15 de março de 2007

Farto de Salazar





Este texto é do meu amigo António Ferreira, ilustre advogado da Guarda, campeão de xadrez, brilhante cozinheiro, bom companheiro, e que me autorizou a publicá-lo, depois de o ter publicado no Jornal "O Interior".


As caricaturas são do João Abel Manta


Karipande



Farto do Salazar
Continuo a ler, por aqui (por exemplo Alves Ambrósio) e por aí, textos sobre Salazar. Ouço notícias sobre um museu em Santa Comba Dão, descubro sites na Internet sobre o personagem (por exemplo em http://www.oliveirasalazar.org/), falam-me de truques utilizados pelos seus admiradores para levar incautos a votar nele na eleição do “maior português de sempre”. Do lado dos detractores vejo manifestações em Santa Comba Dão, ouço denunciar o branqueamento da figura do ditador.
É verdade que, para todos os efeitos, Salazar esteve no poder durante muito tempo, uma vergonha de tempo. Habituados hoje a ouvir falar de alternância no poder, fomos obrigados, como nação, a contentar-nos com o mesmo chefe de governo durante trinta e seis anos – e não contabilizo o tempo em que ele pensava que ainda era primeiro-ministro (entre 1968 e a data da sua morte, em 1970) ou ministro das Finanças (entre 1928 e 1932). Se o fizesse, teria de dizer que esse homem nos governou durante mais de quarenta anos. Acham isso normal? Eu não e interpreto o silêncio sobre ele das últimas décadas, especialmente a partir dos anos 80, como um recalcamento colectivo, uma generalizada manifestação de vergonha pela nossa tão longa passividade.
Irrita-me sobretudo é que se louve a figura porque no seu tempo havia “respeitinho”, coisa que não haverá agora. E irrita-me essa ignóbil palavrinha porque não passa de uma máscara para outra, ainda pior: subserviência. Dizem também, o que é ainda mais irritante, que dantes não havia a corrupção, a dissolução de costumes, a criminalidade que há hoje. Pelo menos, e aí dou-lhes razão, não apareciam nos jornais. É que, como dizia o próprio António de Oliveira Salazar, na inauguração do Secretariado Nacional da Informação: "Politicamente, só existe aquilo que o público sabe que existe." Por isso havia, caso não se recordem, censura prévia a tudo o que era publicado. Podia haver gigantescos apitos dourados, suculentos escândalos sexuais, milhares de funcionários corruptos, que o público não sabia nem tinha meios de saber. É por isso especialmente grotesco o argumento de que esses tempos tinham um qualquer tipo de predomínio moral sobre os nossos. É um duplo branqueamento: o da censura e o da baixeza ética própria de um regime ditatorial.
De resto, há é que recordar números e factos e comparar o pais de hoje com o do antigamente. Sugiro, por exemplo, os dados sobre mortalidade infantil, pobreza, esperança de vida, nível de protecção da segurança social, percentagem de casas com electricidade, água canalizada, saneamento básico, telefone, televisão, frigorífico. Verifiquem ainda as percentagens de analfabetismo (e dou de barato que quem acabava a quarta classe de antigamente sabia de cor todos os rios, montanhas e estações de caminho de ferro do Minho a Timor), de abandono escolar, a distância a que estavam então de um serviço de urgência os que agora protestam contra o seu encerramento. E sugiro outra coisa: tentem recordar a última vez que viram na rua alguém descalço (e essas hippies malucas não contam).
Posto isto, acho muito bem o museu do Salazar. Sugiro é que coloquem lá, em lugar de honra e devidamente envernizada, a cadeira de que ele caiu em 1968. Essa é, muito provavelmente, a peça de mobiliário a que os portugueses mais devem nos oito séculos de história da nação.

Sugestões:
Uma viagem: à Coreia do Norte, que é o pais mais parecido com o Portugal do Salazar.
Um livro: A Independência de Portugal (Rafael Valladares, a esfera dos livros, 2006). Sobre a guerra que se seguia a 1640 e como Filipe IV descobriu à sua custa, e do seu reino, o significado de um antigo provérbio polaco: “o pai bateu ao filho não por ter perdido ao jogo, mas por ter tentado recuperar”.

