10 de março de 2008

Geração Africana/ Ágora/ Novo Jornal/ III






A GERAÇÃO AFRICANA (III)


António Nunes e Silva Campino (1917-1997) teve como tese final do curso de arquitectura em Lisboa, o “Arranjo Turístico para a Ilha de Luanda”. Conhecido pela sua rectidão e probidade profissional ,foi um dos muitos arquitectos que teve muitos problemas com o regime da ditadura, e manteve-se em Angola até 1990.Entre as suas obras de referencia em Luanda temos o Prédio do Totobola, o edifício Auto-Avenida, ambos na baixa, o Comando Naval de Luanda e o edifício do actual hotel Meridian. Há uma história interessante deste arquitecto, que viu o seu 1º lugar no concurso do projecto da Sagrada Família, ser considerado pelo bispo de Luanda (D. Moisés Alves de Pinho) “muito arrojado”, e ter sido edificada a igreja no formato que conhecemos, em função do projecto classificado em 2º lugar.
Fernão Lopes Simões de Carvalho, nasce em Luanda em 1929, estuda no Salvador Correia e conclui o curso de arquitectura em Lisboa (1955). Para além de chefe do Gabinete de Urbanização da Câmara de Luanda, é professor no Liceu e desenvolve múltiplas actividades no sector privado. É seu o projecto do plano de urbanização do Futungo de Belas. Elaborou com uma equipa de arquitectos (António Campino, Domingos Silva, Luis Traquelim da Cruz, Fernando Alfredo Pereira, Rosas da Silva, Vasco Morais Soares ) o Plano Director de Luanda (1961-62). São projectos seus, ou em colaboração com colegas, os Bairros de Pescadores da Ilha de Luanda, o mercado do Kaputo, a capela e conjunto assistencial no Bairro do Kazenga, os blocos da PRECOL no bairro do Prenda, o edifício da RNA, a fábrica de refrigerantes Sofanco e ainda a colaboração com Keil do Amaral no projecto do aeroporto de Luanda.
João Garcia de Castilho (1915-), que com o seus irmãos Luis e Serafim, ambos arquitectos, constituíram com outros três irmãos (dos quais um engenheiro) uma empresa de arquitectura, engenharia e construção, sedeada em Luanda. Privei com alguns membros desta família, e sei das dificuldades que todos os Castilhos, tiveram para conseguir trabalhar no Portugal salazarista, pois o seu pai era um agricultor médio da Beira Alta, mas de fortes convicções republicanas, agravado por ligações de alguns membros do clã ao MUD. A aposta em Angola, acabou por ser a única alternativa de trabalho que tiveram, começando a ganhar alguma notoriedade com o edifício que hoje é da Sonangol (e que em tempos era conhecido, pelo edifício Carvalho e Freitas, na Mutamba) e é um dos melhores exemplares da arquitectura corbusiana em Luanda, e aparece de forma destacada, desde 1951, em revistas técnicas de arquitectura. São da sua autoria, em colaboração com o seu irmão Luis, o “Restauração”, onde actualmente funciona a Assembleia Nacional de Angola, o Cine-Esplanada Miramar, o edifício da União Comercial de Automóveis, a Casa Americana (onde funciona a ULA),o cinema Avis (Karl Marx- depois adulterada a sua estrutura), o edifício Cristália, na Rua da Missão, o Edifício Coqueiros, o edifício do Idelfonso Bordalo o da Companhia Nacional de Navegação, ambos na Marginal, bem como diversas habitações.


(CONTINUA)

Fernando Pereira 7/3/08
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