Richard Nixon (1913-1994) é um dos presidentes que a maior parte dos cidadãos americanos se envergonham, ao ponto de nem sequer gostarem que se fale dele.
Foi o único presidente da Republica dos EUA que na sua história contemporânea teve que resignar por ter patrocinado um tremendo caso de corrupção num processo eleitoral (Watergate) e só perante as evidencias ter sido obrigado a reconhecer a sua implicação e a sua repetida mentira.
Fui recuperar o Nixon, porque realmente há situações bizarras na nossa terra e o que é quase anedótico é o facto de elas me surpreenderem em locais onde nunca pensei ser possível encontra-las. No site da JMPLA a frase para reflexão: “Um homem não está acabado quando ele é derrotado, mas quando desiste” é precisamente de Nixon, o que convenhamos devia ser evitado porque realmente foi um presidente que ostensivamente adulterou os valores fundamentais que construíram os Estados Unidos como referencia para as democracias e liberdade. As frases boas ditas por gente má valem exactamente por quem as proferiu.
Já que se falou em juventude recordo que esta semana o James Dean faria oitenta anos se fosse vivo. Foi um ícone de rebeldia e inconformismo da juventude estadunidense na década de 50. “ A Fúria de Viver”, a “Leste do Paraíso” e o “Gigante” marcam a sua fugaz passagem pelo cinema onde conquistou um lugar e um mito que tem tido um espaço de perenidade que permanece até hoje. Dean representou a América que lutava contra a hipocrisia das instituições e dos costumes, hierarquizadas em padrões em que o dinheiro era a mola real de ascensão de pessoas ao topo, e que quando por lá chegavam se revelavam no que de mais torpe era possível existir.
Ultrapassada a fase de ouro do regresso dos heróis da segunda guerra, a filmografia de Dean acaba por assumir a revolta de um jovem contra os mercados, o maccartismo emergente, a eternizada e ambígua guerra da Coreia, as primeiras manifestações pelos direitos cívicos dos negros nos estados do Sul e acima de tudo pela ruptura que a juventude ia aceitando na musica, no vestir, na sexualidade, um corte com tudo que a América conservadora não aceitava.
Se a morte de Dean em 1955 permitiu durante alguns instantes um alívio aos conservadores, logo isso foi ultrapassado quando rapidamente foi adoptado como o ídolo maior da América ainda hoje.
Há cerca de quinze dias desloquei-me a Madrid à FITUR, uma das maiores feiras de turismo do Mundo, um ritual meu há muitos anos.
Naturalmente que vi com atenção o pavilhão de Angola, promovido pelo INFOTUR e o que vou constatando é que passam os anos e a realidade mostra-nos um pavilhão pouco apelativo, com demasiada gente no interior e muito pouca coisa para oferecer, melhor para dar um motivo forte a agentes turísticos para colocarem Angola nas suas ofertas e a turistas individuais que se motivem para vir ao nosso País.
Mais que levar meia dúzia de panfletos, umas esculturas e quadros iguais ao que os malianos e senegaleses vendem em todas as praças e praias europeias a preços ridículos, uns panos feitos na Holanda, mas registados na Nigéria ou no Gabão ou ter um LED na parede com imagens a correr de construção de megatéreos em Luanda, não me parece ser a estratégia mais adequada para promover o turismo angolano, se é que há alguma ideia discutida e definida sobre isso.
Desculpem a frontalidade, mas sem retirar o mérito a alguns dos simpáticos funcionários presentes, o pavilhão do nosso País faz-me lembrar os pavilhões da feira das industrias que visitei no dealbar dos anos 60 no local onde com magnífico desenho de Simões de Carvalho se construiu o Palácio da Radiodifusão, hoje sede da RNA.
Uma feira internacional de turismo não tem as características de uma festa do L’ Humanité ou do Avante, e por isso exige-se um trabalho prévio muito aturado junto dos agentes participantes e simultaneamente material de divulgação que motive o aproximar das pessoas ao espaço na feira e proporcionarem-se bons negócios, que é para isso é que o investimento é feito.
Quero que esta minha observação que não é nova, e não deixo de o lastimar, não seja entendida como um bota-abaixismo mas acima de tudo entusiasmar os dirigentes do INFOTUR, colaboradores e agentes de turismo a promover melhor o turismo de Angola, fora de um contexto de negócios já que esse vai tendo freguesia, até ver!
Fernando Pereira
8/2/2011
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