15 de março de 2008

Geração Africana IV/Ágora/Novo Jornal/Luanda





A GERAÇÂO AFRICANA (IV)

António Veloso, fez o projecto para a fábrica da Jomar, na estrada da Cuca (N’Gola Kiluange), e ainda alguns edifícios na Marginal, em terrenos divididos por vários proprietários oriundos do norte de Portugal, que entregaram essas obras aos seus “conterrâneos”, numa óptica regionalista, pois os arquitectos escolhidos, eram todos da Escola Superior de Belas Artes do Porto (Januário Godinho, Vieira da Costa, Adalberto Dias, Pereira da Costa, Pinto da Cunha e claro, António Veloso).
O arquitecto Jorge Chaves projectou a Fosforeira Angola e uma fábrica de tubos em 1958, e a estação de tratamento de Águas na Comandante Gika.
O BCA, obra “emblemática” na baixa da cidade, é da autoria de Januário Godinho, e a título de curiosidade refira-se que o projecto do Banco de Angola é do arquitecto Vasco Regaleira, que como Paulo Cunha (que fez o trabalho da zona do Porto de Luanda e largo fronteiro) não podem ser considerados “geração africana” pois nunca residiram, ou trabalharam continuadamente em Angola.
Há ainda alguns trabalhos do arquitecto Troufa Real, salientando entre várias, o projecto de uma dependência bancária no Largo da Maianga.
Para finalizar esta volta pela “Geração Africana” de arquitectos portugueses que trabalharam em Angola, seria injusto omitir o arquitecto Fernando Batalha, o único que em determinada época trabalhou na preservação do património, e do seu livro “ A arquitectura em Angola” falaremos noutra oportunidade. Este é um assunto da maior pertinência vir a ser aflorado, nos tempos mais próximos, tendo em conta a voracidade com que alguns interesses instalados se manifestam pelo “abate” de edifícios, que são indissociáveis do crescimento histórico sustentado da cidade, em determinados períodos da sua história de séculos.
Este livro do arquitecto José Manuel Fernandes, foi a única ajuda que tive para falar destes arquitectos, que marcaram a paisagem urbana da cidade de Luanda, num período de grande disponibilidade por parte de agentes económicos, para que a criatividade destes homens conseguisse possibilitar que todos nós usufruamos, nem que seja apenas em termos estéticos, de obras que afinal eram referenciáveis no domínio da arquitectura.
Não pretendi fazer juízos de valor, assentes em critérios técnicos de arquitectura, pois não tenho conhecimento para isso, mas acima de tudo aproveitei para apresentar um livro que senti que me obrigou a ver alguns edifícios na nossa cidade com outra atenção, e com outro olhar.


Fernando Pereira
14/3/08
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