28 de março de 2008

Houve fogo sem fumo/Ágora/ Novo Jornal-28/03/08








Houve fumo sem fogo!



Hoje, vou fazer uma homenagem a uma verdadeira instituição desaparecida na penumbra difusa da globalização. Pode parecer paradoxal, e quiçá mesmo socialmente desenquadrado, mas estou a falar dos cigarros Hermínios.
Verdadeiro decano dos tabacos angolanos, o Hermínios, nasce em 31 de Outubro de 1886, precisamente no dia da inauguração do Caminho-de-ferro de Luanda e Ambaca, e era vendido numa caixinha azul preta e vermelha a $390 cada maço. Partilhava com maços com nomes interessantes como Natália, Orientais, Presidentes, Pérola, Sultana, Jacintos, Francês nº 1 entre outros.
A partir de 1928, começaram a surgir por imperativos da concorrência (Ricardo Pires instala a ETA), novas marcas, e só mesmo o Hermínios resiste, ainda que com nova “roupagem”, a mesma que se manteve até aos quase dias de hoje. Macedónia, Rey, Estrellas, Alerta, e o Swing vão aparecendo, já como tabaco claro, o que leva a uma quebra do consumo dos Hermínios a partir de 1935. É engraçado que a marca Caricocos, surge como homenagem à firma Diogo e Companhia, empresa que ficava ali ao pé da Biker, nome porque era conhecida pelas populações do mato, na sua tentacular distribuição comercial, pela então colónia de Angola, nomeadamente no Norte.
Fui um fumador inveterado, e os Hermínios foram os cigarros que mais saudades me deixaram, mas digo-o quase off-record.
Digo sem rebuço que estes cigarros marcaram a história do século XX angolano.
Quem me ousa ler com regularidade, deve estar a dizer que ensandeci de vez, pois coloco os Hermínios num pedestal que ninguém ousaria sequer lembrar-se, mas a realidade é que assistiram a toda a história do sec. XX de Angola
Os Hermínios sobreviveram ao desastroso governo do “Rhodes” à portuguesa, Norton de Matos. Assistiu ao governo de Filomeno da Câmara e à implantação do tenebroso Acto Colonial, instrumento jurídico-administrativo que colocou os angolanos ao nível da escravatura. Manteve-se de chama acesa quando começou a contestação à ditadura Salazarenta e ao colonialismo do fim da 2ª Grande Guerra.
Foi com o seu aroma inigualável que se criaram tertúlias literárias, grupos de acção, movimentos de libertação, e foi também o primeiro cigarro que muitos ousámos fumar no desafio a penates, porque era provavelmente o mais parecido com aquela drogazinha inofensiva chamada marijuana. Sentíamo-nos de peito feito, quase mesmo a rebentar, pois era um cigarro que compartilhava personalidade.
O seu design era branco (pouco), azul-escuro (muito), vermelho (quanto baste) e manteve-se desde os anos 30 ao fim do século XX, com a mesma embalagem e com um leão de juba enorme, que parecia que todas as semanas ia a uma permanente num qualquer cabeleireiro do burgo.
Foi o verdadeiro símbolo da Angola independente, pois apesar de ser um cigarro com alguma utilização interclassista, era acima de tudo um tabaco afirmativo como rebeldia. Ninguém ousava ver um ex-colono ou candidato a futuro empresário, travestido de revolucionário fumar Hermínios; Fumava invariavelmente AC, Coimbra, Baia, Delta ou SL, e quando começou a epopeia do mercado voltou ao Marlboro, e se os negócios começassem a correr bem, faziam a única concessão conhecida aos cubanos, que era fumar Cohiba ou Monte Cristo.
Havia uns quantos que fumavam cachimbo, e o Ouro Preto foi-se mantendo, até a economia dar a maior importância ao ouro negro e as pessoas aconselhadas a fazer um check-up light q.b., passaram a deixar de fumar para poderem usufruir, e talvez fruir de muitos negócios, onde se pede que se atire muito fumo para certos olhos, e desejavelmente para certos olhares.
Desvou continuar a fazer a minha campanha pelos Hermínios, e guardo religiosamente um maço, que tanto me custou não fumar, mas quando olho para ele, sem comendas e recomendas, e vejo o preço do tempo em que o Kwanza era um rio com poucas barragens e com margens mais libertas, apetece-me mesmo continuar a quase idolatrá-lo.

Fernando Pereira
21/3/2008

22 de março de 2008

ANOS INQUIETOS/ Ágora/ Novo Jornal/ Angola




ANOS INQUIETOS


“Salazar tem um cancro, coitado do cancro” ou “Cancro, cumpre a tua função” eram das frases que iam correndo nas latadas da Coimbra de 1969.
Sei que alguns que vão ler este artigo, participaram de forma empenhada no movimento de contestação que irrompeu no ano de 1969, um pouco como reflexo do movimento estudantil de Maio de 1968 em Paris.
Para escrever sobre esses tempos, e fundamentalmente falar de angolanos em actividades nas crises académicas de 62 e 69 em Portugal, tive de reunir um conjunto de livros, com documentos e depoimentos, que me permitissem aqui escrever qualquer coisinha.
Sem querer ser muito exaustivo a justificar a bibliografia consultada, começo pelo livro “Anos Inquietos” de Manuela Cruzeiro e Rui Bebiano;”Anos Decisivos” do malogrado César Oliveira;”Grandes Planos” de Gabriela Lourenço, Jorge Costa e Paulo Pena;”Maio de 1968, trinta anos depois” de Maria Cândida Proença e Celso Cruzeiro em “Coimbra 1969”.
Porque foi o mais próximo, o já distante 17 de Abril de 1969, foi a ultima grande iniciativa estudantil de vulto contra o estado colonial-fascista.
Não vou falar das muitas razões dos movimentos estudantis, mas importa referir que serviram para solidificar grandes cumplicidades, e acima de tudo criar um forte sentimento de vontade de mudar o status quo prevalecente, que no caso dos angolanos engajados, era a luta pela emancipação e independência da sua terra.
Não vou recuar aos anos de 1962 onde os angolanos José Bernardino. João Nobre, Humberto Traça e Rui Pereira, entre outros, foram presos pela PIDE e seviciados, tendo como única acusação a “participação em associações de terroristas”., quando de facto foram detidos pelo simples crime de “delito de consciência”.
Sobre Coimbra/1969, apoio-me em depoimentos de pessoas conhecidas e também num livro recente de Teresa Carreiro: “Viver numa Republica de Estudantes em Coimbra 1960-70”, que de certa forma dá uma imagem do que foram esses “Anos inquietos”.
Entre vários nomes, que vamos aqui e ali encontrando em referencias múltiplas, com participação contextualizada no combate pela democraticidade do ensino, pelo fim da guerra colonial e consequente independência das colónias, encontramos nomes que hoje são pessoas do nosso quotidiano, outros que fazem parte da nossa memória, porque fisicamente já desapareceram, e outros que optaram por outras paragens, o que não quer dizer que tivessem optado por outras “aragens”.
Nesses anos Roberto Leal Ramos Monteiro (Ngongo), Saraiva de Carvalho (Tetembwa),Luis Filipe Pizarro(Nene),Orlando Rodrigues, To-Ze Miranda, Garcia Neto, Fernando Sabrosa, Fernando Martinho, Décio de Sousa, Carlos Batista, Luis Colaço, Gil Ferreira, Helder Neto, Eurico Gonçalves, Balonas, Manuel Rui Monteiro e tantos outros, foram determinantes num movimento que gerou sinergias importantes para um auspicioso futuro, que se revelou ao fim de pouco mais de um lustro.
Gostava de poder falar do “Kimbo dos Sobas”, dos “Mil-e-onários” e dos “Solares” que angolanos fundaram e onde viveram em Coimbra, com histórias que não devem ficar no cantamento de uns poucos para encantamento de uns quantos mais.
Há tempos que foram memória e tem de ser contados pelas pessoas que as viveram, enquanto a outra memória não desaparece.
PS: O meu texto, neste numero, seria sobre o livro de Cláudia Castelo, “Passagem para África”, um excelente livro diga-se de passagem. Acontece que tive o prazer de ler o comentário do António Melo, na magnífica “África 21” de Fevereiro, e só fiz o mais fácil, mas também o mais coerente: Assinei por baixo e naturalmente recomendo o comentário, e obviamente o livro.

