em parte, porque o Sporting passou uma eliminatória da chamada "taça dos remediados", mas pelo menos o Benfica ficou pelo caminho, às mãos de uma equipa de "4ª categoria" (Como diziam os lampeões quando o Porto lhes ganhou em Moscovo)...Nem tudo foi mau...
Um abraço
Fernando Pereira


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Karipande-Pena de Ouro!


Publicado por Karipande em 23-02-2005 às 01:36:

Não eram os egípcios que escreviam em vampiro???

Tenho andado no mínimo desmotivado, apesar de ter ficado contente com a derrota do Lopes (Já vem os de sempre dizer que não tenho nada que me meter com a política portuguesa, mas a realidade é que já tive de o aturar como autarca quatro anos, e de facto a única coisa que temos em comum eram os boxers, cor de rosa da Throthleman e a presença assídua num bar na Figueira, donde curiosamente o tipo saía invariavelmente depois de mim). Mas quanto ao resto ando meio for(ni)cado, pois estou farto de neve e chuva gelada.
Escrevo, porque invariavelmente me vão pedindo!
Mas os temas estão muito chochos...Por exemplo falar da irmã translucida, um verdadeiro Conde Monte Cristo da Igreja Católica...Lixaram a vida toda à mulher...Encerraram-na num convento aos 14 anos (que fazíamos nós aos 14 anos???) e nunca a deixaram falar com ninguém, para alem de inventarem erros históricos grosseiros, para fabricarem um espaço de negócio algures num buraco na "Área Protegida das Serras de Aires e Candeeiros". Esta situação da Irmã Lúcida, obrigou-me a reflectir, e quase que nem olho para as árvores para que nunca me apareça virgem ou senhora nenhuma, pois isso daria cabo da minha vida..Iria parar a um convento, frio, haviam de escrever umas tretas e diziam que tinha sido eu, tinha de apanhar com algum papa incontinente, no meio de cardeais a cheirarem a incenso e tabaco e a disfarçarem o mau hálito com pastilhas Valda palmadas nalguma farmácia, onde a dona nem se importaria pois era só uma caixinha de metal que um dia lhe podia abrir as portas do purgatório, tipo atrium de um hotel, enquanto se espera se o Visa ou o Masterceu seja validado para se viver com anjos toda a vida. Deixava de poder vestir Lacoste, não me autorizavam a andar com um hábito azul e branco a dizer Revigrés à frente e PT nas costas; Deixava de poder usar sapatos Sebago, e andava com umas sandálias que me acentuariam o meu pequeno joanete de estimação. Passaria a ter de ser sexualmente autónomo, poderia até dizer que era um habitante antigo de Santarém (que se chamava Punhete), e passava a olhar com olhos gulosos os rabos rosados dos outros frades, aguardando sempre que algum deles apanhasse o sabonete. Como normalmente enviam a malta que tem visões assim para as ordens piores e com menos recursos à disposição, iria receber um fato castanho ou branco com um capuz e uma corda a substituir o cinto, corda essa que tinha de levar um nó por cada pecado..Acho que comigo o que aconteceria era fazer nós no meu e no que puxa o balde do poço, porque estes tipos com a mania dos sacrifícios nem água quente tem...Da comida e da bebida talvez não me queixasse, porque sei que os conventos (e marés..era a palavra de ordem do Lopes) sãolocais onde reina a boa comida e boa bebida, embora sejam frequentes os gazes e os arrotos nas orações, e como tem poucas casas de banho talvez me obrigassem a ir ao único objecto que eu detesto...o penico. e Depois quando morresse tinha fortes probabilidades de ter lá o Papa com seguranças, a orar, milhares de tipas feias a visitarem o meu belo corpo e ainda por cima com escuteiros a fazerem-me vigília..Porra....Eu juro, mesmo que veja alguém, por muito parecida que seja com a Cindy Crawford em cima de uma árvore, vestida ou despida , eu nunca direi que vi o que quer que seja, senão tramo-me como se tramou a srª Lucia de Jesus dos Santos durante 80 anos...
Sei que vai haver quem não goste...Paciência, coma peixe cozido com couves galegas!!!
Fernando Pereira

Sobre Karipande...mesmo!


Publicado por Karipande em 22-02-2005 às 02:30:

Não Catrineta!!!

TEnho andado meio forcado...tem a ver pouco com touros, mas acima de tudo com a pasmaceira que aqui vai...Esta pérola que descobri na net...(Porque já começo a duvidar que havia guerra em Angola)

"Carnaval" em Karipande

A 16 de Fevereiro de 1971, comemorava-se o Carnaval.
O Comando da Zona Militar Leste planeara fazer um bombardeamento a populações a Norte do Luso e ordenara que se pedissem dois aviões e dois pilotos a Luanda e que se informassem os aquartelamentos circundantes dos alvos, para complementar a acção.

Mas o bombardeamento não aconteceu. A mensagem saiu para todas as unidades menos para o local onde estavam os pilotos.

Na manhã de 17 de Fevereiro, o primeiro-sargento Azeitona Costa batia-me à porta de casa avisando-me para que me preparasse porque poderia ser preso.
Limitei-me a sorrir e a perguntar se tinha direito a cama e alimentação e a resposta foi afirmativa.

Retorqui dizendo que não havia qualquer problema porque preso já eu estava porque não podia sair da cidade...

O alibi estava traçado.
Nessa noite de Carnaval o aquartelamento do PC/AV de Caripande, lá bem no Leste, tinha sofrido um ataque de grande envergadura por parte do MPLA e segundo as muitas mensagens recebidas foram alvejados com 113 morteiros e lança-granadas-foguete e armas automáticas.

As mensagens classificadas de Relâmpago e Imediato eram muitas e grandes. Em suma, os quatro operadores trabalharam toda a noite e essa circunstância foi aproveitada por mim para me esquecer  de requisitar os pilotos.

Havia um obstáculo.
As mensagens tinham, obrigatoriamente de ser conferidas por outro cripto, o que na prática não acontecia, pois era-lhe colocada na frente para assinar de cruz. Reinava a confiança mútua.

Havia que escolher quem merecia a confiança para alinhar num acto tão importante que iria poupar muitas - mesmo muitas - vidas.

E levei o resto da noite a preparar o Zé Luís para a situação. De vez em quando dizia-lhe: acho que há qualquer coisa que não está certo. Não sei o que é, mas tenho a sensação de que falta qualquer coisa....

No dia seguinte, primeiro-sarg. Azeitona Costa e alf. Serra ouviram as minhas explicações e pouco mais confusão houve porque tudo estava bem montado e correcto.

As mensagens recebidas do PC/AV de Caripande davam conta de que não tinha havido feridos e que os nossos militares ainda tinham recuperado muito armamento ao "inimigo".

Mais tarde as mensagens assinalavam novas coordenadas para o aquartelamento, o que queria dizer que tinham recuado cerca de cinco quilómetros para o interior de Angola.

