6 de fevereiro de 2006

25 de Abril...Alguns comentários


As revoluções não surgem por decreto.O 25 de Abril de 1974 é o corolário lógico do fim das indecisões que o fascismo de Salazar e sem Salazar tinham alimentado de forma doentia e sem qualquer tipo de solução.O 25 de Abril é o corolário lógico, da fraude eleitoral de 1958, do Santa Maria, do 4 de Fevereiro,da queda de Goa, Damão e Diu, da Abrilada de 1961,do início e recrudescimento da luta armada em três palcos de guerra, e por aí fora.No plano interno é a luta pelo horário de trabalho por parte dos trabalhadores rurais, horário de 8h, são as greves nas fábricas e empresas por melhores direitos, são as greves académicas de 1962 e 1969, é a crescente fuga de gente para a Europa e o isolamento crescente de Portugal na cena política mundial.O 25 de Abril de 1974 é uma data que devolve aos cidadãos portugueses e aos povos sob dominação colonial uma nova identidade e uma nova dignidade.Não foi feito por aventureiros, como aqui já se insinuou, mas sim por aqueles que esperaram e deseperaram por uma solução tardia para os problemas que se arrastavam para um pantano de consequencias perversas.Hoje quase trinta anos, podemos dizer que valeu a pena, e que podemos dar aos nossos filhos em Portugal ou no resto dos novos países de expressão portuguesa,um mundo melhor, de liberdade, de participação cívica e de perspectivas de futuro assente na melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos.Podemos dar as voltas que quisermos, pessoalizar as razões para se afirmar o contrário, mas de facto foram esses muitos homens fardados, que imediatamente tiveram uma adesão popular extraordinária, a quem se devem liberdades fundamentais, sem as quais não conseguimos respirar.Como em todas as revoluções ou processos políticos, há avanços e recuos,há situações mais obscuras e menos, há aproveitamentos dos oportunismos que campeiam em qqer sistema político, mas temos de ter em conta que Abril valeu a pena...Por Tudo.....!!


Para quem andava distraído, antes do 25 de Abril, lembro as "sábias palavras" do então mais alto magistrado da Nação...Américo Tomás, vulgo, cabeça de Tarro...Era só para lembrar que nessa altura ele era o Chefe de Estado do Minho a Timor...."Memórias de Tomás" (I)"Eu por mim próprio, não me decidi a escrever as «Minhas Memórias». Decidiram-me. É que, estando quase toda a gente, ex-chefes de gabinete, ex-subsecretários de Estado, ex-secretários de Estado, ex-ministros, ex-chefes de Governo, escrevendo as suas memórias, a minha família começou a insistir comigo para que escrevesse as minhas «Memórias», na medida em que, disseram-me, mal me ficaria não escrever, também eu próprio, as minhas «Memórias».Habituado a falar e não a escrever, contando, segundo as minhas contas, nove mil trezentos e sessenta e quatro alocuções por sobre o território nacional, isto é, continente, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas, não minto!, nove mil trezentos e sessenta e cinco alocuções por sobre o território nacional e internacional, ligadas ao meu cargo de Presidente da República, - eu nunca me afeitei a usar a caneta, coisa que disse repetidamente a minha família.Não tive sucesso, como é obvio, dado que me compraram uma caneta e ma deixaram fechada na mão.Foi então que, pegando na caneta, carreguei no botão do gravador e comecei: "Senhor bispo da diocese, senhor ministro das Obras Públicas, senhor governador civil, senhor presidente da câmara municipal, senhor presidente da junta de freguesia, minhas senhoras e meus senhores" [in, revista Opção, Ano II, nº 30]"É esta, portanto, a ultima cerimónia que se passa na cidade da Guarda e eu não quero deixar passar esta oportunidade sem agradecer ao bom povo desta terra o seu entusiasmo, o carinho com que recebeu o Chefe do Estado. A chuva não teve qualquer influência no entusiasmo das populações. Elas vivem numa terra de granito, e a chuva não as apoquenta " A Guarda é um distrito de bons portugueses, de portugueses de uma só face, portugueses, portanto, sempre prontos a defender a terra que os viu nascer. E a Guarda tem uma particularidade: é a cidade mais alta da Metrópole" [ididem, discurso na Guarda, in Século]" É uma terra [Gouveia] bem interessante, porque estando numa cova, está a mais de 700 metros de altitude. Pois o que desejo, sr. Presidente, para poder pagar, de qualquer forma a dívida que contraí, é que esta gente tenha um futuro feliz, abençoado por Deus. Que assim seja, para contentamento vosso e para contentamento meu " [ibidem, em Gouveia, segundo O Século, 1/6/1964]