Fernando Pereira 15 /3/2008

15 de março de 2008

Geração Africana IV/Ágora/Novo Jornal/Luanda





A GERAÇÂO AFRICANA (IV)

António Veloso, fez o projecto para a fábrica da Jomar, na estrada da Cuca (N’Gola Kiluange), e ainda alguns edifícios na Marginal, em terrenos divididos por vários proprietários oriundos do norte de Portugal, que entregaram essas obras aos seus “conterrâneos”, numa óptica regionalista, pois os arquitectos escolhidos, eram todos da Escola Superior de Belas Artes do Porto (Januário Godinho, Vieira da Costa, Adalberto Dias, Pereira da Costa, Pinto da Cunha e claro, António Veloso).
O arquitecto Jorge Chaves projectou a Fosforeira Angola e uma fábrica de tubos em 1958, e a estação de tratamento de Águas na Comandante Gika.
O BCA, obra “emblemática” na baixa da cidade, é da autoria de Januário Godinho, e a título de curiosidade refira-se que o projecto do Banco de Angola é do arquitecto Vasco Regaleira, que como Paulo Cunha (que fez o trabalho da zona do Porto de Luanda e largo fronteiro) não podem ser considerados “geração africana” pois nunca residiram, ou trabalharam continuadamente em Angola.
Há ainda alguns trabalhos do arquitecto Troufa Real, salientando entre várias, o projecto de uma dependência bancária no Largo da Maianga.
Para finalizar esta volta pela “Geração Africana” de arquitectos portugueses que trabalharam em Angola, seria injusto omitir o arquitecto Fernando Batalha, o único que em determinada época trabalhou na preservação do património, e do seu livro “ A arquitectura em Angola” falaremos noutra oportunidade. Este é um assunto da maior pertinência vir a ser aflorado, nos tempos mais próximos, tendo em conta a voracidade com que alguns interesses instalados se manifestam pelo “abate” de edifícios, que são indissociáveis do crescimento histórico sustentado da cidade, em determinados períodos da sua história de séculos.
Este livro do arquitecto José Manuel Fernandes, foi a única ajuda que tive para falar destes arquitectos, que marcaram a paisagem urbana da cidade de Luanda, num período de grande disponibilidade por parte de agentes económicos, para que a criatividade destes homens conseguisse possibilitar que todos nós usufruamos, nem que seja apenas em termos estéticos, de obras que afinal eram referenciáveis no domínio da arquitectura.
Não pretendi fazer juízos de valor, assentes em critérios técnicos de arquitectura, pois não tenho conhecimento para isso, mas acima de tudo aproveitei para apresentar um livro que senti que me obrigou a ver alguns edifícios na nossa cidade com outra atenção, e com outro olhar.


Fernando Pereira
14/3/08

10 de março de 2008

Geração Africana/ Ágora/ Novo Jornal/ III






A GERAÇÃO AFRICANA (III)


António Nunes e Silva Campino (1917-1997) teve como tese final do curso de arquitectura em Lisboa, o “Arranjo Turístico para a Ilha de Luanda”. Conhecido pela sua rectidão e probidade profissional ,foi um dos muitos arquitectos que teve muitos problemas com o regime da ditadura, e manteve-se em Angola até 1990.Entre as suas obras de referencia em Luanda temos o Prédio do Totobola, o edifício Auto-Avenida, ambos na baixa, o Comando Naval de Luanda e o edifício do actual hotel Meridian. Há uma história interessante deste arquitecto, que viu o seu 1º lugar no concurso do projecto da Sagrada Família, ser considerado pelo bispo de Luanda (D. Moisés Alves de Pinho) “muito arrojado”, e ter sido edificada a igreja no formato que conhecemos, em função do projecto classificado em 2º lugar.
Fernão Lopes Simões de Carvalho, nasce em Luanda em 1929, estuda no Salvador Correia e conclui o curso de arquitectura em Lisboa (1955). Para além de chefe do Gabinete de Urbanização da Câmara de Luanda, é professor no Liceu e desenvolve múltiplas actividades no sector privado. É seu o projecto do plano de urbanização do Futungo de Belas. Elaborou com uma equipa de arquitectos (António Campino, Domingos Silva, Luis Traquelim da Cruz, Fernando Alfredo Pereira, Rosas da Silva, Vasco Morais Soares ) o Plano Director de Luanda (1961-62). São projectos seus, ou em colaboração com colegas, os Bairros de Pescadores da Ilha de Luanda, o mercado do Kaputo, a capela e conjunto assistencial no Bairro do Kazenga, os blocos da PRECOL no bairro do Prenda, o edifício da RNA, a fábrica de refrigerantes Sofanco e ainda a colaboração com Keil do Amaral no projecto do aeroporto de Luanda.
João Garcia de Castilho (1915-), que com o seus irmãos Luis e Serafim, ambos arquitectos, constituíram com outros três irmãos (dos quais um engenheiro) uma empresa de arquitectura, engenharia e construção, sedeada em Luanda. Privei com alguns membros desta família, e sei das dificuldades que todos os Castilhos, tiveram para conseguir trabalhar no Portugal salazarista, pois o seu pai era um agricultor médio da Beira Alta, mas de fortes convicções republicanas, agravado por ligações de alguns membros do clã ao MUD. A aposta em Angola, acabou por ser a única alternativa de trabalho que tiveram, começando a ganhar alguma notoriedade com o edifício que hoje é da Sonangol (e que em tempos era conhecido, pelo edifício Carvalho e Freitas, na Mutamba) e é um dos melhores exemplares da arquitectura corbusiana em Luanda, e aparece de forma destacada, desde 1951, em revistas técnicas de arquitectura. São da sua autoria, em colaboração com o seu irmão Luis, o “Restauração”, onde actualmente funciona a Assembleia Nacional de Angola, o Cine-Esplanada Miramar, o edifício da União Comercial de Automóveis, a Casa Americana (onde funciona a ULA),o cinema Avis (Karl Marx- depois adulterada a sua estrutura), o edifício Cristália, na Rua da Missão, o Edifício Coqueiros, o edifício do Idelfonso Bordalo o da Companhia Nacional de Navegação, ambos na Marginal, bem como diversas habitações.