Ao ler António Lobo Antunes em "Os Cús de Judas" e "Memória de Elefante" ficamos a saber que ele, como médico, teve bastante trabalho com os feridos.
Publicado por Jorge Santos - Op.Cripto em fevereiro 21, 2004 12:50 PM


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23 de novembro de 2007

Foi em tempos publicado num site virtual de retornados, sendo eles reais demais!



Publicado por Karipande em 15-02-2005 às 01:58:
Vampiros...nunca!! Noctívagos sim...(crónicas de coisa nenhuma)!!!

Sou um pouco elitista...Porque sou da cidade, embora aqui e ali vá fazendo concessões aos que do mato se esforçam para poderem à vista desarmada ser confundidos com os da cidade...
Por isso, e porque a crónica dos vampiros, passou a ser um fórum de conhecidos de almoçaradas e jantares, resolvi começar a escrever aqui...Hoje, no dia seguinte ao dia dos namorados, 2 dias depois da morte da Srª Lucia de Jesus Santos, 11 dias depois do 34º aniversário do 4 de Fevereiro de 1961... Este espaço que crio é só para dizer mal, porque quem quiser dizer bem que vá à concorrência, que mais parece um Inatel de "turismo quase sénior de retornados"...Sei que pareço bruto..mas gosto assim e gosto pouco de meias-tintas... Quero que se lixe se pensam que me importo que a ultima análise à urina do Santo Padre tem vestígios de pão ázimo, quero lá saber que o Tony Carreira canta tudo em dó menor, quero lá saber se o Samakuva usa peúgas de lycra, quero que se lixe se Toronto tem lixo nalguns bairros, quero que se dane se certos tipos negoceiam com Angola (oxalá sejam aldrabados pelos angolanos), quero que se danem os ciganos do Laranjeiro...e por aí fora...
Estou um pouco farto de paz...na guerra vejo o que nos une, e o que nos diferencia..na paz só vejo que uns tentam lixar outros debaixo do mesmo tecto...
Podem dizer..este tipo passou-se...Não, não me passei, o que não gosto nada é de "compromissos históricos", como também não gosto de louça da Sanitana, não me lavo com sabonete do Legionário da Nally, não gosto do João Maria Tudela, nem do Calvário, nem do Santokas...Estou farto de ouvir falar de mangas deliciosas no Uige..porra eram cheias de fio...morangos do Chinguar, minúsculos e nunca cheiraram a morangos, e azeitonas do Namibe, possa eram ácidas... Estou farto de histórias de caça grossa..e nunca ninguém falou da caça que se fazia no Tamar, ou no Calema no Lobito...Bahhhhh...Olha fiquem a aguardar o "Hotel Rwanda" e talvez fiquem pesarosos por uma África que teimosamente teimam em tanto falar e não ver.....
Tenho mau feitio...óptimo!! Prefiro assim...
Fernando Pereira
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Publicado por Karipande em 15-02-2005 às 16:10:
Frequência...


Eu hoje estou francamente indisposto...Ligo a Tv e vejo uma constelação de barguilhas ou breguilhas, a desfilarem e uma imensidão de gente onde não consigo encontrar uma rapariga bonita...Hoje nem o início do Rex consegui ver no canal de Carnaxide, eu que estou habituado a fazer coincidir o fim da minha toma do café com o cão polícia austríaco a partir o vidro, sem se aleijar (e note-se faz isso todos os dias). Hoje só dá mesmo a evidente, e no telejornal fiquei a saber que o ministro da defesa de Portugal, era da família da Srª Lucia. Fiquei perplexo pois julgava-o familiar do aviador Sacadura Cabral, que sendo um pioneiro na aviação portuguesa, e audaz ao tempo, conseguiu antever que poderia vir a ter um sobrinho-neto deste calibre e num arrojado voo desapareceu nas águas porventura geladas do Mar do Norte, evitando assim que o seu corpo pudesse vir a ser martirizado por tão mau descendente...Não sabia era que o Sacadura Cabral era familiar da Sª Lucia de Jesus dos Santos. Porventura, apesar de estarmos a falar de Coimbra, não estou a falar daquele comentador de esquerda, o Porventura Sousa Santos (que se diferencia do comentador de direita Nuno Rogeiro, porque não conseguiu fazer a colecção de brinquedos militares do Planeta Agostini), mas dizia eu Porventura a senhora em causa, podia ser sim familiar de vários santos, que por obras valerosas colocaram o santos no seu apelido e não no seu nome...como por exemplo o já citado Porventura, o Almeida, o Ze Eduardo, ou o Fernando (o engenheiro do Penta). Eu hoje ando aborrecido porque os pessegueiros do meu quintal começaram a fazer desabrochar as folhas, o que não deixa de ser mau demais, pois ainda se está em pleno inverno, e como em tudo há tempo para nascer, viver e morrer...Este ano, por este andar não vou roer os pêssegos, nem as pessegas, porque não vão resistir às intempéries.
Este fio, é diferente dos outros...O único sangue que aqui queremos é numas morcelas da Beira com grelos regados com azeite, em galheta préviamente aquecida...Por falar em galhetas...há aqui quem precise de algumas, e eu de bom grado as darei...
Um abraço
Fernando Pereira
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Publicado por Karipande em 15-02-2005 às 20:00:
Já tenho missas para dez anos...!!!