25 DE ABRILEsta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen

Minha querida amiga R.
Lembras-te qd chegámos de Luanda,naquele outouno frio de 197...??? Lembras-te concerteza meu amor...O cinzento das casas, das pessoas, dos polícias, dos governantes,de tudo....Portugal estava pintado de cinzento....O nosso pequeno quarto, num 3º andar de um prédio com uma entrada lugrube,onde uma enfezada assava dias inteiros a apanhar malhas de meias??Lembras-te das nossas primeiras aulas e o que por lá acontecia???Lembras-te da primeira carga policial que apanhámos só pq resolvemos ver pq é que outros colegas nossos apanhavam pancada??Lembras-te dos comunicados que começámos a distribuir??'Lembras-te das noites de discussão que tinhamos em casa de L....???E a aflição que foi qd a Pide foi a casa de L....???Os dias de angustia que se seguiram, com aqueles dois sempre junto aquela cabine telefónica amarela, com uma gabardine e um chapéu enterrados, sem que nunca lhe conseguissemos ver a cara???Lembras-te de A...vir ter conosco certa noite e dizer que eu teria de sair pois L...falou e não havia hipótese...Ainda por cima comigo era pior porque era das colónias...Lembras-te??? Apartir dessa noite lembro-me eu...Fui para os lados deO...numa casa relativamente distante da aldeia, onde a comida era coisa que só se via de tempos a tempos e chegar à janela era do pior...No rádio da sala iamos ouvindo coisas bonitas...mas por cá tudo na lesma...Recebi e ainda guardo a tua carta e não hesito em colocá-la, pq ainda a guardo....As vezes, apetece-me estar a conversar contigo ao pe da lareira (que bonita eh a luz que da aos nossos rostos), com tu gostas."As vezes, tenho vontade de estar contigo na praia, em Luanda, como eu gosto.As vezes podia ser na ribeira do teu jardim, onde tu gostas, mas tambem ao fim do dia olhando o nosso mar de Angola, porque eh especial.Podia dar-te a mao e ate encostar a cabeca no teu ombro. Teria vontade de te abracar com forca e dizer-te ao ouvido... que gosto bue de ti.Mas, e depois?"....de facto....Tanto chorei qd a recebi...e compreendi que de facto....nada...a resignação....Numa qualquer madrugada de Abril,que não foi bem qualquer, foi o princípio de tudo...Abril, 25/1974...Lembro-me bem querida R., peguei na carta que me tinhas enviado amargurada e eis-me a caminho de uma Lisboa que vi diferente, vi pela primeira vez, Lisboa diferentemente bonita, gente linda, alegria,e o frenetismo de uma liberdade que tanto ousámos e que afinal estava ali.Lembras-te como nos beijámos nesse dia....Lembras-te como vagueamos numa LIsboa que era enfim nossa, e que sentimos que pele de galinha por todos nós de termos medo de tanta euforia....Mas não esta liberdade tinhamos que a gozar , querida R,podia ser efémera e não podíamos perder um minuto que fosse que não a desfrutássemos...Pela primeira vez sentimos liberdade e pela primeira vez olhamo-nos nos olhos e sentimos que a nossa Angola, a Angola independente estava perto.Querida R...o tempo e as circunstancias da vida separaram-nos, mas ambos vimos subir a nossa bandeira bi-color com a roda dentada,catana e estrelinha no Novembro do nosso mui grande contentamento.Escrevo-te 30 anos depois...depois de muita coisa, para te agradecer o que passámos nesses anos de lutas, alegrias, angustias, incertezas e quiçá muito oportunismo....Mas não interessa quero pegar na carta já amarelecidda pelo tempo e fazer tudo aquilo que desejávamos fazer nos anos da ditadura e do ostracismo...O 25 de Abril não foi nosso, mas tb foi nosso e por isso querida R...hoje sinto-te como ontem a desfilar por Lisboa de mãos dadas a cantar e a ebriar-nos por aquela contagiante amálgama de gente que sentia a diferença da linda palavra....LIBERDADE....Querida R, lembras-te qd os dois declamávamos Eluard,façamo-lo sempre onde quer que estejamos...porque de facto Estamos juntos...sempre e por perto!!!!
Fernando Pereira