(CONTINUA)

Fernando Pereira 7/3/08

4 de março de 2008

Geração Africana/ Ágora/ Novo Jornal/ II







A GERAÇÃO AFRICANA (II)

Vasco Vieira da Costa, nasceu em Aveiro em 1911 e fixa-se em Luanda em 1960, tendo ido para o Porto em 1982, uns meses antes da sua morte. Com uma pequena participação na Exposição-Feira de Angola em 1938, o seu arranque dá-se com o projecto do Mercado do Kinaxixe (1950-52) na Praça do Kinaxixe (1953), construído pela firma “Castilhos”, um Bloco para os Servidores do Estado, na Rua Amílcar Cabral (Set Obres Modernes…1996), o conjunto pavilhonar, ainda que incompleto do Laboratório de Engenharia de Angola. São de sua autoria,o edifício da Diamang na Rua Lopes Lima, o prédio da Versalles, na Av. Rainha Ginga, o notável edifício do ministério das Obras Publicas, vulgarmente conhecido por edifício Mutamba (1968-69), com uma forte componente corbusiana, principalmente nas grelhagens, a Escola Inglesa (Futungo de Belas), a Guedal (oficina e stand),a torre Secil e a Câmara dos Despachantes na 4 de Fevereiro, a Anangola e ainda a fábrica da Fabimor. Houve muitos outros trabalhos que ele deixou em Luanda, de assinalável qualidade estética e de enorme versatilidade na sua funcionalidade. Vieira da Costa merece muito mais que estas parcas palavras, e penso que com o crescente numero de arquitectos angolanos, ele terá a homenagem que tem sido sucessivamente adiada.
José Pinto da Cunha, projectou nos anos 60, o primeiro duplex na Marginal, e numa pareceria com Simões de Carvalho, projectou o edifício da Rádio Nacional de Angola (Construída em terrenos onde houve uma exposição “ultramarina”, em cujos pavilhões, participaram alguns arquitectos residentes em Luanda nos anos 60), e a urbanização do Prenda para além de residências diversas, entre as quais a actual residência do embaixador de Portugal. O grande trabalho deste arquitecto, em sociedade com Pereira da Costa foi o edifício Cirilo, construído na baixa de Luanda, na Rua Major Kanhangulo, inaugurado em 1958, que é um trabalho ainda hoje de tomo, no quadro de um determinado período da arquitectura na África colonial.
Francisco Castro Rodrigues (1920-), só a partir de 1975, começa a trabalhar na capital, pelo que em Luanda tem poucos trabalhos com a sua assinatura. O seu trabalho, enquanto docente na faculdade de arquitectura da Universidade Agostinho Neto, é de enormíssima importância.
Há que salientar que o seu trabalho no Lobito é marcante em muitos espaços e locais da cidade, pelo que noutra ocasião, tentarei fazer uma súmula do trabalho notável deste arquitecto. Quando deixa Angola, em 1988, deixa no Lobito “cada esquina com o seu risco e traço”.


Fernando Pereira 29/02/08
CONTINUA

1 de março de 2008

Morreu quem nunca feriu a sua terra/ Novo Jornal /Luanda








O que retenho de Joaquim Pinto de Andrade, influenciado por amigos comuns e de encontros fugazes, é que era uma pessoa de um enorme humanismo, lúcido na análise da evolução da sociedade angolana nos últimos 50 anos, extremamente loquaz e sem manifestar ressentimentos significativos por alguém, tendo em conta o seu percurso político, desde os primórdios das organizações anti-colonialistas aos dias de hoje.
Estava a matutar no que havia de escrever, e de relance no escaparate dos livros na minha casa encontro um livro, já amarelecido pelo tempo, editado pelo advogado Mário Brochado Coelho: “Em defesa de Joaquim Pinto de Andrade”,Tribunal Plenário Criminal de Lisboa-4º juízo criminal/ Procº44/70.
Conforme relatos da época, este julgamento, foi acompanhado com particular atenção por imprensa e associações cívicas europeias e africanas, tendo em conta o prestígio do então Padre Joaquim Pinto de Andrade. Eram “companheiros” no julgamento, os angolanos Álvaro Santos, Raul Feio, Coelho da Cruz, Diana Andringa, Garcia Neto, Rui Ramos, Ferreira Neto e Fernando Sabrosa.
A acusação era assente numa insinuação soez, e logo se disponibilizaram pessoas de quadrantes ideológicos, profissões e actividades diferenciadas, a testemunhar a favor de Pinto de Andrade. Embora com as limitações inerentes à prática dos tribunais plenários, foram enviados por inúmeras igrejas europeias, advogados para assistir ao julgamento.
Tudo isto, aliado a um conjunto de encómios diversos atribuídos por organismos internacionais, ao longo da sua vida, é o facto de Joaquim Pinto de Andrade ter sido um dos símbolos importantes da luta pela independência de Angola. Neste momento, em que assistimos ao seu desaparecimento, aumenta em muitos de nós, a vontade de conhecermos um período de Angola em que ele foi protagonista, passando agruras várias, por defender um primado de não violência, numa sociedade de estratificação racial bem marcada, inerente a uma exploração económica onde a regra era a extorsão visando o lucro a qualquer preço, em que a palavra dignidade era espezinhada até no quotidiano mais pueril.
Quando desaparece Pinto de Andrade, Gentil Viana, Hugo de Menezes, Eduardo dos Santos, Eugénio Ferreira, António Cardoso, Henrique Abranches, Mário António e tantos outros, vemos partir pessoas que nos legariam testemunhos importantes para fazer a história contemporânea de Angola, que vai sendo sucessivamente adiada e reescrita ao sabor de conveniências circunstanciais.
Aproveitando, quero também deixar aqui uma pequena referencia, ao recente falecimento do engenheiro Paiva de Sousa.
Faço-o aqui, porque sei da estima recíproca, e porque o Paiva de Sousa foi uma pessoa que no tempo colonial, colocando em risco a sua família e os seus bens, apoiou sempre os presos políticos angolanos, dando-lhes sempre emprego na sua empresa (SIGA), e acompanhando os seus familiares, quando estes se encontravam nos calabouços do colonialismo.
Desapareceram dois homens bons, e aguardamos, que a sua justificada homenagem não seja atirada para as calendas gregas, como tem sido um mau hábito na memória colectiva no nosso País.

Fernando Pereira 25/2/08

23 de fevereiro de 2008

Fidel ao demitir-se, absolveu a história!/ Novo Jornal/ Luanda










Fidel ao demitir-se, absolveu a história!