Hoje fui cortar o cabelo...corte muito curtinho , para só voltar à cabeleireira daqui por muitos meses. Fui e a cabeleireira tinha a TV ligada...Como não tem cabo,já que é ainda uma cabeleireira que está em princípio de carreira, todos os canais estavam sintonizados nos canais portugueses, e tive de gramar com a missa da Sª Lucia Santos...Veio-me à memória as razões porque larguei o meu anterior barbeiro; Passo a contar: Eu nunca gostei de barbeiros muito loquazes, daqueles que falam de tudo, mas aqui no burgo era o que denunciava maior higiene no estabelecimento! Bem, eu ia lá por volta das 18h, e invariavelmente tinha de gramar o terço, já que ele tinha um radio na banca sempre sintonizado na RR...Era um espectáculo no mínimo Felliniano, ouvir o som da tesoura no meu cabelo fino,escorreito e lavado, entrecortado com avés marias, pais-nossos e outras rezas que não sei o nome. O barbeiro, sabendo que eu não era para grandes conversas, lá ia enrolando a língua num murmúrio a acompanhar o que se ouvia na rádio! Não foi por causa disso que deixei o barbeiro, foi porque entretanto entrou um lampião e sendo o barbeiro um lagartão, começam a discutir um jogo qualquer entre equipas menores em Portugal (um Benfica-Sporting) e o tipo a certa altura já me tinha largado para explicar com a tesoura, o pincel da barba, a navalha e outro artefacto qualquer como foi roubado um lance qualquer...a determinada altura estava eu na cadeira com uma bata enfiada, com meio cabelo cortado e o barbeiro e o recem-chegado a lutarem pela posição do João Pinto (que julgo que era o pincel da barba) e os outros instrumentos, cada um deles fazendo de jogador...Enfim, tive de me impor e pedir para pelo menos o barbeiro acabar o trabalho..e ele assim fez, sem eu deixar de levar umas tesouradas no couro-cabeludo, que mais pareciam pedradas, tantas as mossas que me deixaram, na minha cabecinha de ouro.
Mas de facto hoje foi missa a mais para o meu gosto!!!
Por falar em corte de cabelo...Em Luanda, onde tinha um barbeiro que foi assassinado para o gamarem, eu estava aflito para cortar o cabelo...Já estava com o cabelo desgrenhado pois tentei um barbeiro ao pé da Biker, que sabia tanto daquilo como eu de "moinhos de marés", já que de lagares de azeite sei como funcionam( e acima de tudo como roubam) e o que é certo é que fizeram-me um corte que foi a risada generalizada de todos "Chez moi". Aproveitei uma viagem de serviço a Brazza, e fui a um barbeiro local, sem desconfiar que a África de expressão francesa, é bue parecida com a de expressão portuguesa. Estultice minha, pois o barbeiro fez-me um "corte á Paris", que era um penico notável, e que fez de mim um Santo Antoninho perfeito, e que apesar de muitas tentativas de rectificar nunca o consegui nos tempos mais próximos dessa ida ao melhor coiffeur de Brazza...O tipo pelo menos tinha uma vantagem...Fazia obra perene...
Arrependi-me de ter escrito sobre o tio-avô do Portas, Sacadura Cabral, porque com esta vontade de missas do sobrinho-neto, ainda me arrisco a que ele venha a promover uma missa de corpo-ausente ao insigne aviador...
Um abraço
Fernando Pereira

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Publicado por Karipande em 12-03-2005 às 03:05:

Anda aqui algo que não bate a bota com a perdigota!!!

Este espaço sempre foi um espaço para pessoas inteligentes....Escrevo cá eu, portanto, alguma garantia de qualidade, isenção, educação e tolerância, para além de outras qualidades que me reconhecem e que a colocá-las aqui iria de certa forma menorizar muita gente. Também tenho o atributo de ser modesto, e por vezes certos elogios, embora habituado a recebe-los, fazem-me corar, e não pretendo que esse corar seja interpretado por alguns detractores meus como uma situação de ebriedade, ou "ter o fígado na cara", como diz o meu caro jornalista de eleição Batista Bastos.
O que se notou neste espaço foi uma intromissão abusiva de certas pessoas, contra quem nada tenho, mas que de facto se compararmos o que escrevem com os meus brilhantes escritos, e aproveitando os bonecos do Pedro, é comparar o olho do que está uns cms abaixo do koksis com as portas do sol. Eu posso perceber que poderia dar uma mão a certa gente, que depois se iria vangloriar que o Karipande até escreveu em resposta a um texto deles, e talvez mesmo alguns incautos os começassem a olhar com alguma reverencia, pois tiveram textos que foram objecto de atenção do "pena de ouro" do site, e doutros locais : O enorme Karipande.
Muitos de vocês ,eu sei do que falo, já colocaram no curriculum que o Karipande lhes deu atenção, e só isso abrir vos-á portas em muitos lugares. Até aqui tudo bem...Mas há um detalhe, tem de se esforçar muito porque não é nada fácil escreverem da forma escorreita como o faço, e fundamentalmente com a visão alargada que tenho do mundo e da vida, e também com o saber ser da esquerda solidária e sempre no combate pelas reviravoltas sociais da história em favor dos oprimidos, e dos que apenas tem todo o "amor do mundo na palma da mão".
Agradeço-vos a guarda de honra que me fazem, e só vos peço uma coisa, para vosso bem, instruam-se, leiam, aprendam a ver o mundo, nem que seja preciso recuar para começar a perceber coisas a partir de certos inícios.
Este local não é para dizer mal, é para dizer o que se quer atingir algo duma forma mais sardónica, e aí há poucos em condições de me acompanhar, tenho de o assumir sem falsas modéstias...Voltem quando começarem a sentirem-se seguros de convicções, e a serem mais apelativos os vossos escritos.
Com a pedagogia de sempre, próprio dos grandes e modestos, despeço-me com um abraço
Fernando Pereira
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Publicado por Karipande em 16-02-2005 às 03:06:
RE: Não resisti.....

Uma vez li um poeta, daqueles que são mais ligados ao poemerdário, escrever um poema que começava assim... "Sombria era a noite"...Por sinal não me lembro do poeta, mas nunca mais me esqueci da estupidez deste primeiro verso...Ora possa, em qualquer parte do mundo as noites são por norma escuras, mesmo em noites de Lua Nova. Isto é um aparte e nada tem a ver com as boas contribuições que vem sendo dadas a este espaço, onde convenhamos estou a portar-me bem!
Hoje as coisas estão paradas...mas há coisas que a mim me danam....São mesmo os pinguins...Não os que estão aos milhares junto ao mar para abocanharem um peixe incauto que passe por perto, e que passam a vida a emitir sons esquisitos e a levarem com caca de gaivota na sua pele sempre brilhante. O que eu gosto mesmo pouco é das mulheres que se vestem de pinguins, para se dedicarem à Igreja...Vocês podem dizer, porra lá vem este tipo atacar a Igreja católica, mas convenhamos que as freiras são praticamente os abaixo de cão da hierarquia da masculinizada igreja...Uma madre superiora é em termos de hierarquia inferior a um noviço...Imaginem que os transexuais começam a ir para os seminários, ou para os retiros...como podem distinguir-se uns dos outros...Um travesti, cujo sonho maior é ser freira...Como se afere isso??? Confesso, isso baralha-me...e despercebo como podem as mulheres aceitar tamanho estado de servilismo, mesmo quando as razões são ponderáveis, desde o oferecer-se à Igreja, por um namoro mal acabado, por levarem porrada do padrasto, por todas as razões..Que leva estas pessoas a aceitarem o sacrifício, o deixar uma vida sexual activa (muitas delas, pelo ar que tem, teriam mais hiatos prolongados que actividade)...mas é uma questão que vou colocando a mim próprio...Depois aceitam que as suas excelentes receitas de doces conventuais passem a ser conhecidas por "barrigas de freira","Doce conventual","Espigos de santa",e outros epítetos que me recuso a colocar, pelo melindre que isso pode causar....Ou nunca jogaram ao melindre??? É com umas bolas e um buraco e com as mão mede-se a distancia....
Um abraço a todos e beijinhos às senhoras, que aqui apareceram..e até ver a todos..um voltem sempre...
Fernando Pereira

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Publicado por Karipande em 16-02-2005 às 18:02:

