24 de dezembro de 2008

Ouvi dizer, que há países onde se gasta dinheiro para emagrecer!


Fazer um artigo sobre o ano que passou, por muito mau que o ano tivesse sido, é significativamente melhor que fazer um artigo sobre o ano que aí vem.
O ano de que estamos prestes a ver como passado, vai ser um ano cheio de efemérides daqui por uns anos, e cá estarei seguramente, para as referir se acaso algumas confirmarem, as mudanças prováveis de um futuro próximo.
Dando uma volta por Luanda, continuamos a assistir a mais um ano em que se fala de muita construção civil, mas não se consegue ler, ver ou ouvir em algum lado gente a falar de esgotos, seu tratamento e conservação. Sobre isto lembro-me da irritação de um amigo meu, que era presidente de câmara de uma cidade , que dizia que os “presidentes de junta só falam em enterrar dinheiro, pois pedem sempre esgotos”, ao que ele respondia, “peçam coisas cá para cima, coisas que se vejam, agora esgotos ninguém vê nem dá votos!”
Se conseguirmos que uma pequena parte dos projectos de arquitetura ousem ser construídos, a cidade só conseguirá ser mais feia e insalubre para a vista, e para o habitar das gentes. Continuou-se a imitar o desordenamento urbano colonial, construindo megatéreos envidraçados, verdadeiros atentados ao ambiente, já que nada tem a ver com as características do clima, e com a prodigalidade da exposição solar.
A manter-se o quadro de crise internacional dos fundos, algo que me faz sorrir, pois a maior parte da população mundial viveu sempre com os fundos das panelas vazios, vamos assistir a uma crise sem precedentes, pois tudo o que sucedeu, não foi nada que já nem tivesse acontecido noutras alturas, e sempre Angola se saiu mal desses períodos.
Se fosse nos tempos do “caminhar seguro para o socialismo”, teríamos que arranjar a sigla anual que emulasse as pessoas na “vitória na batalha da produção”, e atrever-me-ia a colocar o “Ano em que estivemos em parte nenhuma”, título de uma obra sobre a experiencia africana de Che Guevara, que poderá ser o que acontecerá a nível mundial no ano de 2009.
A eleição de Barak Obama nos EUAs, tem uma marca de extraordinária relevância no quadro das referencias para o futuro, num mundo onde o racismo tenderá a esbater-se, e a ser cada vez mais desejavelmente uma coisa para a antropologia estudar. Quanto à sua política tenho naturais reservas, pois apesar de algumas boas intenções não vejo meios e condições objectivas para alterar muito nuns EUA, que procuram com políticas diferenciadas, reabilitar a sua imagem de liberdade e de defesa dos direitos do homem, características basilares do seu quadro constitucional.
Vamos deixar 2008, com eleições feitas e em 2009 lá virão outras, que julgo não irão alterar o quadro geral da orientação política do País, e qualquer alteração a nível económico, será sempre ditada pelas vagas sucessivas da maré vazante das economias mundiais.
Escolhi para vos dizer até para o ano a foto do final de “Tempos Modernos”, um filme de Charlie Chaplin, que pode ser premonitório de alguns tempos que aí vem, e que é sobre tempos seguintes ao crash de 1929. Esta cena de Charlie Chaplin e Paulette Goddard no filme de 1936 (Modern Times) é uma das mais emblemáticas da história do cinema.

Fernando Pereira

17/12/08

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