Aqui há uns anos, numa entrevista, ouvi o Guillermo Cabrera Infante, que entre uma panóplia vasta de críticas ao regime político cubano, teve a possibilidade de reconhecer algo a Fidel de Castro, que foi dizer apenas isto: “Fidel teve o grande mérito de devolver em 1959 a dignidade ao povo cubano”!
Fidel de Castro, enquanto líder máximo da revolução cubana, foi para muitos da geração que me antecedeu, um verdadeiro símbolo da libertação dos povos, e um pouco por todo o mundo, ele foi aparecendo sempre como a referencia para um mundo mais igualitário, mais justo e acima de tudo mais rebelde, para isso contribuindo a forma ousada, como ele desafiou o gigante americano, a pouco mais de cem milhas marítimas de distancia do norte da ilha de Cuba.
A minha geração herdou alguma desta forma de ver o mundo, embora partilhada com a do malogrado Che Guevara, cuja foto de Alberto Korda, se mantém hoje por todo o mundo, salvaguardando contudo que muitos já o enterraram definitivamente, “abjurando” um tempo que merece ser recordado, como algo do tipo “nostalgia do futuro”.
Para fazer este pequeno texto, resolvi ir aos meus canhenhos, e encontrei a “Novembro “ 4/6 de Fevereiro a Abril de 1977, que acompanha detalhadamente a visita de Fidel de Castro a Angola, de 23 a 30 de Março de 1977. Concomitantemente peguei no trabalho de Gabriel Garcia Marques, sobre a operação “Carlota” (que está disponível na web), e com a vivência do quotidiano de Angola desses tempos, só posso sentir reconhecimento, pela forma como Castro sempre tratou Angola. Sei que provavelmente o que estou a dizer, não colherá grande unanimidade, mas independentemente de opções políticas erradas, ou de resultados próximos desconseguidos, seria injusto não fazer a homenagem devida a alguém que não se ficou apenas pelo perorar, mas que soube dizer presente quando muitos diziam não, e alguns diziam nim!
O recentemente falecido escritor polaco, Ryszard Kapuscinski, no seu livro “Mais um dia de vida -Angola 1975” (provavelmente o melhor livro sobre a descolonização de Angola, reeditado recentemente pelo “Campo das Letras”) faz já uma abordagem à presença de instrutores cubanos em Angola, ainda uns meses antes da independência de Angola, o que revela bem o empenho que havia por parte do governo de Cuba na independência de Angola.
Na retrospectiva política da vida de Fidel, que os seus habituais ou neófitos detractores sistematicamente diabolizam, que apenas largaria o poder quando morresse (o quotidiano dos enganos), o que avulta é o da defesa do povo cubano e a instalação de um socialismo de características muito peculiares. È de se ter em conta que em 1959, 90% das terras aráveis eram pertença de companhias americanas, que 92% da população era analfabeta, que a mortalidade infantil era igual ao Haiti, Republica Dominicana e Salvador e o resto… Os números que hoje dispomos distribuídos por estruturas independentes dão-nos uma realidade diferente, e quando se compara Cuba, com os países da América central ou meridional, a situação dos chamados parâmetros globais de desenvolvimento, colocam-na com próximo de países desenvolvidos, e convenhamos que a comparação deve ser feita com México, Paraguai, Venezuela, Colômbia, Jamaica, no essencial países com um quadro colonial parecido e com desenvolvimento e estrangulamentos económicos e sociais, muito parecidos no ultimo meio século do passado XX.
Obviamente que o percurso de Fidel de Castro Ruz ao longo de sessenta anos de combate político, tem os seus pecadilhos, as suas omissões, os seus erros, mas tem também um histórico de muita convicção, muita habilidade política e muita coerência ideológica, o que lhe permite granjear simpatias e ódios, não concitando indiferença, o que sempre deu a Cuba uma visibilidade pouco compatível, com os números da sua população ou da sua expressão territorial
A revolução cubana foi a ultima revolução romântica da história, assim como a Guerra civil de Espanha foi a ultima guerra romântica! Há um denominador comum para além da língua e afinidades culturais: Talvez o enorme Hemingway, um amigo de Cuba e de Fidel, um voluntário na Espanha dos anos 30.


Fernando Pereira
21/02/08

21 de fevereiro de 2008

Geração Africana/ Ágora/ Novo Jornal






A GERAÇÃO AFRICANA (I)

O artigo que me propus escrever, era com base no excelente livro do arquitecto José Manuel Fernandes, editado em 2002 pela Horizonte, e que é um repositório do trabalho de arquitectos portugueses nas colónias portuguesas num período de 1925-1975.
Quando me preparava para comentar este livro, sobreveio-me a vontade de destacar alguns trabalhos de arquitectos. Obviamente que o espaço que a Ágora dispõe é curto, para este exercício diletante em torno da arquitectura em Angola, principalmente na cidade de Luanda, pelo que irei repartir o texto em várias edições.
Luanda, teve um crescimento assinalável no ritmo da construção civil nos vinte e cinco anos anteriores à independência. A cidade espalhou-se, e apesar de uma ou outra tentativa isolada de estruturar a cidade, com um princípio ordenado de urbanismo, assente em princípios que proporcionassem a vivificação salutar dos cidadãos, ao invés instalou-se o “patobravismo”, com as consequências à vista.
Sem me querer alongar muito numa análise valorativa da cidade, embora concomitante com o comentário ao livro, acho que os trabalhos destes arquitectos ainda hoje são qualitativamente marcantes na paisagem urbana da cidade capital do País, e dando-lhes a importância merecida, consegue-se omitindo, ridicularizar os muitos que a estragaram.
Voltando ao livro, que presumo estar esgotado, pois teve uma edição restrita, acho que é de leitura obrigatória para todos os que queiram saber quem “marcou” as cidades das colónias, particularmente Luanda, ao longo meio século; Seria muito bom que o tivéssemos de novo nos escaparates das livrarias, tão brevemente quanto possível.
Por ter sido um dos que maior numero de obras tem em Luanda, e fundamentalmente por ter sido um dos grandes entusiastas da fundação da faculdade de arquitectura de Angola, começo por falar do arquitecto Vasco Vieira da Costa, que partilhou essa experiência com os arquitectos Manuel Correia Fernandes e Castro Rodrigues. Em nota “quase” de rodapé, e porque se falou da fundação da faculdade de arquitectura em Luanda, não gostaria de deixar de enaltecer, a paixão denodada do engenheiro Homero Leitão, da arquitecta Isabel Branco e do arquitecto Alves Costa, para além do enorme apoio da faculdade de arquitectura do Porto (Fernando Távora, Siza Vieira, Alcino Soutinho, e do escultor José Rodrigues, entre outros que me deslembro). Esta nota surge porque acompanhei muito de perto o entusiasmo de todos, em 1979/80, quando abriu, junto da faculdade de engenharia da Universidade Agostinho Neto, uma estrutura embrionária de um curso de arquitectura, que passado muito pouco tempo se autonomizou, tendo os primeiros licenciados surgido no fim do primeiro lustro dos anos oitenta.
Alongando esta nota de rodapé, ressalta a curiosidade do facto da maior parte dos arquitectos que trabalharam em Angola, pertencerem à escola de Belas-Artes do Porto, estrutura da qual só mais tarde a arquitectura emergiu com estatuto de total autonomia, criando uma faculdade de grande prestígio internacional.