RE: Vampiros...nunca!! Noctívagos sim...(crónicas de coisa nenhuma)!!!
Despercebo porque é que este texto mudou de lugar..Mais uma das insondáveis questões que vou colocando, para as quais também não tenho resposta, mas a bem dizer pouco ou nada interessa!!!Bem, voltando às incidencias do quotidiano, começo mesmo a acreditar que se deve iniciar de imediato, a beatificação da Sª Lucia Jesus dos Santos, que no dia seguinte à sua morte e no contexto do 3º segredo de Fátima tirou a voz ao SG do PCP, no debate dos líderes dos partidos concorrentes às eleições do dia 20 de Fevereiro... Começou a calar a voz do comunismo...Pelo que todos que estavam preocupados com a necessidade de certificado internacional na Liga dos Santos já podem ficar descansados pois ela já poderá jogar em breve na equipa principal do Vaticano...Desculpem esta ousadia da tarde...embora isto seja um fio para os que à noite "postos em sossego colhendo doce fruito", pudessem contrariar as crónicas dos que sedentos de sangue, permanecem imunes no seu lugar sem terem algumas visitas indesejáveis (poucas por sinal) que eu comecei a ter por aqui...ou no "frio da noite escura", como normalmente gostam de escrever os neorealistas...
Um abraço
Fernando Pereira

21 de novembro de 2007

Acho que vou debitar umas anti-clericanices!


Resolvi criar este texto, porque ao ver que religião é um tema pouco apetecível para aqui, onde às vezes se clama por liberdade, podendo ser mal interpretado quando se põe em causa "o princípio da infabilidade do Papa"...Portanto este tema é meu e escreve só quem quiser...Pode ser o jornal de parede do Vaticano, numa versão da "revolução cultural" chinesa ao "Observattorio Romano".
Bem sou João Paulo I...morri ao fim de um mês quando quis ver como funcionavam as contas do Vaticano, quem financiava, quem controlava, enfim pequenos pormenores que acabaram por me pôr a dormir definitivamente com a graça de eu por ser Papa nunca poder ser autopsiado, em circunstancia alguma...Mas graças a isso muitos antecessores meus baikaram, como se diz na minha buala. A partir deste momento passarei a ser Torquemada...um santo, que só séculos mais tarde tive um sucessor com igual pedigree...Escrivá de Balaguer, um rapaz aliado de Franco (o tal que ergueu o Vale dos Caídos com prisioneiros republicanos, feitos escravos, na ascensão por ilegitimidade democrática e força de apoios alemães, italianos e portugueses, no dealbar da 2ª guerra).O Balaguer foi beatificado por SS o Papa J.P.2.Continuando...Hoje sou SS o Papa e visito Timor Leste a 23ª província Indonésia, onde até parece que houve um raio de um bispo que foi Prémio Nobel da Paz, e que cumprimentei de soslaio (Consta-se que as razões da saída desse bispo de Timor não foram as mais curiais! Sou o Cardeal Cerejeira que assinou o Acordo Missionário, que foi anexado ao Acto Colonial, em que distinguia portugueses de 1ª , de segunda, assimilados e indígenas!!!Nem no campo da retórica eram todos iguais face à Igreja!!! Sou Pizarro ou Cortez, que a mando dos reis católicos de Espanha resolvi exterminar os pagãos dos Índios e Astecas, que queriam o ouro e a prata para divindades esquisitas, quando o Vaticano precisava tanto desse material. Sou o gestor do Banco Ambrosiano, estou exilado no Vaticano (Um estado criado por Mussolini para ter a SMIGREJA aliada na luta contra os rojos, porque ninguém percebeu que a fraude que fiz foi para apoiar os desígnios do Papa nas missões do mundo...o reino dos homens é cruel às vezes!! Sou Pio XII, e tenho umas fábricas de armas que vendo a Mussolini porque é boa pessoa (um pouco devasso como nós, mas mais estapafúrdio) e detesta os vermelhos!!Sou florentino de gema, sou Papa por vontade de Médicis e tive milhares de devaneios sexuais com muita mulher, até com a minha filha..meu apelido Bórgia!!Sou o Cardeal de Boston...um padre Frederico em versão americana..mas são todos bons rapazes!!Valha-nos Baden Powell adulterado que já aceita meninas para escuteirada.
Mas também sou o Papa Paulo VI que recebeu Amilcar Cabral, Marcelino dos Santos e Agostinho Neto e fui a Goa quando em Portugal ainda estultamente se dizia que “Os sinos da Velha Goa e as bombardas de Diu serão sempre portuguesas” (Como sempre lixou-se Damão, de quem se dizia que Damão ninguém o tira).Sou o Cardeal Romero baleado pelos Somozistas na Nicarágua, sou Helder da Câmara, sou o Bispo de Nampula...Afinal sou tanta e tanta coisa na história...Mau afinal sou eu..
Fernando Pereira

Contos Velhos, Rumos Novos





Publicado por mim no blog "Noite Vertical" do meu amigo Ged





Nestas coisas de andarmos com tralhas às costas, vão-se perdendo muitas coisas, menos as lembranças, ou como se diz em Angola, a "lembradura".


Acontece que aqui há muitos anos, em 1981 eu fui ao Kuito, na missão de reunir com os clubes e associações desportivas, para a construção do primeiro documento legislativo sobre a carta desportiva de Angola, e a lei das associações desportivas, entrei numa loja que era a mais "compostinha" do conjunto de lojas de um prédio, que era o orgulho dos habitantes do Silva Porto colonial, e que passou a ser o emblema mais marcante da ferocidade da guerra desencadeada pela UNITA em 1992. Essa loja era "compostinha" porque efectivamente não vendia nada que pudesse ser utilizado pela população local; De facto esta loja pertencia à CDA (Companhia de Discos de Angola), uma fábrica de discos que existia em Silva Porto, e que salvo erro pertencia à Valentim de Carvalho. Entrei, e fiquei maravilhado com o que por ali vi, o que comprei, e o que tive pena de não ter dinheiro para comprar. Convirá esclarecer que na Angola daquele tempo, se não andássemos com dinheiro atrás de nós, não podíamos comprar nada, e nem o vulgar cheque era possível trocar (Em muitas dependencias do BPA nem o cheque visado em Luanda era aceite).


Foi uma das lojas mais fascinantes que vi em Angola depois da independencia, e aí para além dos Kiezos,Carlos Lamartine,Rui Mingas,Jorge Manuel, Elias, conseguia ter verdadeiras preciosidades, que só me apetecia comprar essa loja, que em tempos se chamou Auto-Reparadora do Bié. Entre vários discos avultavam discos do tipo Luis Aguillé do "Quando Sali de Cuba", o Gabriel Cardoso e a sua "Ericeira",o "Adeus Guiné", o "Kanimambo" do Tudela, para já nem recuar um pouco mais, senão chegaria às nusicas preferidas por um topógrafo, que à frente de uma enorme manifestação, desafiou o governo português para pagar as compensações da descolonização (eheheh). Posso mesmo dizer que comprei lá um disco do meu querido e saudoso amigo, companheiro de tantas noites, o Mário Simões, que nunca vi vender em lado algum.


