DESALENTO
Os
Monty Python não seriam admitidos na TV hoje, disse em 2008, Terry Jones,
diretor e ator de um dos mais notáveis filmes do grupo, a “Vida de Brian”.
Se
ainda fosse vivo, Jones iria ainda sentir hoje quão atuais são as suas palavras,
e pelo caminho que as coisas estão a levar a perenidade do que disse no fim do
segundo lustro do século.
Vive-se
hoje num permanente estado de censura à opinião discordante do status quo
prevalecente. Chafurda-se no maniqueísmo
absoluto em que ou se está com tudo que nos fazem crer que é verdade, ou contra
a outra verdade que alguns podem acreditar que seja válida, mas que aos olhos
do absoluto esta última é algo de herético ou demoníaco!
Não são
bons os momentos que vivemos, e não auguram nada de bom nos difíceis tempos que
se avizinham.
Vamos
vivendo com as recordações de outros tempos onde a diferença e a tolerância eram
fator de progresso, de estímulo, de liberdade e de democracia participada.
Lord
Acton é o autor da famosa frase: "O poder tende a corromper, e o poder
absoluto corrompe absolutamente”. Infelizmente é a verdade que as situações que
nos criam obrigam, e que a maioria ache
que a inevitabilidade das poucas opções que existem sejam sempre produto de
entidades difusas, que não tem nada a ver com os que mandam, que efetivamente
só não repetem a estafada frase salazarenta que
“se soubessem quanto custa governar todos obedeciam”, e alguns que só a
não dizem por pudor.
Maquiavel
sintetiza de certa forma os termos com que a política e a informação com que
quotidianamente vamos vivendo: “Os poderosos criam dificuldades para vender
facilidades”!
Num
tempo de “Guerra quente” em que se vive,
está-se perante uma invasão injustificada e ilegítima de um autocrata a uma Ucrânia governada por um
protagonista que aparece mais vezes a teatralizar do que a apresentar propostas
que ajudem a resolver uma situação em que o seu povo será sempre o único
sacrificado de obscuros interesses económicos e estratégicos que o transcendem.
Não vou
entrar em pormenores porque há especialistas a esmo, mas isto tudo tresanda-me
a um jogo de interesses, a um realinhamento económico e a algo que não vai dar
bom resultado, para a maior parte dos intervenientes, nomeadamente a obesa e
abúlica União Europeia. Vai olhando para o seu umbigo com um olho e com o outro
para os inimigos que os EUA lhes arranjam. O problema dos americanos é tentarem
um “New Deal” requentado, onde falta provavelmente um homem da dimensão do
Roosevelt, provavelmente o último grande presidente de um País que é bem mais
que um continente, e que não deixa de ter aspirações de controlar o mundo.
O
invasor Putin, que curiosamente tem como único partido de oposição, o partido
comunista com 20% na Duma, sabe que a Europa está de cócoras, sem um exército
determinado a fazer valer a sua soberania e os seus interesses económicos,
decidiu atacar de forma algo cobarde outra absurdocracia que é a Ucrania onde o
Zelensky ilegalizou 11 partidos, desde a esquerda ao centro, um dos quais o
social-democrata. Talvez tenha lido Gil Vicente: “ Mais vale um asno que me
carregue do que um cavalo que me derrube”!
Nesta
guerra de informação de um sentido só, para onde enviam jornalistas sem
conhecimentos e com a cartilha posta e imposta vai-se tentando moldar opiniões,
sem tampouco saber que quando isto estiver a doer no quotidiano das pessoas, já
não haja resposta para a propaganda, que é muito diferente de informação.
Porque
gosto de ser informado precisava de saber o que pensa e dizem os outros lados
da guerra, mas isso foi-nos retirado de forma abrupta, e assim só há inimigos
ou amigos, não nos dando a possibilidade de questionar se podemos nem estar de
um lado ou de outro, ou mesmo em lado algum.
“Os
medíocres falam de pessoas, os sofríveis comentam factos e os bons debatem
ideias”
Fernando Pereira
5/6/2022
1 comentário:
👏👏👏👏👏👏 subscrevo.
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