22/2/08 (CONTINUA)

14 de fevereiro de 2008

Ágora/Novo Jornal / Quase Memórias








Talvez “Quase Memórias”


Dois volumes, mil páginas, uma escrita excelente, reveladora de uma inteligência e sagacidade muito particular, o “Quase Memórias” é um passear por caminhos onde Almeida Santos foi protagonista, por acidente, como ele nunca se cansa de referir.
Na leitura que fiz do livro, fiquei precisamente com a ideia “quase” contrária, ao que autor diz em determinada altura que é exactamente: “Talvez agrade a alguns. Desagradará necessariamente a muitos, tão amargas são algumas das recordações que evoca. Mas, quem se põe a remexer na história, não pode satisfazer-se só com uma parte dela. Não pode deixar de tentar ser exaustivo, objectivo e verdadeiro.”.
Almeida Santos é um indivíduo brilhante, com uma verve notável, e explica, com algum detalhe, as múltiplas fases do seu percurso, enquanto personagem com responsabilidades determinantes num enquadramento político difícil, do Portugal no após 25 de Abril de 1974. Penso, e considerando as suas palavras acima transcritas, que o autor faz, ou tenta fazer, quase uma catarse sobre episódios passados, que ainda hoje são mobilizadores de controvérsia entre muitos que falam português. Não digo que o que é escrito, é uma tentativa de alijar pontualmente responsabilidades, mas a convicção com que fico, talvez porque tenha conhecimento de outras leituras por parte de outros intervenientes nos mesmos episódios descritos, é que A. Almeida Santos, estará porventura a não ser tão “objectivo” quanto se propôs.
Na nota do autor: “… Porque a história da descolonização e dos sentimentos que a sublinharam, já arrefeceu o bastante, e porque fui ficando velho, e era de todo o ponto exigível que eu depusesse sobre ela antes de eu próprio arrefecer. O que relato neste livro é a minha verdade. Sem arranjos nem atavios. Também sem sombra de subjectivismo? Quem dera que fora assim! Filtrada pelas minhas próprias vivências? Daí o título de «quase memórias» nunca em absoluto haveria de sê-lo. Penso que história objectivamente pura é coisa que não existe. Mas afianço que tentei a máxima objectividade de que fui capaz.”.
O “Quase Memórias” é um livro recomendável para um futuro estudo da descolonização portuguesa, se conseguirmos despi-lo de sectarismos pueris. No caso dos acordos do Alvor, Almeida Santos diz que foi no quadro geral da descolonização, onde a sua presença foi menos significativa. Aqui surgem muitas omissões, pois Pezarat Correia, Gonçalves Ribeiro, Melo Antunes, Rosa Coutinho, Albertino de Almeida e até mesmo Costa Gomes, em livros, entrevistas e conversas sobre esse período, conseguem ser mais loquazes que o autor, apesar das reservas que este tema ainda vai trazendo.
Penso que é uma obra de interesse relativo, fundamentalmente recomendada a historiadores, jornalistas e a alguém que tenha curiosidade sobre o percurso do Portugal do Abril 1974 às independências em 1975.
Numa de “quase desafio”poderia dizer ao Dr. Almeida Santos que ficamos a aguardar as “Memórias”…Não basta tirar o “Quase” !!


Fernando Pereira
4/2/2008

7 de fevereiro de 2008

Quando dois elefantes lutam,o que se estraga é o capim! /Ágora/ Novo Jornal







Quando dois elefantes lutam, o que se estraga é o capim!


Jacinto Veloso, moçambicano que em 1963 abandona com um avião militar com destino a Dar-es-Salam, membro do CC da Frelimo, governante em várias pastas em Moçambique, e presença activa em todos os processos negociais que alteraram o mapa geopolítico da África austral no ultimo quartel do século XX, traz-nos o seu depoimento em “Memórias em voo rasante”.
Este livro, cuja primeira tiragem é de Novembro de 2006, e distribuído em Maputo, só agora chegou aos escaparates das livrarias de outras latitudes, e logicamente mereceu logo alguma atenção.
O livro inicia com um pequeno “pré-intróito”, que de certa forma ousaria chamar de “quase expiação”: “Dedico estas memórias em voo rasante a todos os jovens moçambicanos, para que evitem cometer os erros que os mais velhos já cometeram e em particular, para que saibam sempre em cada momento, colocar o interesse supremo da nação moçambicana acima das suas ambições pessoais”.
Ao longo de um livro muito enriquecido com fotos, documentos, o autor procura ir mostrando o que foi a sua vida de compromisso político com a luta de libertação de Moçambique, as suas ligações a Mondlane, a quem o autor deixa sinais claros que tinha pelo primeiro presidente da Frelimo uma enorme admiração de carácter político, admitindo mesmo que: “Estou persuadido que, se não tivesse sido assassinado, o pós independência de Moçambique poderia ter sido diferente”.
Na sua vivência da transição de Moçambique para a independência, e sobre os contornos do acordo de Lusaka (o acordo de Setembro de 1974, que definiu com Portugal, as etapas a percorrer até à independência), Jacinto Veloso faz uma abordagem de situações, forçado por algum laconismo, aliás presente em todo o livro, um pouco diferentes das avaliações feitas por outros presentes na cimeira e que também já escreveram sobre a sua participação (Falo por exemplo dos livros de Almeida Santos, João Paulo Guerra, Otelo Saraiva de Carvalho e Melo Antunes, isto para falar apenas dos que estiveram por dentro do encontro que precedeu o 7 de Setembro de 1974).
O que o “Memórias em voo rasante”, traz de muito importante foi a análise e avaliação da correlação de forças na África austral face às potencias envolvidas na guerra fria, e não deixa de ser surpreendente quanto qualquer negociação, política, económica ou até de carácter desportivo ou cultural, era sistematicamente condicionada pela luta entre os protagonistas dos dois blocos existentes ao tempo. Os acordos de Lancaster House, de Nhkomati e mesmo os contactos preliminares que se fizeram na Congregação de Santo Egídio, para não falar de adesões frustradas ao FMI, Banco Mundial, ou até mesmo a estruturas de apoio humanitário, era tudo condicionado pela luta das super-potencias, e condicionadas sempre pela colagem de Moçambique ao rótulo do comunismo, o que o relato de Jacinto Veloso demonstra ser completamente desajustado da realidade dos factos de então.
O autor coloca um conjunto de interrogações sobre a tragédia de Mbuzini e à forma como caiu o Tupolev onde ia Samora Machel, Aquino de Bragança e Fernando Howana (convenhamos que Veloso era oficial aviador do exército português), sem contudo indiciar em concreto a responsabilidade de alguém.
No livro descreve com alguma minúcia a troca de Petrus du Toit e os cadáveres de dois sul-africanos, que tentaram fazer uma sabotagem em Cabinda em 1985, por soldados angolanos e cubanos presos pela Unita, em 1987
No que toca à independência da Namíbia, e à tentativa de fazer estancar as investidas sul-africanas a partir do então Sudoeste-Africano ao sul da então Republica Popular de Angola, Jacinto Veloso faz algumas revelações interessantes, nomeadamente a situações que viveu com a delegação angolana em todo o processo negocial, ao tempo liderada por Alexandre Rodrigues (Kito) com quem ele mantém uma grande amizade desde o exílio de ambos em Argel no fim dos anos 60.
O livro é muito interessante, embora pontualmente acho que o autor, porque o está a escrever em discurso directo, podia colocar mais detalhes que pudessem esclarecer melhor um período em que os Estados Unidos e URSS fizeram o seu ultimo lugar de confrontação.
O livro editado pela Papa-Léguas vale bem a leitura, pois é esclarecidamente leve, e parece-me que despretensioso por parte do Jacinto Veloso, um homem de causas e de compromissos claros com Moçambique, deixando claro que é preciso “Reduzir sempre os inimigos e aumentar sempre os amigos” como ele cita Mondlane.

