3 de junho de 2011
VAGABUNDEANDO/ Ágora / Novo Jornal nº 176/ Luanda 3-6-2011
O Conselho das Igrejas Sul-africanas declarou-se indignado com o apelo do Vaticano, para que os católicos contaminados pelo vírus da sida renunciem ao uso do preservativo.
«Estou chocado e desgostado com a Igreja católica», afirmou o padre Joe Mdhlela, porta-voz do Conselho, referindo-se ao apelo do Vaticano contra o uso do preservativo, justificado por razões de índole moral.
Mdhlela sustentou que na perspectiva do SACC, incluindo os representantes da Igreja Católica que o integra, o Vaticano não está a tomar em consideração «as realidades do mundo». «Existem provas médicas indiscutíveis de que os preservativos podem ajudar a salvar vidas», sublinhou.
«A HIV/sida é uma pandemia, e a nossa convicção é tudo fazer para salvar vidas e conter a propagação da doença», acrescentou.
João Paulo 2 esteve 25 anos no cargo mais importante da ICAR, proclamou 476 santos e 1314 beatos enquanto os seus antecessores, todos juntos, se ficaram por 300 canonizações e 1310 beatificações.
Sabendo-se que a sua principal ocupação foi rezar e dar conselhos sobre moral, fica-se estupefacto com a produtividade deste emigrante polaco que criou ainda 232 cardeais.
Não fossem os esforços despendidos a combater o preservativo, e a promover a castidade poderia ter ido ainda mais longe nesta onda de santidade.
Percorreu uma distância equivalente a quase 29 vezes a volta à Terra e quase três vezes a distância entre a Terra e a Lua, a promover a ICAR e a espantar o demo.
«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não o pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser céptico, ou melhor dizendo indiferentista.» (Sampaio Bruno, in «A Questão Religiosa», 1907)
Não pretendo discutir ou beliscar a fé das pessoas, por muitas coisas que vá vendo e que não acredito! Fundamento-me em factos históricos.
Sempre preferi falar de homens. Não falo de divindades, nem faço ataques à religião católica. Ataco pessoas que em determinados momentos se apropriaram da Igreja, essa sim, estrela principal da história dos últimos dois mil anos!
Elogio João XXIII, PauloVI, D. Helder da Camara, O arcebispo Romero, o Bispo de Nampula, podendo acrescentar D. António Ferreira Gomes, D. Eurico do Nascimento,"Os padres brancos" de Moçambique, Felicidade Alves, Mário de Oliveira, Cónego Manuel das Neves, Padre Joaquim Pinto de Andrade e tantos outros que foram vozes incómodas da Igreja e dos regimes totalitários a quem a Igreja prestou nalguns casos subserviência a raiar a sordidez.
Não preciso de recorrer ao proibidíssimo Canto IX dos Lusíadas para ilustrar o que quer que seja, não pego em Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa) como “menino desceu à terra", nem pego nas versões de Alberto Pimenta para ilustrar o que quer que seja! Nem sequer fui ao ponto de pegar nos "Ballett Rose" descritos na Time em 1967.
A título de exemplo alguém sabe quanto custou o reconhecimento papal pela independência de Portugal? E quando Portugal pagou simultaneamente ao Papa de Roma e Avignon para que as fronteiras fossem determinadas, ao contrário do que fez Castela que só pagou ao Papa de Roma! Como foi a verdadeira conquista de Lisboa aos mouros? São pequenos detalhes que importaria serem conhecidos, caso alguém não estivesse disponível para ver o que nos ia impingindo na história do antanho, no Império de Minho a Timor.
Porque é que a carta do achamento do Brasil de Pero Vaz de Caminha chegou a Portugal truncada?
Pequenos detalhes, e por tudo isso não vale a pena pegar nas palavras dos outros e desconstrui-las, vale a pena sim apelar a algum cartesiano discursivo para podermos discordar no factual e não na pequena trica subjectiva, sempre mais fácil, mas que não leva a lado algum!
Vou-vos reproduzir uma coisa engraçada de um poeta português que poucos conhecem e que se chama Mário Henriques Leiria.
"Torah
Jeová achou que era altura de pôr as coisas no devido lugar. Lá em cima acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça-ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois em conferência, cimeira, claro. A primeira se não estou em erro.
No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
-Está aqui tudo escrito. Tudo è assim mesmo e não há qualquer dúvida. Quem não quiser que se vá embora. Já.
Alguns foram
Então começou o serviço militar obrigatório, e fez-se o primeiro discurso patriótico.
Depois disso é o que se vê"
Fernando Pereira
1 de Junho de 2011
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1 comentário:
Fernando um abraço aqui do Alto Minho,mais uma vez não dou por perdido o tempo em ler os teus post's.
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