Podia continuar a falar dessa loja, e dos discos que por lá havia, mas o que aconteceu foi que encontrei um disco de José Afonso "Traz outro amigo também", e perguntei ao Laurindo (ex-jogador do Belenenses e Futebol Clube do Porto), que era na altura o delegado da Secretaria de Estado de Educação Física e Desportos, se sabia quem acompanhava o Zeca à viola? Ele dessabia, assim como todos os outros que por ali estavam a aguardar o início da reunião, inclusive o comissário municipal do Chinguar, terra donde o Carlos Correia, vulgarmente conhecido pelo Bóris (pela sua semelhança com Bóris Karloff, segundo Orlando Ferreira Rodrigues, que se assume como seu padrinho de alcunha) era natural.


O Bóris, andou pelo conjunto do Orfeon Académico de Coimbra, depois numa efémera passagem pelos Álamos e depois pelo conjunto académico Hi-Fi. O Bóris teve como companheiro até 1970, o viola-rimo, Luis Filipe Colaço, um homem de Luanda, que foi durante muitos anos director do Instituto Nacional de Estatística em Angola. O Bóris e Luis Filipe Colaço, foram os violas do José Afonso no disco já mencionado , como tinham sido nos "Contos Velhos, Rumos Novas". Para além disso o Colaço ainda participou nos arranjos do disco de Adriano Correia de Oliveira, o "Canto e as Armas", uma verdadeira pedrada no charco na musica portuguesa, pois o bom do Adriano resolveu dar a voz a um livro proibido pela censura, de um Alegre que clamava por liberdade directamente de Argel, nos negros anos do fascismo em Portugal e colónias.


Resolvi trazer aqui este episódio do Kuito, para poder falar-vos de dois angolanos, profissionais enormes em áreas que nada tem a ver com a musica, mas que fazem parte de um movimento importante da musica de intervenção, e simultaneamente participantes em conjuntos que marcaram o rock português na sua fase pré-histórica.


"Álamos" surgem em 1963, quando José Cid (o próprio, o das "favas com chouriço") decide largar o conjunto do Orfeon Académico para fundar os Babies. Da primeira fase, fazem parte o Daniel Proença de Carvalho (guitarra), o Rui Ressureição (piano) e o Luis Filipe Colaço (guitarra).Em 1968, os Álamos com a saída do Proença de Carvalho (o tal advogado de ca$$os difíceis), à formação anterior junta-se o Carlos Correia (Bóris), o José António Pereira (bateria),José Luis Veloso (guitarra-baixo) e António José Albuquerque (órgão). Quando em 1970 se dá a fuga de Portugal de Luis Filipe Colaço, os Álamos acabam e dão origem com o Bóris e o Ressureição ao Conjunto Universitário Hi-Fi, com a voz feminina da Ana Maria.


Espero ter-vos feito recordar, aos que sabiam deste episódio do muito que se fez por angolanos na Coimbra dos anos 60, e aos que desconheciam que comecem a procurar o "Stop that game", que é o album de referencia dos Álamos.

8 de junho de 2007

Se não houvesse pobres como se distinguiam os ricos?





Amália Rodrigues : Uma casa portuguesa!








Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

Havia uma canção portuguesa que enaltecia a pobreza!





Pobrete e nada alegrete!





9 de maio de 2007

Este texto não é meu...É da Isabela (clique em cima )


As beatas da minha rua




Ouço sem querer as conversas das beatas que passam por mim a caminho da missa das onze, sozinhas ou em grupo, ruminando, enojando-se das cadelas, tendo muito medo que lhes esfacelem a cara e uma orelha; "os cães que se caguem" ou "merda para os cães" dizem, comentam com as outras, muito indignadas, todas enfarpeladas com fato de saia e casaco, e sapato de bico; e continuam devassando a vida da Almerinda, que é uma porca, e a da Angelina, por quem fizeram tudo e nada receberam, e o Eduardo, que não larga o vício, e os filhos já vão pelo mesmo caminho; os costumes das próprias famílias, uma chusma de mal agradecidos. Tudo está mal, tudo é mau e sujo e vicioso excepto o senhor padre, tão lavadinho, e o corpo de Cristo que se regalam de receber no seu.
Dou comigo a pensar que Deus Nosso Senhor havia de preferir que as beatas não frequentassem à missa, e que fossem umas reais porcas, umas incorrigíveis ingratas, umas viciadas e viciosas sem remissão, enfim, umas perdidas, como aquelas em cuja casaca vão tesourando a caminho da missa. Deus haveria de preferir que fossem cadelas como as minhas, que tanto as enojam. Se fossem cadelas, Deus abençoá-las-ia mesmo sem oração, por não haver nelas mancha de pecado. Haviam de roubar uns ossos do caixote do lixo, mijar no tapete de vez em quando, havia de ser uma luta para as meter na banheira, tirando isso, umas santas!
Mas o pior seria o senhor padre, que não aceitaria abençoar cães, nem pregar para eles nem dar-lhes a comunhão, por não estar habituado a pastorear rebanho tão puro. Contudo, se o senhor padre pregasse para os cães, oh, haveria de pregar muito mais certo!


Publicada por Isabela

8 de maio de 2007

Entre em Sena quem é de Jorge de Sena




A talhe de foice...
Jorge de Sena observou um dia: "O nosso mal, entre nós, não é sabermos pouco; é estarmos todos convencidos de que sabemos muito. Não é sermos pouco inteligentes; é andarmos convencidos que o somos muito".



Engenheiro civil e escritor de fim-de-semana, primeiro, depois no exílio voluntário, professor na área das humanidades e escritor a tempo inteiro. Como tantos outros, recusou viver numa sacristia de 92.391 Km2. Abdicou de viver numa pátria povoada de sombrios contentinhos suficientemente «reaccionários» e suficientemente «dos nossos». Partiu com apoquentação de não poder pensar e dizer livremente. Leccionou, escreveu muito, imenso e fabulosamente. Viveu nos Estados Unidos até ao epilogo de 1978.
Homem atento, conheceu e pensou maduramente os americanos. A talhe de foice roubo-lhe um poema lucidamente recidivo.

Ray Charles

Cego e negro, quem mais americano?
Com drogas, mulheres e pederastas,
a esposa e os filhos, rouco e gutural,
canta em grasnidos suaves pelo mundo
a doce escravidão do dólar e da vida.