Fernando Pereira
26/01/08

4 de fevereiro de 2008

Ágora/A insustentável ideia do merecer!






A insustentável ideia do merecer!

Com a chancela da “Afrontamento”, surgiu já há algum tempo nos escaparates das livrarias, uma obra que será inevitavelmente um documento relevante na história contemporânea de Angola.
O autor, Fernando Tavares Pimenta para além de investigador universitário em Ferrara e Coimbra, é um jovem, já nascido depois de Novembro de 1975, e sem qualquer ligação a África nem tampouco por parte dos seus familiares directos. Aliás do mesmo autor deixo aqui a referencia para o seu primeiro livro “Brancos de Angola. Autonomismo e Nacionalismo (1900-1961)” , que oportunamente aqui terá o seu comentário com maior detalhe. São trabalhos científicos e podendo ser referenciável o distanciamento do autor a África, pode haver algum descomprometimento na análise do século XX angolano.
O livro, como aliás o nome sugere, “ Angola no percurso de um nacionalista. Conversas com Adolfo Maria” é uma longa entrevista, que começa de uma forma reservada, mas que ao longo do livro Adolfo Maria, vai entrecortando as suas experiências pessoais e o seu percurso político, analisando com natural subjectivismo o seu enquadramento na luta de libertação nacional e a sua limitada e sofrida participação no quotidiano político da Angola independente, nomeadamente na sua fase inicial.
A argumentação de Adolfo Maria, que é reveladora de uma enorme capacidade de organização, é ilustrada por muitos documentos e fotos. Ao longo de trezentas e cinquenta páginas, passamos pela adesão nos anos 50 ao emergente movimento nacionalista urbano, centrado no Liceu Salvador Correia e na Sociedade Cultural de Angola (1957). Continuou pela FUA, e a forma como foi a sua entrada no MPLA, as influências que recebeu, e aqui não deixa de ser curiosa a cumplicidade enorme entre A.M. e Gentil Viana, que já vem dos tempos do Liceu.
Surpreende em todo o livro, a fluência do “entrevistado”, e fundamentalmente de uma forma que se percebe ser sofrida, Adolfo Maria “desmistifica” de certa forma a guerrilha, onde contrariando a imagem de solidariedade, respeito hierárquico, sentido de justiça e acima de tudo partilha, o que transparece das suas palavras é precisamente o contrário, em que se vai vivendo inúmeras situações de racismo, tribalismo, amiguismo, apego despudorado ao poder, e outros condimentos que levam a manifestações deploráveis de irracionalidade, que segundo o autor se perpetuaram no MPLA ao longo de décadas. È uma fase particularmente interessante do livro, pois algumas personagens são colocadas na guerrilha ou no exílio, e depois compara-se a postura dessas pessoas no novo País libertado do colonialismo.
Há acusações que a serem comprovadamente verdadeiras, podem trazer um olhar diferente na vida política de Angola da ultima metade do século XX.
Adolfo Maria assume claramente a defesa da “Revolta Activa”, e diz claramente que Viriato da Cruz foi o verdadeiro pai do nacionalismo angolano. Partilha, no seu discurso, o que tantos já disseram e escreveram sobre a autofagia no MPLA, e a máxima que as revoluções começam por se alimentar dos seus próprios filhos.
Não deixa de ser rocambolesco, as aventuras do seu período de “clandestinidade” no centro da cidade de Luanda, o que não deixa de ser curioso, tendo em conta as características das forças policiais nessa altura em Luanda (1975-1979).
Há no entanto um detalhe não negligenciável na entrevista, que é o facto do autor em circunstância alguma abjurar algo sobre o seu percurso, sem que isso retire qualidade e importância ao livro de Fernando Tavares Pimenta.

Fernando Pereira


“Angola no percurso de um nacionalista, conversas com Adolfo Maria”, Fernando Tavares Pimenta, Edições Afrontamento.

Participação do autor no Novo Jornal/ Ágora




Quando se discutiu a minha participação regular neste novo projecto, uma das primeiras questões que se colocaram tinha a ver com o contexto dos textos que iria aqui colocar, e concomitantemente o problema do nome da coluna.
Surgiram-me várias hipóteses, e cada uma delas teria de ter algo a ver com as características da minha participação, num contexto de um uso responsável da liberdade na cuidada utilização da palavra .
Foi nesse cadinho de opções, que surgiu o título desta coluna regular : ÁGORA. Das razões supletivas ao que já disse, sobre o contexto do nome, tem a ver com o facto da Ágora, representar na cidade (polis) grega da antiguidade clássica, a praça que era o verdadeiro fórum da intervenção do povo na democracia das cidades-estado da sociedade helénica.
Era um espaço livre de edificações, onde ocasionalmente surgiam mercados, mas que era acima de tudo um local onde o povo discutia a política, a arte, a filosofia, o urbanismo, enfim em síntese, onde era o verdadeiro coração da democracia.
Centro do pulsar do povo, a Ágora era o fórum onde floresceram as ideias, que depois construíram um dos maiores legados da Grécia Antiga ao mundo, e que foi o início do método que levou à história do pensamento, e consequentemente ao aparecimento de uma nova disciplina do saber: a filosofia.
Daqui para a frente, tentarei que esta coluna seja simultaneamente um local de crítica, de reflexão e de informação sobre um conjunto de ideias, documentos, filmes, livros, estudos, ou até mesmo de qualquer coisa que consiga dar alguma razão a quem disse que “a maior parte do tempo passa-se a passar o tempo”.
Antes de terminar este meu reencontro, com alguns que se atreveram a ler-me noutros locais, e com outros que nunca me leram, não gostaria de deixar de prestar uma enorme homenagem a um escritor lusófono que recentemente faleceu, e por quem eu tinha grande admiração, em termos da sua escrita, pois admito que em termos pessoais ele fazia todos os possíveis e impossíveis para ser brilhantemente detestável. Estou a falar de Luiz Pacheco, um verdadeiro libertino, um dos exemplares últimos do surrealismo, e que entre muitas colaborações em diversas publicações, escreveu no semanário “Notícia”, aqui de Luanda, no dealbar da década de 70.
Um dia destes, quando tiver a certeza que Luiz Pacheco já não tem hipóteses de saber o que escrevo dele, vou fazer uma crónica, pois ele abominava quem dissesse bem , quem fizesse o contrário e provocava de forma algo desbragada os que tentavam nem se lembrar dele, que convenhamos não era fácil.
Cá estarei, ou tentarei estar nesta Ágora, a reflectir sobre o que eu quiser!

Fernando Pereira
13/01/08

29 de novembro de 2007

Serviço Militar a obrigar!