Zé Povinho em capa de "Os Ridículos"/1974


João Abel Manta

colono
Missionário
Império e dignificação das populações locais

Guerra (quase) colonial

João Abel Manta

João Abel Manta
Nasceu em 1928.Filho dos pintores Clementina Carneiro de Moura e Abel Manta, diplomou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1951. Tem desenvolvido intensa actividade não só como arquitecto, mas também como pintor, cenografista e artista gráfico (cartaz, filatelia, ilustração e "design" de livros, jornais e revistas).É considerado o melhor cartoonista português deste século, na senda de Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais e Leal da Câmara, tendo publicado três livros em Portugal e um na Alemanha.Obteve vários prémios nacionais e estrangeiros: 1961, Prémio de Desenho na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian; 1965, Medalha de Prata na Exposição de Artes Gráficas de Leipzig; e 1975, Prémio de Ilustração na Exposição de Artes Gráficas de Leipzig.


Este conjunto de caricaturas, pertencem a uma obra mais vasta de João Abel Manta, "Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar", editado pelo "Jornal" em Dezembro de 1977, tendo sido reeditado recentemente pelo "Campo das Letras, Editores".


10 de Junho
Avião
Caçadores

Colonialismo e guerra colonial

Ah Diogo! Ah Cão! Em que deZaire pretendes colocar o teu padrão? El-rei morreu. As naus de clarear são agora de um povo nosso irmão.
Dispensámos as balas e os escravos e mais para diante navegámos. Negreiros não. Dissemos sim aos cravos. O mar não dói. E a terra não tem amos.
Ah Diogo! Ah Cão! Que resultadoesperavas deste povo a ver morrero seu corpo na farda de soldado?
Esta Nau do futuro há-de vencer! Mas há cães que só ladram o passado porque o presente é duro de roer!
Joaquim Pessoa

Américo Tomaz

E dizia o Américo Tomás ao inaugurar a fábrica Riopele, que tinha como inovação, um refeitório para os trabalhadores:
-So tenho um adjectivo para qualificar aquilo que vi: Gostei!!!


Um anuncio de graça

Poema Temperamental
Ó caralho! Ó caralho!Quem abateu estas aves?Quem é que sabe? quem éque inventou a pasmaceira?Que puta de bebedeiraé esta que em nós se vemjá desde o ventre da mãee que tem a nossa idade?Ó caralho! Ó caralho!Isto de a gente sorrircom os dentes cariadosesta coisa de gritarsem ter nada na goelafaz-nos abrir a janela.Faz doer a solidão.Faz das tripas coração.Ó caralho! Ó caralho!Porque não vem o diabodizer que somos um povode heróicos analfabetos?Na cama fazemos netosporque os filhos não são nossossão produtos do acasodesde o sangue até aos ossos.Ó caralho! Ó caralho!Um homem mede-se aos palmosse não há outra medidae põe-se o dedo na feridase o dedo lá for preciso.Não temos que ter juízoo que é urgente é ser loucoquer se seja muito ou pouco.Ó caralho! Ó caralho!Porque é que os poemas dizemo que os poetas não querem?Porque é que as palavras feremcomo facas aguçadascravadas por toda a parte?Porque é que se diz que a arteé para certas camadas?Ó caralho! Ó caralho!Estes fatos por medidaque vestimos ao domingotiram-nos dias de vidafazem guardar-nos segredose tornam-nos tão cruéisque para comprar anéisvendemos os próprios dedos.Ó caralho! Ó caralho!Falta mudar tanta coisa.Falta mudar isto tudo!Ser-se cego surdo e mudoentre gente sem cabeçanão é desgraça completa.É como ser-se poetasem que a poesia aconteça.Ó caralho! Ó caralho!Nunca ninguém diz o nomedo silêncio que nos matae andamos mortos de fome(mesmo os que trazem gravata)com um nó junto à garganta.O mal é que a gente cantaquando nos põem a pata.Ó caralho! Ó caralho!O melhor era fingirque não é nada connosco.O melhor era dizerque nunca mais há remédiopara a sífilis. Para o tédio.Para o ócio e a pobreza.Era melhor. Com certeza.Ó caralho! Ó caralho!Tudo são contas antigas.Tudo são palavras velhas.Faz-se um telhado sem telhaspara que chova lá dentroe afogam-se os moribundosdentro do guarda-vestidosentre vaias e gemidos.Ó caralho! Ó caralho!Há gente que não faz nadanem sequer coçar as pernas.Há gente que não se importade viver feita aos bocadoscom uma alma tão mortaque os mortos berram à portados vivos que estão calados.Ó caralho! Ó caralho!Já é tempo de aprenderquanto custa a vida inteiraa comer e a bebere a viver dessa maneira.Já é tempo de dizerque a fome tem outro nome.Que viver já é ter fome.Ó caralho! Ó caralho!Ó caralho!
Joaquim Pessoa

