4 de fevereiro de 2008
Participação do autor no Novo Jornal/ Ágora
Quando se discutiu a minha participação regular neste novo projecto, uma das primeiras questões que se colocaram tinha a ver com o contexto dos textos que iria aqui colocar, e concomitantemente o problema do nome da coluna.
Surgiram-me várias hipóteses, e cada uma delas teria de ter algo a ver com as características da minha participação, num contexto de um uso responsável da liberdade na cuidada utilização da palavra .
Foi nesse cadinho de opções, que surgiu o título desta coluna regular : ÁGORA. Das razões supletivas ao que já disse, sobre o contexto do nome, tem a ver com o facto da Ágora, representar na cidade (polis) grega da antiguidade clássica, a praça que era o verdadeiro fórum da intervenção do povo na democracia das cidades-estado da sociedade helénica.
Era um espaço livre de edificações, onde ocasionalmente surgiam mercados, mas que era acima de tudo um local onde o povo discutia a política, a arte, a filosofia, o urbanismo, enfim em síntese, onde era o verdadeiro coração da democracia.
Centro do pulsar do povo, a Ágora era o fórum onde floresceram as ideias, que depois construíram um dos maiores legados da Grécia Antiga ao mundo, e que foi o início do método que levou à história do pensamento, e consequentemente ao aparecimento de uma nova disciplina do saber: a filosofia.
Daqui para a frente, tentarei que esta coluna seja simultaneamente um local de crítica, de reflexão e de informação sobre um conjunto de ideias, documentos, filmes, livros, estudos, ou até mesmo de qualquer coisa que consiga dar alguma razão a quem disse que “a maior parte do tempo passa-se a passar o tempo”.
Antes de terminar este meu reencontro, com alguns que se atreveram a ler-me noutros locais, e com outros que nunca me leram, não gostaria de deixar de prestar uma enorme homenagem a um escritor lusófono que recentemente faleceu, e por quem eu tinha grande admiração, em termos da sua escrita, pois admito que em termos pessoais ele fazia todos os possíveis e impossíveis para ser brilhantemente detestável. Estou a falar de Luiz Pacheco, um verdadeiro libertino, um dos exemplares últimos do surrealismo, e que entre muitas colaborações em diversas publicações, escreveu no semanário “Notícia”, aqui de Luanda, no dealbar da década de 70.
Um dia destes, quando tiver a certeza que Luiz Pacheco já não tem hipóteses de saber o que escrevo dele, vou fazer uma crónica, pois ele abominava quem dissesse bem , quem fizesse o contrário e provocava de forma algo desbragada os que tentavam nem se lembrar dele, que convenhamos não era fácil.
Cá estarei, ou tentarei estar nesta Ágora, a reflectir sobre o que eu quiser!
Fernando Pereira
13/01/08
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