6 de fevereiro de 2006

Trinca-Fortes


Hoje vou-vos falar de uma figura que toda a lingua portuguesa se deve orgulhar...Talvez não fale de Luis Vaz de Camões da forma hermética que o discurso oficial e oficioso da Lusofonia nos habituou, mas sim do verdadeiro "Trinca Fortes", o que devia servir de referencia a todos os muitos deste universo que fala português.Na Filosofia e na linguagem da filosofia, tentou-se criar uma ciencia independente: " A Semiótica"...Realmente a primeira proeminente figura da Semiótica mundia foi Luis de Camões, ombreando com o Capitão Gancho e mais recentemente com o ex- ministro da defesa Israelita Moshe Dyan... O comum destes tipos era só terem um olho.. Mas falando de Luis Vaz de Camões, que tem para aí dez terras a assumirem que nasceu por lá...Lisboa (esses só ainda não assumiram que o Pinto da Costa nasceu lá pq ainda é vivo....daqui a 500 anos fazem-lhe lá uma estátua e inauguram uma casa a dizer...Aqui presumivelmente nasceu Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, homem sério, incompreendido no seu tempo,...)Santarem, Coimbra, Constança,Porto, Linhares da Beira, outras e paradoxalmente no meio de todas OLhão (possa esta é mesmo para gozar com o poeta)...Só faltava tb terem dito que o homem tinha nascido na Av. da Boavista no Porto.O Luis de Camões fascina-me em muitos aspectos...Começando pelo seu fim, ele personifica algum pechisbeckismo dos portugueses...Estar na miséria, e ter um escravo com nome económico (Jau) para mendigar por ele. Tinha uma tença, que revela bem que o problema das reformas é já um problema antigo, que não lhe dava para sobreviver...e vai daí arranja um escravo para cobrir alguma zona da cidade...Será que o Jau limpava as crinas dos cavalos com esfregonas qd paravam num sinaleiro???Esta de ter um escravo para pedir é obra..e fascina-me!!!Outra coisa que me fascina é ele ter atravessado o mar (Passados 450 anos foi o Gineto que atravessou o canal da Mancha a nado), nem sei bem qual, com os Lusiadas numa mão no meio da tempestade...Porra era demais, sem um olho e só com um braço, o homem merecia uma toalha da GANT á chegada, um chá e uns scones (escrevi bem???) quentinhos...Podiam ter-lhe emprestado um saco de plástico do Belmiro, para embrulhar o notável canto IX dos Lusiadas (O tal que nenhum prof de portugues ousava abrir)...É assim nunca há apoio efectivo aos criadores..Se fosse o La Féria para uma daquelas revistecas da treta tinha logo subsídeo...(Diz-se que o Camões levava a cópia do "Branca de Neve " do João César Monteiro e a determinada altura teve de de optar entre largar isso ao mar ou o canto IX..disseram mas não me confirmaram). Outra coisa que me fascina é ele andar sempre metido com o olho pelas casadas, o que o obrigou a "ser olho por olho, dente por dente"...Como não havia ainda arquivo dos dentistas, só ficou a parte "olho por olho"...Tenho bué a falar do Camões, mas vou aqui fazer um intervalo pq certamente muito teremos a dizer sobre essa verdadeira sopa de agriões da escrita Lusófona (adoro sopa de agriões)Fernando Pereira