Artur Agostinho com roupagem nova (1974)


Alcacer talvez sequer





"Foi então que topámos com um grande aparato militar de castelhanos protegendo uma tenda alumiada de barraca de feira, centenas de estandartes, bandeiras e cozinhas de campanha, cirurgiões que amolavam bisturis e ilusionistas que divertiam a tropa, e uma sentinela que nos informou que o rei Filipe se reunia com os seus marechais na rulote do Estado-Maior a combinar a invasão de Portugal, porque D. Sebastião, aquele pateta inútil de sandálias e brinco na orelha, sempre a lamber uma mortalha de haxixe, tinha sido esfaqueado num bairro de droga de Marrocos por roubar a um maricas inglês, chamado Oscar Wilde, um saquinho de Liamba."


"Esperámos, a tiritar no ventinho da manhã, o céu de vidro das primeiras horas de luz, o nevoeiro cor de sarja do equinócio, os frisos de espuma que haveriam de trazer-nos, de mistura com os restos de feira acabada das vagas e os guinchos de borrego da água no sifão das rochas, um adolescente loiro, de coroa na cabeça e beiços amuados, vindo de Alcácer Quibir com pulseiras de cobre trabalhado dos ciganos de Carcavelos e colares baratos de Tânger ao pescoço, e tudo o que pudemos observar, enquanto apertávamos os termómetros nos sovacos e cuspíamos obedientemente o nosso sangue nos tubos do hospital, foi o oceano vazio até à linha do horizonte coberta a espaços de uma crosta de vinagreiras, famílias de veraneantes tardios acampados na praia, e os mestres de pesca, de calças enroladas, que olhavam sem entender o nosso bando de gaivotas em roupão, empoleiradas a tossir nos lemes e nas hélices, aguardando, ao som de uma flauta impossível que as vísceras do mar emudeciam, os relinchos de um cavalo impossível."

Um retornado. Muitos retornados. Um país. Uma recusa. Mútua. Uma História.

AS NAUS de António Lobo Antunes

Semanário " Os Ridículos" 8/8/74




"AS Naus" de António Lobo Antunes
"Nunca encalhei, no entanto, em homens tão amargos como nessa época de dor em que os paquetes volviam ao reyno repletos de gente desiludida e raivosa, com a bagagem de um pacotinho na mão e uma acidez sem cura no peito, humilhados pelos antigos escravos e pela prepotência emplumada dos antropófagos."

"a minha família de queixo amarrado em moedas de prata nas órbitas a fitar-me com reprovação, Este é o que foi para Luanda morar no meio dos pretos em lugar de explorar uma tabacaria na Venezuela ou um escritório de transportes na Alemanha, este é o que montou um comércio de talhante nos museus que, vendia costelas aos cafres, fez um filho a uma mulata, habitava um prefabricado da Cuca, nem um coche, nem um batel possuía, aos domingos espojava-se na sala de calções, a ouvir relatos de futebol e a comer merda da sanzala (...)";

"(...) o governo desocupou o hospital de tuberculosos que passaram a tossir nos jardins públicos hemoptises cansadas, e vazou nas enfermarias de muros de cenas de guerra e de actos piedosos, impregnados pelo torpor da morte dos desinfectantes, dos colonos que vagavam à deriva, de trouxa sob o braço, nas imediações dos asilos, na mira de restos de sopa do jantar.";

"Os pretos tomaram conta disto tudo, instalaram ninhos de metralhadoras jugoslavas nas arcadas, assassinaram-se uns aos outros a tiros de canhão, iam e vinham da mata açudados por vinganças sangrentas. O porto encheu-se de canoas e galés, destinadas a carregarem de volta o azedume dos colonos, as cabanas da ilha esvaziaram-se (...)".