Meus caros
Não venho para aqui para disputas...Se as quisesse procurar bastava-me entrar em certos locais e dizer uma "frase assassina" e estava a coisa montada...Estou aqui para opinar e aceitar as opiniões, que na maior parte das vezes divergem das minhas...
Eu quando falei do canto IX dos Lusíadas não quis falar dos velhos do Restelo, que acho que está no canto IV, mas sim na descrição de certos actos pecaminosos, e daí a Igreja sempre ter olhado com enorme desconfiança a maior peça literária da língua portuguesa...
Vou-vos reproduzir uma coisa engraçada de um poeta português que poucos conhecem e que se chama Mário Henriques Leiria....
"Torah
Jeová achou que era altura de pôr as coisas no devido lugar. Lá em cima acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois em conferencia, cimeira, claro.A primeira se não estou em erro.
No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
-Está aqui tudo escrito. Tudo è assim mesmo e não há qualquer duvida. Quem não quiser que se vá embora. Já.
Alguns foram
Então começou o serviço militar obrigatório, e fez-se o primeiro discurso patriótico.
Depois disso é o que se vê"

Um abraço
Fernando Pereira

A Liberdade e a Frescura


Meus caros..isto são pequenos exemplos para o debate, e alguns deles nem são da minha lavra.....O Conselho das Igrejas Sul-africanas declarou-se indignado com o apelo do Vaticano, , para que os católicos contaminados pelo vírus da sida renunciem ao uso do preservativo.
«Estou chocado e desgostado com a Igreja católica», afirmou o padre Joe Mdhlela, porta-voz do Conselho, referindo-se ao apelo do Vaticano contra o uso do preservativo, justificado por razões de índole moral.

Mdhlela sustentou que na perspectiva do SACC, incluindo os representantes da Igreja Católica que o integra, o Vaticano não está a tomar em consideração «as realidades do mundo». «Existem provas médicas indiscutíveis de que os preservativos podem ajudar a salvar vidas», sublinhou.

«A HIV/sida é uma pandemia, e a nossa convicção é tudo fazer para salvar vidas e conter a propagação da doença», acrescentou.

JP2 esteve 25 anos no cargo mais importante da ICAR, proclamou 476 santos e 1314 beatos enquanto os seus antecessores, todos juntos, se ficaram por 300 canonizações e 1310 beatificações.
Sabendo-se que a sua principal ocupação foi rezar e dar conselhos sobre moral, fica-se estupefacto com a produtividade deste emigrante polaco que criou ainda 232 cardeais.
Se não fossem os esforços despendidos a combater o preservativo, e a promover a castidade poderia ter ido ainda mais longe nesta onda de santidade.
Percorreu uma distância equivalente a quase 29 vezes a volta à Terra e quase três vezes a distância entre a Terra e a Lua, a promover a ICAR e a espantar o demo.

«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não o pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser céptico, ou melhor dizendo indiferentista.»
(Sampaio Bruno, in «A Questão Religiosa», 1907)
Eu não sou detentor da razão, já aqui foi provado, e por pessoas que duma forma séria contestam as minhas opiniões...Gosto de debates...e que eles sejam protagonizados por pessoas com argumentos convincentes que me façam calar em determinada altura, o que prova que o debate está a ser conseguido com uma carga argumentativa assente em conhecimentos fundamentadamente científicos.
Não pretendo discutir ou beliscar a fé das pessoas, por muitas coisas que vá vendo e que não acredito...Eu suporto-me em factos históricos.
Acho que quem leu a minha introdução no texto sempre me ouviu falar de homens..Não falo de divindades, nem ataco a religião católica...Ataco pessoas que em determinados momentos se apropriaram da Igreja, essa sim, actor principal da história dos últimos dois mil anos!!
Não sei se leram o ultimo parágrafo da introdução ao texto onde elogio João 23, PauloVI, D. Helder da Camara, o Bispo de Nampula, podendo acrescentar D. António Ferreira Gomes, D. Eurico do Nascimento,"Os padres brancos" de Moçambique, Felicidade Alves, Mário de Oliveira, Cónego Manuel das Neves, Padre Joaquim Pinto de Andrade, Desmond Tutu e tantos outros que foram vozes incómodas da Igreja e dos regimes totalitários a quem a Igreja prestava subserviencia.
Não peguei no Canto IX dos Lusíadas para ilustrar o que quer que fosse, não peguei em Alberto Caeiro (heterónimo de Pessoa) como “menino desceu à terra", nem peguei nas versões de Alberto Pimenta para ilustrar o que quer que fosse!! Nem sequer fui ao ponto de pegar nos "Ballett Rose" descritos na Time em 1967.
Eu procurei criar um tema em que se discutisse, em que se tornasse possível saber que há gente que talvez não pense segundo determinados padrões quase comuns, e que se possibilitassem novos debates sobre coisas que são o nosso quotidiano, ou que de certa forma foram o nosso quotidiano...nalguns casos de mistificação histórica!!
Por exemplo alguém sabe quanto custou o reconhecimento papal pela independencia de Portugal?? E quando Portugal pagou simultaneamente ao Papa de Roma e Avignon para que as fronteiras fossem determinadas, ao contrário do que fez Castela que só pagou ao Papa de Roma!!...Como foi a verdadeira conquista de Lisboa aos mouros???...São pequenos detalhes que importaria serem conhecidos, caso alguém quisesse!!
Porque é que a carta do achamento do Brasil de Pero Vaz de Caminha chegou a Portugal truncada???
Pequenos detalhes...e por tudo isso não vale a pena pegar nas palavras dos outros e desconstrui-las, vale a pena sim apelar a algum cartesianismo discursivo para podermos discordar no factual e não na pequena trica subjectiva, sempre mais fácil..mas que não leva a lado algum!!
Um abraço
Fernando Pereira

25 de novembro de 2007

Páteo das Cantigas!



De facto, houve uma imagem que na Angola colonial nunca mais me saiu da retina...Creio que no Lobito, numa viagem presidencial do cabeça de tarro, na altura o Deus Tomás,(que felizmente para o Mark Twain nada tinha a ver com a figura do Pai Tomás, o da Cabana)...Mas dizia eu, o Tomás que ia no "Principe Perfeito" foi recebido no cais por um rancho folclórico, com os pretos todos vestidos como se na praia da Nazaré estivessem, e curiosamente a dançararem o vira do Minho...Enfim uma imagem de facto no minimo degradante quando o mais alto dignitário do País, que descolonizou mal(!!!), tinha estas aberrações no tempo em que colonizava bem!!! O "cabeça de tarro" deve ter dito á chegada, o que dizia invariável mente: ´"esta é a primeira vez em que estou aqui desde a ultima em que cá tinha estado".O caricato dessa situação foi mesmo quando há noite, lhe foi oferecido um sarau de ginástica num clube do Lobito, onde a plurriacilidade era evidente,mas com o pequeno senão de não deixarem entrar pretos nas suas instalações...Refiro-me ao" Lobito Sports Clube", que a par do Tamariz, imitavam o Flórida no Lubango, o Clube dos Caçadores e o Clube Naval em Luanda, o Recreativo no Uíge, o Clube dos Caçadores em Benguela e tantos outros por Angola na restrição à entrada de pretos... Posso lembrar que a Paris, a Versalhes e a Royal, em Luanda,só depois da liberdade de Abril de 1974 começaram a tolerar a entrada de miscegenados e pretos.De facto Portugal era do Minho a Timor um verdadeiro " Pateo das Cantigas", ou melhor muita gente acreditava que sim!!! Poupem-me, ou então o único que estava certo naquele filme era mesmo o Vasco Santana, enquanto andava atrás do candeeiro.Para os portugueses que viviam em Angola, ou luso-descendentes, na quase generalidade vivia-se em Angola um pouco a situação do "pateo das cantigas"..tudo se resumia ao arco..daí para fora era perfídia, era o demo, era o escuro dos muitos que queriam só destruir aquele lugar de paz, cantigas, harmonias e alguns amores trocados.A loja do Evaristo era bem a síntese do fubeiro do mato,onde se vendia desde óleo de linhaça a linhaça para óleo,discos do Teixeirinha,Gabriel Cardoso, Rui de Mascarenhas e outros, açúcar mascavado e sarro de pipa com água, que toda a gente se atrevia a chamar vinho... Era essa a imagem do que nós vivíamos e não temos de nos envergonhar e assumir que vivíamos iludidos no meio de tanto odor e também algum torpor.Colocavam-se capelinhas a santos e santas devotas, faziam-se corridas de motas e automóveis de voltas,concursos de misses, escolhidas entre brancas mais ao menos ao jeito da costureira do quadro da "Canção de Lisboa", enfim muita graça no meio de tanta desgraça.Sei que quem me está a ler, está danado comigo, mas também sei que sabem que eu sei que tenho a razão toda do meu lado. Por tudo isto continua a subsistir uma pergunta??? Era fácil fazer a descolonização??' Talvez fosse porque 96% da população do ultimo senso colonial era analfabeta, população branca incluída.82% viviam abaixo do limiar da pobreza, para além de outras referencias que poderia aqui dar, mas só dourariam a pílula da colonização que envergonha os governantes de Portugal de antes de Abril de 1974, os generais da "brigada do reumático" e os farsantes que eram ilibados em tribunais de "ballett roses" e outras coisas bem mais graves...Neste páteo a partir de certa altura deixei de gostar de estar, mesmo com sapatos polidos por engraxadores descalços, andrajosos e famintos, curiosamente pretos numa sociedade que se dizia multirracial...E nisso não mentiam, sapato para o branco,e pé descalço para o preto..Estranha forma de multiracialidade, educação cristã e são convívio entre as populações...
Fernando Pereira
13-05-2004 01:16