CAMÕES-2

Voltando a Camões...E qd me lembro como Camões foi tratado pelas autoridades coloniais de Luanda no início da década de 70, ao colocar no meio de uma rotundazinha, numa peanha de 80cm, um Camões com 2,10m, muito magro, com uma bunda algo saliente, e com uma pena numa mão e umas folhas tamanho A4 na outra, e com uma coroa de oliveira na cabeça, que ao longe mais parecia um gorro de dormir. Este monumento, que era motivo da hilariedade generalizada da população, era conhecido em Luanda, pelo "Sinaleiro", e de facto foi de longe a pior homenagem que lhe poderiam ter feito, pois fizeram ali um "mix" entre um jogador da NBA, um bailarino da Gulbenkien, um eunuco de um qualquer imperador e uma sacerdotisa vestal de Delfos. Ele hoje está num jardim no meio da fortaleza de Luanda, onde está o Diogo Cão à porta por não ter cabimento lá dentro (e ainda por cima de rabo voltado à cidade...Tem a sua razão de ser).Voltando a falar de Camões, que segundo reza a história está sepultado nos Jerónimos (enfim mais uma galga, igual ao que anos mais tarde se fazia na Guerra Colonial, que era embarcar meia duzia de ossos de um cadáver de um militar qualquer e despachá-lo para a santa terrinha, fazendo crer à família que estava ali o seu defunto)...Camões não "tinha dinheiro para mandar tocar um cego" (nunca esta frase foi tão oportuna) qto mais para ir parar a um cemitério, e que anos mais tarde o fossem lá buscar para ir acabar nos Jerónimos (Enfim...) .Consta a história que o rapaz era danado para as curvas, e um pouco por todo o lado foi semeando e batendo-se por amores. Por exemplo, perguntaria ao leitor se acredita que ele se tivesse metido numa gruta para escrever?? Óbviamente que para ele aquilo era a Gruta Garbo, pois era por lá que ele ia conhecendo e criando intimos com ninfas que eram parecidas com a Gretha Garbo, menos no Garbo. Ir para uma gruta, sem luz, um semiótico escrever com uma pena...Ena pá...era pedir para se acreditar demais... O Camões devia ser um gajo fixe, pois segundo se sabe das suas vidas paralelas gostava muito de vinhaça, e apesar de ser herdeiro de fidalgo, ele afinfava umas bebedeiras e inebriava-se com vapores carnais, um pouco tipo "vai a todas". E o manganão, tinha jeito para o engate, como se provam os versos que fazia a todas que lhe davam acrescidas lutas nos seus engates. Uma verdadeira referencia para todos os lusófonos, pois escrevia, bebia, engatava, andava á cacetada e cantava. A imagem que perdura é que é muito diferente de tantas anedotas que a história da lusofonia pariu..Se fosse hoje era considerado um devasso, um escritor marginal, um "terror" dos bons costumes, enfim um tipo que só qd morresse teria direito a que disessem que tinha "morrido um homem bom"... O homem foi o verdadeiro "Corto Maltese" , mas mais refinado que a personagem notável do Hugo Pratt, e só não foi o Fernão Mendes Pinto, pq o outro era mais galguista (Por falar nisso tenho um certo receio de falar aqui dessa personagem pq pode haver comparações com gente da diáspora, o que seria de todo intolerável)...Bem ,por ora fico-me por aqui e em breve continuarei a falar de Camões....Um abraço
Fernando Pereira

2 comentários:

Fernando Manuel de Almeida Pereira disse...

CURIOSIDADES...
A Casa Amarela era a Instituição-símbolo da divulgação do ensino e doutrina fascista e colonialista.
Aonde estarão aqueles jovens que naquele tempo e com aquela idade, contestavam o Ensino e a Qualidade de alguns Professores?
Por exemplo, o grupo liderado por um português, cuja "turma" faltava a certas "aulas" e percurriam os corredores em "fila indiana", silenciosamente...
e um outro grupo tb liderado por um português, composto por angolanos e paradoxalmente por um alemão nazi-descendente, que eram vítimas de expulsões e faltas disciplinares pelas mais inacreditáveis razões? Na época reunido o Conselho Disciplinar, estiveram para ser expulsos. O lider era filho de um funcionário da Administração Colonial, que aprovava a expulsão, mas pelo facto de ser um dos melhores alunos, salvaram-se todos da expulsão.(só quem conheceu a "realidade", estava em condições de contestar ou concordar, mas no tempo e nos locais próprios). Esses merecem o meu apreço e admiração bem como de todos aqueles que quer por falta de coragem, quer por falta de maturidade, ou por concordância com o "Sistema", nunca se manifestaram, discriminando ou criticando "estes" colegas... uns pela "intervenção", outros pela "não obstrução", contribuiram para o prestígio da Casa Amarela. Alguns só despertaram mais tarde, na Casa dos Estudantes do Império, em Coimbra, etc...têm para nós igual valor.

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João Carlos Bilro

renato gomes pereira disse...

I foram todos par o Inferno..quero dizer a METRÒPOLE...

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