Super Manos

Não acredito, que este anuncio de 1974/75 estivessem os manos Portas...Penso que quem tem a ver com electrodomésticos é o pouco doméstico, aliás nada doméstico presidente da Camara Municipal de Gondomar...Garantiram-me que eram mesmo os manos Portas, pelo que desconfiadamente assim reproduzo.

14 de outubro de 2006

25 de Abril em Luanda em 1979


A Associação 25 de Abril encarregava-se de todos os anos comemorar a data em Luanda.Fica aqui o cataz das comemorações em 1979.
Para os muitos que fizeram erguer esse espaço de liberdade ali nas traseirinhas da livraria Lello, num prédio de traça colonial antiga, a gratidão de quem por lá viveu momentos de solidariedade e de vida democrática.
Fernando Pereira

26 de setembro de 2006

Cartazeando!


O cartaz dispensa, logo existe.
Na Republica Popular de Angola, que ainda descaminhava para uma híbrida republica ( igual a tantas outras) de Angola, ia havendo uns cartazes que incentivavam a prole a engajar-se na dinamica da Revolução.
Nesses tempos de contidos maus hábitos, que o mercado colocou na montra, sem ter de recorrer a saldos, mas dizia eu, nesses tempos de contidos maus hábitos, as coisas iam correndo como qualquer revolução podia correr em Angola...Com toda a calma do mundo, e sem horários para que as coisas pudessem suceder.
Desses tempos algo airosos sobrou a memória e os cartazes, que aqui coloco porque também eles fazem parte da História de Angola.
Karipande

PS:Para além do cartaz vai um pequeno postal com a poesia do saudoso David Mestre, e com o fundo desenhado pelo António Ole, numa emissão comemorativa do Festival Internacional de Estudantes em Havana/ Cuba 1978. O cartaz é alusivo ao 14 de Abril, dia da Juventude Angolana

24 de setembro de 2006

Mercado do Caponte



Fotos de Luanda do antanho!





Aqui vão mais um conjunto de desenhos de uma Luanda que não conseguiu resistir ao camartelo.
Rua Pereira Forjaz,Rua Paiva de Andrade, Antiga Travessa da Sé e Rua António C. Cunha, são algumas partes aqui referenciadas nestes desenhos.
Vou tentar que se comece aqui um debate sobre a arquitetura das cidades de Angola, para também aqui tentar desmistificar as "diferenças do bom colonialismo português"
Um abraço
Fernando Pereira

Fotos de Luanda do antanho!

A verdadeira cidade alta





Agradeço à UNAP (União Nacional dos Artistas Plásticos) este cojunto de postais! Aqui seguem três desenhos de C. Ferreira, sobre a Calçada de Santo António.Espero que vos ajude a perceber a Luanda de outros tempos, para provávelmente "desentenderem" o que em termos urbanísticos se passou desde então!

18 de setembro de 2006

Branca e radiosa ia a noiva!


Acredite se quiser


Instruções e conselhos para a jovem noiva
Em 1894
Ruth Smythers



Sobre como se conduzir e proceder nas relações íntimas e pessoais inerentes

Ao casamento, para uma maior santidade espiritual que deve acompanhar

Este abençoado sacramento, e para a glória de Deus.







Para a jovem e sensível moça que alcançou o privilégio de crescer e

Chegar ao casamento, devemos dizer que este dia é, ironicamente o mais feliz

E também o mais aterrorizante de sua vida. Do lado positivo,

há o casamento propriamente dito, no qual a noiva é o centro das atenções

De uma cerimónia bonita e comovente, cerimónia esta que simboliza

O seu triunfo em lhe assegurar um homem que lhe proverá todas

As suas necessidades pelo resto de sua vida natural.

Do lado negativo, está a noite de núpcias, durante a qual a noiva

Deve "pagar para ver", vulgarmente falando, ao se defrontar,

Pela primeira vez, com a terrível experiência do sexo.

Nesse ponto, cara leitora, deixe-me revelar uma verdade chocante.

Algumas jovens, na realidade, aguardam a noite de núpcias com um misto

De curiosidade e prazer ! Cuidado com tal atitude !

Um marido egoísta e sensual pode facilmente tirar vantagem de tal noiva.