Na voz, há sangue de presidentes assassinados,
as bofetadas e o chicote, os desembarques
de «marines» na China ou no Caribe, a Aliança
para o Progresso da Coreia e do Viet-Nam,
e o plasma sanguíneo com etiquetas de blak e white
por causa das confusões.
E há as Filhas da Liberdade, todas virgens e córneas,
de lunetas. E o assalto ao México e às Filipinas,
e a mística do povo eleito por Jeová e por Calvino
para instituir o Fundo Monetário dos brancos e dos louros,
a cadeira eléctrica, e a câmara de gás. Será que ele sabe?

Os corais melosos e castrados titirilam contracantos
ao canto que ele canta em sábias agonias
aprendidas pelos avós ao peso do algodão.
É cego como todos os que cegaram nas notícias da United Press,
nos programas de televisão, nos filmes de Holywood,
nos discursos dos políticos cheirando a Aqua Velva e a petróleo,
nos relatórios das comissões parlamentares de inquérito,
e da CIA, do FBI, ou da polícia de Dallas.
E é negro por fora como isso por dentro.

Cego e negro, uivando ricamente
(enquanto as cidades ardem e os «snipers» crepitam»
sob a chuva de dólares e drogas
as dores da vida ao som da bateria,
quem mais americano?

Jorge de Sena
1964

Portugal foi governado pela demência durante quase quarenta anos...Um rato de sacristia,com uma governanta e com galinheiro no quintal, marcou a mentalidade de gerações,que de certa forma se perpetuam no tempo...Em Angola e em Portugal temos os resquícios mentais e materiais do que foi a insanidade de tanta letargia e água benta na resolução dos problemas políticos...Num século, quarenta anos de governo intolerante, num que já era atrasado em relação à Europa, deixou marcas profundas na sociedade e nas pessoas...Ainda hoje o recurso ao padre para inaugurar o que quer que seja em estados laicos, surpreende...é essa uma herança a todos os títulos má...Mas isso sucede em Portugal e em Angola...Vou dar um pequeno exemplo!!
Em 2000 inaugurou-se em Benguela a clínica de S. Filipe,a 1ª unidade privada da província, construída de raiz,bem equipada, etc.,etc. Eu era um dos proprietários e um dos animadores do projecto, e aquando da inauguração os meus sócios quase que me "exigiram" que o bispo fosse a figura quase central da inauguração...
Eu barafustei, mas fui vencido na discussão, e no dia da inauguração lá veio o bispo de Benguela e o acólito fazer as suas récitas e a aspergir o báculo sobre todas as divisões da clínica...eu só recomendei que ele deitasse a água benta ... (impublicável)
Como se vê esta velha prática fica perpetuada no tempo..e mantemos a política da ratice de sacristia nas práticas...em Estados laicos e de tolerância religiosa
Fernando Pereira

Ainda diziam que o tipo não gostava de mulheres! Coitadas delas!





Poesia satírica de Fernando Pessoa
sobre Salazar

António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

.......................

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c'os diabos!
Parece que já choveu...

........................

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...

Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.

Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.

1935

Atrás de tempos vem tempos e outros tempos hão-de vir!



Recordo hoje, aqui e agora os tempos em que a então jovem Republica Popular de Angola não tinha em Portugal uma embaixada, fruto das "mixordices" de Soares e apaniguados, muito dedicados aos valores democráticos da musculada democracia da Jamba.
Nesses tempos um punhado de gente, ia mantendo a trabalhar um "Comité Coordenador do MPLA para a Europa", ali num andarzinho na Luciano Cordeiro, por cima do "Clube das Donas de Casa" e do famigerado "Elefante Branco"...e ironicamente em frente ao jornal "O Retornado". Foi aí que ainda conseguimos recolher algumas coisas subtraídas à CODECO (uma bosta que queria dizer: Comités de Defesa da Civilização Ocidental)destruiu num acto vil, as instalações da Casa de Angola, e que fez explodir uma bomba na Embaixada de Cuba (ao tempo num prédio na Fontes Pereira de Melo), onde morreram dois diplomatas, e que nunca foram julgados por ninguém.
Desse grupo de gente do "Comité Coordenador do MPLA para a Europa", recordo com saudade o Dr. Arménio Ferreira, o Adriano Correia de Oliveira, o Pitra, a Lili, o Pombeiro (que ainda vou vendo pela TAAG), o Artur Queiroz, o Mário e tantos outros que fomos resistindo quanto se podia à sanha revanchista dos colonialistas que iam pululando nas imediações.
Aqui fica este testemunho, com um conjunto de autocolantes que foram desse tempo em que a palavra Luta, Militância e Solidariedade tinham um valor enormérrimamente elevado e compartilhado
Fernando Pereira

25 de abril de 2007

Sempre Abril


...e hoje apetece-me dar-te a mão de novo companheira R...Abril somos todos...E ainda bem que o somos sempre!!!

Em 25 de Abril de 1974, Portugal reencontrou-se com os seus valores de liberdade, de esperança, de futuro...A esses homens que interpretando fielmente a vontade de um povo dorido responderam PRESENTE... Minha queria R, é tão bonito rever o rosto juvenil de um saudoso Salgueiro Maia, é tão bonito revermos-nos nas ruas apinhadas de gente numa Lisboa feliz com lágrimas de contentamento, é tão...Tanta coisa que nunca mais esqueceremos como um dos dias mais importantes da nossa vida colectiva. Ver os cravos vermelhos no cinzentismo de uma Lisboa que virava as costas para um rio que ia dar a um mar onde tão poucos fizeram tanto mal a tanta gente...Hoje já nada disso interessa, porque sentimos a nossa auto-estima a crescer nos floridos canos das armas que encheram Lisboa numa manhã cinzenta, mas que se tornou na tarde mais gostosa de todas as tardes da nossa vida. Sentimos aqui que era o fim de qualquer coisa mau e o princípio do fim porque tanto lutámos...A Independência do nosso País. Em Angola Abril fez-se em 11 de Novembro de 1975, e a nossa rubra e preta bandeira com a dentada, a catana e a estrelinha subiram ao mastro, com a guarda de honra merecida, pelos sobreviventes do 4 de Fevereiro de 1961. Aquele largo de Luanda, chegou a todo o mundo, e quando se hasteou uma bandeira, foi o subir um grito de liberdade e de dignidade para um povo que há muito o desejava, porque lutou por ela, e porque sentiu a sua liberdade...As naus de outrora deixaram-nos o tecido para a bandeira e a língua com que nos entendemos, mas também essas naus levaram muito da tralha que nunca mais desejaríamos e desejamos ter.

30 e tantos anos de Abril, olho para ti , minha querida R, e continuas linda como naquela manhã em que nos abraçámos numa qualquer praça de Lisboa libertada...A tua boca continua como duas pétalas de cravo vermelho, e o teu sorriso continua a ser o mesmo...a Liberdade...Nunca deixarás de ser bonita, porque nunca deixaremos que te toquem...Porque Abril somos mais que tu e eu, Abril somos milhões e nunca ninguem parou o que milhões quiseram...Deixa-me abraçar-te R...no Abril que temos dentro de nós...eternamente Abril, eternamente nós...

