O FIM COMEÇA A TER
PRINCÍPIOS!
O interior do país está-se a
transformar há muitos anos num quotidiano de desesperança.
Não há
área nenhuma que não deixe de patentear o perfeito estado de absoluto
catatonismo, em que os estados de excitação são cada vez mais fugazes e os de
passividade a eternizarem-se no tempo.
Portugal,
”o meu remorso de todos nós” como disse O’Neill, está a transformar-se num
deserto, onde vai sobrevivendo a burocracia, que os serviços cada vez mais
concentrados na malha urbana de grandes cidades vão impondo, sem tampouco se
aperceberem que a realidade no terreno é bem diferente das iluminadas salas
climatizadas dos gabinetes.
Quando Portugal ficou pejado de autoestradas e
vias estruturantes, o que se conseguiu foi acabar definitivamente com um resto
de ruralidade que ia pejando nostalgicamente o imaginário de todos. A
ruralidade dos sabores, dos odores e das paisagens eram fatores de unidade num
país que se tornou higienizado em demasia, onde a madeira e o mármore é
substituído pelo azulejo e o inox.
Não era desejável prevalecer a mentalidade
“ruralizante” que se impôs no País desde os tempos da monarquia decrépita, Do
caciquismo antirrepublicano da 1ª Republica e Do corporativismo serôdio do
Estado Novo. Era importante manter alguma identidade que diferenciasse o
interior “rural”, e que conseguisse ser uma referência num território. Tudo se vai
paulatinamente perdendo, e vamos sobrando por aqui uns quantos, que vão
acendendo e apagando a lâmpada em função da movimentação do sol. Somos nós os
que vamos teimosamente ficando a pagar as portagens de estradas quase desertas,
a gastar mais eletricidade e gaz porque o clima é mais agreste, enfim a
envelhecer sem vontade nenhuma de rir, porque os recursos são cada vez mais
parcos.
O associativismo, que nesta fase podia ser
importante para manter alguma atividade económica e algum dinamismo social,
está à beira do fim porque as pessoas estão cansadas, desmotivadas e não
disponíveis para um trabalho pouco dignificado e com cada vez mais encolho por
parte da burocracia instalada. O associativismo juvenil já vive dalguma “peste
grisalha”!!! dos seus dirigentes e animadores, e cada vez menos se vê gente
nova e propostas inovadoras nas associações juvenis, incubadora de eleição dos
potenciais dinamizadores do futuro nas associações
.
.
Podem dizer que sou pessimista, mas sou-o com
a legitimidade de há quase trinta anos manter as mesmas ideias e convicções em
relação à “saharização” do interior, e a verdade é que os factos são infelizmente
teimosos e tem-me dado a razão troda.
Confesso que desvislumbro melhorias, e não vai
ser nada fácil inverter o estado das coisas porque é um circulo vicioso e
desvirtuado, em que a economia vai perdendo importância e inerentemente as
pessoas deixam de ter opções para se empregar e buscam novas paragens e outras
aragens.
Exigia-se há muito uma descriminação positiva
para o interior mas como não há força aqui, nem interesse nos órgãos centrais,
mantém-se tudo como está e com tendência para piorar!
Para tudo há um
começo e um fim, o interior há muito que começou o trilho do fim!
Fernando Pereira
8/5/2016
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