Nunca se esqueça de uma regra capital, para qualquer casamento:

dê pouco, raramente, e sempre de má vontade: do contrário,

O que tem tudo para ser um casamento feliz pode transformar-se

Numa orgia dos sentidos.

Por outro lado, o temor da noiva não deve ser extremo, porquanto o sexo,

Que, na melhor das hipóteses, é algo bastante doloroso, deve ser cultivado,

E o tem sido pela mulher desde o início dos tempos, e é recompensado

Pela união monogâmica e pelos filhos. A maioria dos homens, se não lhes for negado, desejam fazer sexo quase todos os dias. A noiva sábia deverá permitir

Um máximo de duas rápidas relações sexuais por semana durante

Os primeiros meses do casamento. À medida que o tempo passar,

Ela deve envidar esforços para reduzir tal frequência. Doenças simuladas,

insónia e dores de cabeça são os melhores aliados de uma esposa quanto a isso. Argumentos, apoquentações, repreensões e questionamentos também são

Muito eficazes, se usados tarde da noite, cerca de uma hora antes

De o marido normalmente começar sua sedução.


As esposas inteligentes devem estar sempre alerta e cientes de novas

E melhores maneiras de negar e desencorajar as aproximações amorosas

De seus maridos. Uma boa esposa deve reduzir as relações sexuais ao mínimo.

O ideal é uma só por semana ao fim do primeiro ano de casamento

E uma por mês ao fim do quinto ano.

Ao redor do décimo ano de casamento, muitas mulheres já completaram a sua prole

E atingiram o objetivo final de terminar todo e qualquer contato com seus maridos. Nessa época, ela deve fazer do seu amor pelos filhos e das pressões sociais elementos eficazes que mantenham o marido em casa.

Como já mencionamos anteriormente, a mulher, além de se manter alerta

Quanto a ter o mínimo de relações sexuais possíveis, deve também prestar

Muita atenção em limitar a espécie e a qualidade das relações sexuais.(..)

A mulher inteligente terá por objetivo nunca deixar que o marido a veja despida,

Nem que este se apresente despido. Praticar sexo, quando este não puder

Ser evitado, só em total escuridão. Muitas mulheres acham muito útil

Usar uma pesada e grossa camisola de algodão e providenciar pijamas para o marido, e não tirá-lo durante o ato sexual. Assim, um mínimo de corpo ficará exposto.

Uma vez que a noiva tenha colocado a sua camisola e apagado todas as luzes,

Ela deve deitar-se quieta e placidamente ao longo da cama e esperar pelo noivo.

Não deve fazer qualquer ruído que possa, na escuridão, orientá-lo em sua direção; caso contrário, ele poderá interpretar isso como um sinal de encorajamento.

Ela deve deixá-lo andar às apalpadelas no escuro. Existe sempre a esperança

De que ele venha a tropeçar e sofrer alguma lesão, que, por mais leve que seja,

Possa vir a ser usada como desculpa para negar qualquer contato sexual.

Quando ele a encontrar, ela deve permanecer tão imóvel quanto possível.

Qualquer movimento de sua parte pode ser interpretado como excitação sexual.

Se ele tentar beijá-la nos lábios, ela deve virar ligeiramente a cabeça de modo

Que o beijo alcance inocentemente as suas bochechas. Se ele tentar beijar-lhe

As mãos, ela deve mantê-las com os punhos fechados. Se ele levantar a sua camisola

E tentar beijá-la em qualquer outra parte do corpo, ela deve, imediatamente,

Puxar para baixo a sua camisola, pular da cama e anunciar que a mãe natureza

A chama ao banheiro. Isso, geralmente, amortecerá o desejo dele de beijá-la

Em territórios proibidos.


Se o marido tentar seduzi-la com conversas lascivas, a esposa inteligente repentinamente lembrar-se-á de perguntar-lhe alguma coisa trivial e não sexual. Uma vez obtida a resposta ela deve prosseguir a conversação,

não importando quão frívola ela possa parecer na ocasião. (...)


Ela deverá permanecer absolutamente calada ou falar sobre seus afazeres domésticos, enquanto ele realiza as manobras que o ato sexual requer(...)

Tão logo o marido complete o ato sexual, a mulher inteligente deverá começar

a aborrecê-lo com conversas sobre tarefas que ela quer que ele realize

no dia seguinte.