Fernando Pereira

24 de abril de 2007

25 de Abril de 1974


25 DE ABRIL
Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen


Minha querida amiga R.

Lembras-te quando chegámos de Luanda,naquele Outono frio de 197...??? Lembras-te concerteza, meu amor...O cinzento das casas, das pessoas, dos polícias, dos governantes,de tudo....Portugal era pintado de cinzento....O nosso pequeno quarto, num 3º andar de um prédio com uma entrada lugrube,onde uma enfezada passava dias inteiros a apanhar malhas de meias de nylon??Lembras-te das nossas primeiras aulas e o que por lá acontecia??Lembras-te da primeira carga policial que apanhámos, só porque resolvemos ir ver onde é que outros colegas nossos iam manifestar-se, sem percebermos bem o quê??Lembras-te dos comunicados que começámos a distribuir ??Lembras-te da eternização das noites de discussão que tínhamos em casa de L....???E a aflição que foi quando a Pide foi a casa de L.... naquela manhã cinzenta e triste???Os dias de angustia que se seguiram, com aqueles dois sempre junto aquela cabine telefónica amarela da esquina da praça, com uma gabardina e um chapéu enterrados, sem que nunca lhe conseguíssemos ver a cara???Lembras-te de A...vir ter connosco certa noite e dizer que eu teria de bazar, pois L...falou e não havia hipótese...Ainda por cima comigo era pior, porque era das colónias...Lembras-te??? Apartir dessa noite lembro-me eu...Fui para os lados de O...numa casa relativamente distante da aldeia, onde a comida era coisa que só se via de tempos a tempos, e chegar à janela era do pior...No rádio da sala íamos ouvindo coisas ...mas por cá tudo na mesma...Recebi e ainda guardo a tua carta, e não hesito em colocá-la, pq ainda a guardo...."Às vezes, apetece-me estar a conversar contigo ao pé da lareira (que bonita é a luz que dá aos nossos rostos), com tu gostas.Às vezes, tenho vontade de estar contigo na praia, em Luanda, como eu gosto.Às vezes podia ser na ribeira do teu jardim, onde tu gostas, mas também ao fim do dia olhando o nosso mar de Angola, porque é especial.Podia dar-te a mao e até encostar a cabeça no teu ombro. Teria vontade de te abraçar com forca e dizer-te ao ouvido... que gosto bue de ti.Mas, e depois?"....de facto....Tanto chorei quando a recebi...e compreendi que de facto....nada...a resignação....Numa qualquer madrugada de Abril,que não foi bem qualquer, foi o princípio de tudo...Abril, 25/1974...Lembro-me bem querida R., peguei na carta que me tinhas enviado amargurada e eis-me a caminho de uma Lisboa, que vi diferente, vi pela primeira vez, Lisboa diferentemente bonita, gente linda, alegria,e o frenetismo de uma liberdade que tanto ousámos e que afinal estava ali.Lembras-te como nos beijámos nesse dia....Lembras-te como vagueamos numa Lisboa que era enfim nossa, e que sentimos que pele de galinha por todos nós de termos medo de tanta euforia....Mas não esta liberdade tínhamos que a gozar , querida R, podia ser efémera e não podíamos perder um minuto que fosse que não a desfrutássemos...Pela primeira vez sentimos liberdade, e pela primeira vez olhamo-nos nos olhos e sentimos que a nossa Angola, a Angola independente estava perto.Querida R...o tempo e as circunstancias da vida separaram-nos, mas ambos vimos subir a nossa bandeira bi-color com a roda dentada,catana e estrelinha no Novembro do nosso mui grande contentamento. Escrevo-te 30 e alguns anos depois...depois de muita coisa, para te agradecer o que passámos nesses anos de lutas, alegrias, angustias, incertezas e tanto ou quase muito oportunismo....Mas não interessa, quero pegar na carta já amarelecida pelo tempo, e fazer tudo aquilo que desejávamos fazer nos anos da ditadura e do ostracismo...O 25 de Abril não foi nosso, mas tb foi nosso e por isso querida R...hoje sinto-te como ontem a desfilar por Lisboa de mãos dadas a cantar e a ebriar-nos por aquela contagiante amálgama de gente que sentia a diferença da linda palavra....LIBERDADE....Querida R, lembras-te quando os dois declamávamos Eluard, façamo-lo sempre onde quer que estejamos...porque de facto Estamos juntos...sempre e por perto!!!!Fernando

Só o vinho do Porto nos dá estas alegrias!

COLOQUEMOS A GARRAFA DE VINHO NO MUSEU EM SANTA COMBA DÃO COM UM AGRADECIMENTO DE UM PAÍS INTEIRO E COLÓNIAS!
Salazar não caiu da cadeira.
Conta o seu barbeiro- única testemunha do sucedido -que Salazar tinha por hábito pegar nos jornais e sentar-se. Naquele dia a cadeira não estava no sítio e Salazar deu com a cabeça no chão.Ajudado a levantar-se pelo barbeiro, logo proibiu o barbeiro de contar o que vira. Este, porém, não resistiu e contou à governanta D. Maria o que acontecera, tendo esta um ataque de fúria, destruiu a cadeira de lona e deitou os restos ao mar. Tudo se manteve em silêncio até que o médico pessoal o foi ver, numa visita de rotina, 20 dias após o acidente, e constatou o hematoma depois de alertado pela D. Maria. Quatro dias depois, como o Hematoma piorasse, o médico pessoal pediu conselho ao neuro-cirurgião, Dr. Vasconcelos, que foi de opinião que o paciente deveria ser imediatamente operado.A operação correu bem, no entanto, D. Maria que dava a comida ao enfermo, lembrou-se de lhe dar uns cálices de Vinho do Porto para ele arrebitar. Poucos dias depois Salazar teve o AVC...
"Máscaras de Salazar", de Fernando Dacosta, Casa das Letras, 14ª edição.