24 de novembro de 2007

Sala oval...uma Ova!



Publicado por Karipande em 01-03-2005 às 02:53:



Porcos, maus e feios




Tem andado a aparecer uns pupurentos cardeais, todos com ar de quem suam em bica, que fumam cigarros atras de cigarros, com cores de quem tem o figado nas bochechas, fruto dos prazeres da carne e das etilicas bebidas que vão mamando entre orações e sexo de palma na mão. Com aquelas provectas breguilhas onde podiam alojar uma pleíada enorme de tomates (não legumes), eles lá vão enganando a malta em relação à saude do papa...Hoje quando ele apareceu na clínica, fiquei com a ideia que a Mandala, enviou para lá um boneco da contra-informação, para sorrir aos peregrinos. Segundo se diz por aí, há uma proposta de abertura de um casino em "Fétima terra de Fá"... Quando abrir irei lá gastar uns niqueis... Vocês já imaginaram ,que o Jackpot pode sair numa sequencia de 5 Virgens Maria na mesma linha, que uma sequencia de 5 pastorinhos em linha dá para ganhar 500 moedas, e que tres capelinhas das aparições dá para ganhar 50 moedas...os diabos são os que vão sair mais porque não dão nada de nada...Vou partir a moca a rir... O casino deve-se chamar, casino João Paulo II...Claro que como quem vai administrar o jogo vai ser a padralhada, quem vai levar os prémios na bandeja vão ser freiras, vestidas a preceito...Notem o que a globalização faz....Virão certamente para aí uns quantos dizerem raios e coriscos desta intervenção, mas devem calar-se, porque toda a gente sabe que a Alitalia e a Pepsi-cola fizeram um acordo de pareceria para a viagem de SS o Papa à América Latina em tempos idos, o que de certa forma abre um precedente para que qualquer dia se vejam os Padres com Revigrés à frente, BES e PT atrás quando estiverem a pregar missa, e o Licor Beirão ser patrono de um Santo, ou mesmo a Control patrocinar o arranjo de uma pia baptismal...São coisas que podem ocorrer...


Fernando Pereira

Sala oval


Publicado por Karipande em 25-02-2005 às 03:51:

Sala oval!!!

Comecei a cogitar (não no quadro do cogito ergo sum) que faria se fosse presidente dos EUA...
Na sala oval não dispensaria a presença frequente de Mónica Lewinsky e outras estagiárias, mesmo que tivesse a maioria do congresso à perna. Gostei do Clinton, até porque me lembra o apelido de uma família de grandes atletas do Atlético Clube de Luanda e todos militantes e simpatizantes do MPLA, onde avulta o nosso saudoso professor Demóstenes Clington de Almeida, que deu o nome à esburacada S. Silvestre de Luanda, mas como dizia gostava do Clinton porque sexofonava pela boca e comunicava por outras bocas quando os problemas de Estado eram stressantes...Era um homem com grande sentido de Estado, e dava também um afirmativo sentido ao estado das suas pendurezas, que segundo se dizia eram as mais poderosas do mundo.
Tendo saído o Clinton da presidencia dos EUA, admito que o Bush tenha começado a colocar Lauroderme no rabinho moreno da Rice, ficando com as pendurezas livres para serem amassadas num qualquer cavalo num rancho no Texas...Possa que diferença entre os democratas e os republicanos na sala oval...Vejam logo como as pendurezas são tratadas por um presidente republicano ou um democrata!!! Eu se fosse presidente dos EUA tinha sempre debaixo da minha secretária............................Uma escalfeta!!!
O ZecaraNamibiou, e já anda a disputar a "pena de ouro", mas cá para mim começou mal...Começou por contar um jogo de futebol em Moçamedes , no ambito da Bufa...De facto o melhor que acontecia em Moçamedes no tempo colonial era mesmo a presença de uns galfarrões do Namibe....Parafraseando o título de um livro de Levi Strauss, só posso dizer: "Tristes Trópicos".Estou a ve-los todos garbosos no fim, a cantarem o "Fado das Trincheiras" do Fernando Farinha, e o pessoal do Namibe todo a bater palmas porque o Lubango era quase o que Alexandria foi para o Egipto antigo.
No resto do espaço a modorra habitueira, com um detalhe que a Kalu descobriu: Há pretos no Maputo!!! E dizem "Boa tarde"...Julgava que Darwin ainda não tinha ido a Maputo...Afinal em África há pretos, como na Cova da Moura, na Estrela de África e em tantos bairros nos limites da capital do império, ou a trabalharem em andaimes(e quando já não são precisos, os patrões, com a cumplicidade dos que vão ao funeral da Lucia, e praticam caridadezinha dizem: Andaime daqui para fora e rápido, sem direito a desemprego, Segurança Social, Assistencia Hospitalar, Seguro e por aí fora)...De resto , os que se admiram com os numeros das estruturas internacionais, a saga explorateira do Nóbrega e dos seus defuntos carregadores, e os textos enredados de uns quantos que despercebo o que pretendem com tantas bana(na)lidades que escrevem...Bem hoje estou aborrecido em parte, porque o Sporting passou uma eliminatória da chamada "taça dos remediados", mas pelo menos o Benfica ficou pelo caminho, às mãos de uma equipa de "4ª categoria" (Como diziam os lampeões quando o Porto lhes ganhou em Moscovo)...Nem tudo foi mau...
Um abraço
Fernando Pereira


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