Muitos homens obtêm a maior parte de sua satisfação após a pacífica exaustão

que se segue ao ato. Sendo assim, a mulher inteligente deve assegurar-se

de que ele não tenha paz nesse período, pois, do contrário,

ele logo se achará tentado a querer um pouco mais. (...)


©Copyright Texto traduzido por Walter Cardoso Franco, publicado em Excerpta Feminina, Rio de Janeiro - Texto impresso pela Gráfica Orientação Espiritual da cidade de Nova York e publicado no ano de 1894. Escrito por Ruth Smythers, esposa de um pastor da Igreja Metodista Arcadiana da Congregação Regional Leste, Reverendo L. D. Smythers - Segundo o Bernardo.

25 de julho de 2006

Scolariedade Social


Bem!
Acabou o Campeonato do Mundo de futebol!
Propositadamente coloquei futebol com letra pequena, porque de facto foi um campeonato para esquecer tal a falta de qualidade do futebol apresentado. Embora seja um dos 13 melhores observadores do futebol mundial no activo (os outros 12 colegas meus estiveram na Alemanha a dar pontuações aos jogadores e a nomearem os melhores em cada jogo), não vou entrar em questões de natureza técnica,em aspectos tácticos, nem outras questões que me levaram a ser uma das maiores referencias do comentarismo europeu futeboleiro desde Finisterra a Vladivostock.
Hoje vou mesmo dizer que apesar de Angola jogar malzinho e ter uma equipa fraquinha conseguiu ser parecida com todas as outras, e disfarçar as insuficiencias que trouxe ao Mundial e que já eram visíveis no CAN.Podia ter feito como os portugueses que jogando poucochinho conseguiram através do Chico-espertismo chegar aos quartos.
Eu fui claro desde o início, pois sempre apoiei a selecção de Angola e apenas essa. Quando foi eliminada eu passei a olhar os jogos com pouco entusiasmo, embora tivesse um fraquinho pelo Gana, pois sempre era uma selecção africana.Quando o Gana acabou a sua participação fiquei sem preferencias e limitei-me a olhar as manifestações patrioteiras que aqui e ali iam pintalgando um ou outro local na Europa comunitária.
Digo sem qualquer tipo de reserva mental, que não tive simpatia particular por Portugal, por razões várias, que seriam fastidiosas de enumerar.Nem o facto de ter um jogador que é meu familiar próximo, me fez alterar a minha indiferença em relação ao seleccionado.
Durante toda a inundação de informação(???)que éramos obrigados a ter desde manhã até às quinhentas da noite, na maior concentração de mm2 por ecran de TV, fui-me lembrando de João Abel Manta.
E lembro o caricaturista JA Manta, filho do mestre Abel Manta,a quem recomendo uma visita à sua casa-museu em Gouveia, mas dizia, lembro João Abel Manta que em 1967(?) resolveu fazer esta caricatura de um Portugal isolado do mundo, decadente, com uma guerra colonial com tres frentes de combate, um país ainda mais triste que "o paraíso triste" que Saint Expury tinha descrito em 1942 quando por cá passou a caminho da sua morte.
Hoje como ontem as pessoas agarravam-se à sua selecção, e hoje como ontem uma santa no caminho dos portugueses, trazida por um Edir Macedo que só tem um detalhe suplementar: Talvez saiba de bola.
O IPSS (Instituto para a Promoção da Scolariedade Social)com um ordenado que era o 3º no ranking dos ordenados dos seleccionadores, resolve começar a insultar a esmo e até mesmo a bitaitear (verbo adaptado do léxico do Hernani Gonçalves)sobre questões que não lhe dizem respeito, perante o enxamear da bandeira do Partido Republicano, e que persiste desde 1910(Este pequeno detalhe tem um recado óbvio:Angola não tem nada que mudar bandeira nenhuma). Nas procissões em Portugal há o costume de colocar colchas nas janelas e varandas à passagem das santas e dos Santos, e de meninos vestidos de anjos e senhoras com um naperon na cabeça, mas esta das bandeiras só lembra mesmo ao triunvirato Portugal/BES/FPF, não chegando ao ponto do senhor Scolari dizer que "O que é bom para o BES é bom para Portugal".
Bem, fico-me por aqui, senão começo a falar muito mais da Scolaridade Social e desapetece-me mesmo.
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