Para quem andava distraído, antes do 25 de Abril, lembro as "sábias palavras" do então mais alto magistrado da Nação...Américo Tomás, vulgo, cabeça de Tarro...Era só para lembrar que nessa altura ele era o Chefe de Estado do Minho a Timor....
"Memórias de Tomás" (I)"Eu por mim próprio, não me decidi a escrever as «Minhas Memórias». Decidiram-me. É que, estando quase toda a gente, ex-chefes de gabinete, ex-subsecretários de Estado, ex-secretários de Estado, ex-ministros, ex-chefes de Governo, escrevendo as suas memórias, a minha família começou a insistir comigo para que escrevesse as minhas «Memórias», na medida em que, disseram-me, mal me ficaria não escrever, também eu próprio, as minhas «Memórias».
Habituado a falar e não a escrever, contando, segundo as minhas contas, nove mil trezentos e sessenta e quatro alocuções por sobre o território nacional, isto é, continente, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas, não minto!, nove mil trezentos e sessenta e cinco alocuções por sobre o território nacional e internacional, ligadas ao meu cargo de Presidente da República, - eu nunca me afoitei a usar a caneta, coisa que disse repetidamente a minha família.
Não tive sucesso, como é obvio, dado que me compraram uma caneta e ma deixaram fechada na mão.Foi então que, pegando na caneta, carreguei no botão do gravador e comecei: "Senhor bispo da diocese, senhor ministro das Obras Públicas, senhor governador civil, senhor presidente da câmara municipal, senhor presidente da junta de freguesia, minhas senhoras e meus senhores" [in, revista Opção, Ano II, nº 30]"É esta, portanto, a ultima cerimónia que se passa na cidade da Guarda e eu não quero deixar passar esta oportunidade sem agradecer ao bom povo desta terra o seu entusiasmo, o carinho com que recebeu o Chefe do Estado. A chuva não teve qualquer influência no entusiasmo das populações. Elas vivem numa terra de granito, e a chuva não as apoquenta (...) A Guarda é um distrito de bons portugueses, de portugueses de uma só face, portugueses, portanto, sempre prontos a defender a terra que os viu nascer. E a Guarda tem uma particularidade: é a cidade mais alta da Metrópole" [ididem, discurso na Guarda, in Século]"... É uma terra [Gouveia] bem interessante, porque estando numa cova, está a mais de 700 metros de altitude. Pois o que desejo, sr. Presidente, para poder pagar, de qualquer forma a dívida que contraí, é que esta gente tenha um futuro feliz, abençoado por Deus. Que assim seja, para contentamento vosso e para contentamento meu... " [ibidem, em Gouveia, segundo O Século, 1/6/1964]

Oxalá seja sempre Abril!


Para não desvirtuar alguns fios,e depois de ler o que algumas pessoas aqui tem escrito sobre o 25 de Abril, resolvi criar este fio, de forma a que se possa debater com alguma serenidade uma data importantíssima na história contemporânea de Portugal, e determinante para uma alteração do mapa geo-político do mundo.As revoluções não surgem por decreto.O 25 de Abril de 1974 é o corolário lógico do fim das indecisões que o fascismo de Salazar e sem Salazar tinham alimentado de forma doentia e sem qualquer tipo de solução.O 25 de Abril é o corolário lógico, da fraude eleitoral de 1958, do Santa Maria, do 4 de Fevereiro,da queda de Goa, Damão e Diu, da Abrilada de 1961,do início e recrudescimento da luta armada em três palcos de guerra, e por aí fora.No plano interno é a luta pelo horário de trabalho por parte dos trabalhadores rurais, horário de 8h, são as greves nas fábricas e empresas por melhores direitos, são as greves académicas de 1962 e 1969, é a crescente fuga de gente para a Europa e o isolamento crescente de Portugal na cena política mundial.O 25 de Abril de 1974 é uma data que devolve aos cidadãos portugueses e aos povos sob dominação colonial uma nova identidade e uma nova dignidade.Não foi feito por aventureiros, como aqui já se insinuou, mas sim por aqueles que esperaram e desesperaram por uma solução tardia para os problemas que se arrastavam para um pântano de consequências perversas.Hoje quase trinta anos, podemos dizer que valeu a pena, e que podemos dar aos nossos filhos em Portugal ou no resto dos novos países de expressão portuguesa,um mundo melhor, de liberdade, de participação cívica e de perspectivas de futuro assente na melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos.Podemos dar as voltas que quisermos, pessoalizar as razões para se afirmar o contrário, mas de facto foram esses muitos homens fardados, que imediatamente tiveram uma adesão popular extraordinária, a quem se devem liberdades fundamentais, sem as quais não conseguimos respirar.

Como em todas as revoluções ou processos políticos, há avanços e recuos,há situações mais obscuras e menos, há aproveitamentos dos oportunismos que capeiam em qualquer sistema político, mas temos de ter em conta que Abril valeu a pena...Por Tudo.....!!
Fernando Pereira

22 de abril de 2007

Procissão que não vai ao adro...


Em primeiro lugar não digo que sou isento...aliás ninguém o é em circunstancia alguma, ou melhor são-o quando não tem conhecimento absolutamente algum de qualquer assunto, e nem sequer se interessa por ele.Eu sou crítico da gestão de João Paulo II...Mas sou um crítico circunstancial, pois em termos históricos não posso ter nada documental e factual que me permita analisar com objectividade a sua acção, nem tão pouco posso saber se de facto algo que ele faça será relevante na história da igreja e na sociedade ao longo destes dois milénios!!
Não defendo o islamismo,como não defendo nenhuma outra religião, embora eu possa afirmar do que conheço, e admito que não é muito, que em certos aspectos a prática do islamismo é menos hipócrita que a prática da igreja, nomeadamente no que concerne aos seus rituais. Por exemplo, não conheço nada na religião islâmica que seja paralelo às bulas.Reconheço que nenhuma destas religiões é tolerante com determinadas práticas, hoje aceites na sociedade moderna, e de certa forma o papel do islamismo é pior pois faz da religião o tema central de estado, desde os estados mais fundamentalismos aos aparentemente "moderados"...Mas será que ao querer-se incluir na constituição europeia a referencia ao judaico-católico, não se estará a fazer o mesmo, duma forma mais "clandestina", passando por cima de constituições de Países que assumem cabalmente o seu laicisismo??
Para ilustrar determinados exemplos sobre algumas formas de desrespeito pelos cidadãos por parte de alguns "soldados" da igreja, vou contar uma cena que se passa quotidianamente à minha porta...
Moro numa aldeia e com uma igreja ao pé da minha casa...Durante o dia e noite ouço as horas do relógio da torre sineira, que de meia em meia hora debita de forma roufenha umas "avé-marias"...Nos dias de missa a população é chamada por uns sinos que tocam várias vezes ao longo do dia por períodos longos, atingindo décibeis muito acima de tudo que a lei prevê, e cumulo dos cúmulos, o padre faz a missa toda cá para a rua através de potentes altifalantes...
Instado pelo padre sobre este verdadeiro desrespeito pelos valores das pessoas, ele respondeu-me que era para que os que estão em casa ouvissem a missa...Não tenho nada quanto aos locais de culto, eu próprio gosto de os visitar pela arte e magnificência da sua arquitectura,adoro o silencio dos claustros,mas de facto acho que o local de culto é dentro dos templos e nunca obrigar as pessoas a tamanho exercício de obrigar a ouvir o que não se procura nem o que se deseja...A igreja não pode pactuar com situações deste tipo pois este desrespeito da lei e da constituição, só a prejudica aos olhos ...neste caso ouvidos...dos cidadãos!!
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