21 de fevereiro de 2008
Geração Africana/ Ágora/ Novo Jornal
A GERAÇÃO AFRICANA (I)
O artigo que me propus escrever, era com base no excelente livro do arquitecto José Manuel Fernandes, editado em 2002 pela Horizonte, e que é um repositório do trabalho de arquitectos portugueses nas colónias portuguesas num período de 1925-1975.
Quando me preparava para comentar este livro, sobreveio-me a vontade de destacar alguns trabalhos de arquitectos. Obviamente que o espaço que a Ágora dispõe é curto, para este exercício diletante em torno da arquitectura em Angola, principalmente na cidade de Luanda, pelo que irei repartir o texto em várias edições.
Luanda, teve um crescimento assinalável no ritmo da construção civil nos vinte e cinco anos anteriores à independência. A cidade espalhou-se, e apesar de uma ou outra tentativa isolada de estruturar a cidade, com um princípio ordenado de urbanismo, assente em princípios que proporcionassem a vivificação salutar dos cidadãos, ao invés instalou-se o “patobravismo”, com as consequências à vista.
Sem me querer alongar muito numa análise valorativa da cidade, embora concomitante com o comentário ao livro, acho que os trabalhos destes arquitectos ainda hoje são qualitativamente marcantes na paisagem urbana da cidade capital do País, e dando-lhes a importância merecida, consegue-se omitindo, ridicularizar os muitos que a estragaram.
Voltando ao livro, que presumo estar esgotado, pois teve uma edição restrita, acho que é de leitura obrigatória para todos os que queiram saber quem “marcou” as cidades das colónias, particularmente Luanda, ao longo meio século; Seria muito bom que o tivéssemos de novo nos escaparates das livrarias, tão brevemente quanto possível.
Por ter sido um dos que maior numero de obras tem em Luanda, e fundamentalmente por ter sido um dos grandes entusiastas da fundação da faculdade de arquitectura de Angola, começo por falar do arquitecto Vasco Vieira da Costa, que partilhou essa experiência com os arquitectos Manuel Correia Fernandes e Castro Rodrigues. Em nota “quase” de rodapé, e porque se falou da fundação da faculdade de arquitectura em Luanda, não gostaria de deixar de enaltecer, a paixão denodada do engenheiro Homero Leitão, da arquitecta Isabel Branco e do arquitecto Alves Costa, para além do enorme apoio da faculdade de arquitectura do Porto (Fernando Távora, Siza Vieira, Alcino Soutinho, e do escultor José Rodrigues, entre outros que me deslembro). Esta nota surge porque acompanhei muito de perto o entusiasmo de todos, em 1979/80, quando abriu, junto da faculdade de engenharia da Universidade Agostinho Neto, uma estrutura embrionária de um curso de arquitectura, que passado muito pouco tempo se autonomizou, tendo os primeiros licenciados surgido no fim do primeiro lustro dos anos oitenta.
Alongando esta nota de rodapé, ressalta a curiosidade do facto da maior parte dos arquitectos que trabalharam em Angola, pertencerem à escola de Belas-Artes do Porto, estrutura da qual só mais tarde a arquitectura emergiu com estatuto de total autonomia, criando uma faculdade de grande prestígio internacional.
22/2/08 (CONTINUA)
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