LIBERTÉ - LIVRE OUVERT
Sobre meus cadernos de escolar
Sobre minha escrivaninha e as árvores
Sobre o sabre e sobre a neve Eu escrevi teu nome
Sobre todas as páginas lidas
Sobre todas as páginas brancas
Pedra sangue papel ou cinza
Eu escrevi teu nome
Sobre as imagens douradas
Sobre as armas dos guerreiros
Sobre a coroa dos reis Eu escrevi teu nome
Sobre a floresta e o deserto
Sobre os ninhos sobre os ornamentos
Sobre os ecos de minha infância
Eu escrevi teu nome
Sobre as maravilhas das noites
Sobre o pão branco das jornadas
Sobre as estações Eu escrevi teu nome
Sobre os campos sobre o horizonte
Sobre as asas dos pássaros
E sobre o moinho das sombras
Eu escrevi teu nome
Sobre cada sobre de aurora
Sobre o mar sobre os barcos
Sobre a montanha demente
Eu escrevi teu nome
Sobre a espuma das nuvens
Sobre os suores das tempestades
Sobre a chuva espessa e monótona
Eu escrevi teu nome
Sobre as formas cintilantes
Sobre os sinos de cores
Sobre a verdade física
Eu escrevi teu nome
Sobre os sentimentos despertados
Sobre as rotas percorridas
Sobre os lugares que passamos
Eu escrevi teu nome
Sobre a lâmpada que acende
Sobre a lâmpada que apaga
Sobre minhas casas reunidas
Eu escrevi teu nome
Sobre o fruto cortado em dois
Do espelho e do meu quarto
Sobre minha cama vazia
Eu escrevi teu nome
Sobre meu cão guloso e terno
Sobre suas orelhas em pé
Sobre sua pata manca
Eu escrevi teu nome
Sobre o trampolim de minha porta
Sobre os objetos familiares
Sobre a onda do fogo abençoado
Eu escrevi teu nome Sobre a carne viva
Sobre a face dos meus amigos
Sobre cada mão que se estende
Eu escrevi teu nome
Sobre a vidraça das surpresas
Sobre os lábios atentos
Bem embaixo do silêncio
Eu escrevi teu nome
Sobre meus refúgios destruídos
Sobre minhas frases desabadas
Sobre os muros do meu tédio
Eu escrevi teu nome
Sobre a ausência sem desejo
Sobre a solidão nua
Sobre as marcas da morte
Eu escrevi teu nome
E pelo poder de uma palavra
Eu recomeço minha vida
Eu nasci para te conhecer
Para te nomear:
Liberdade

Talvez não fosse mau de todo ler excertos da conferencia de Vasco Gonçalves na Covilhã sobre o 25 de Abril....Agarrou nos destinos do País logo após o derrube do regime. Vasco Gonçalves, militar de carreira que chega a general através do Movimento das Forças Armadas (MFA) e de todo o papel desempenhado no derrube do fascismo, explica os tempos conturbados do PREC.O anfiteatro da Parada, local onde em tempos estiveram também as vozes e os comandos militares da Covilhã, enche-se agora para ouvir o chefe dos II, III, IV e V Governos Provisórios. A esta personagem se devem canções como "Força, força companheiro Vasco", mas também "reformas essenciais que prepararam Portugal para a adesão à Comunidade Europeia".A convite do Partido Comunista, o general Vasco trouxe à Covilhã um resumo alargado das medidas que julgou "melhores para uma nação à beira da guerra civil". Palavras conturbadas por uma voz cansada, a mesma que contribuiu para "a viragem à esquerda de toda uma pátria". Logo na criação do MFA, Vasco Gonçalves lembra que "existiam cores políticas de todos os quadrantes". No entanto, considera natural que após a libertação de um regime de "extrema-direita" e com o aparecimento do PCP e PS, "o País estivesse mais simpatizante com políticas dessa área". Aliança Povo/MFA foi motor da revolução"A terra para quem a trabalha", um slogan repetido vezes sem conta pelo Portugal de Abril. Uma das mais importantes, mas "também das mais polémicas" medidas tomadas pelo executivo de Vasco Gonçalves, prende-se com a Reforma Agrária. A constituição de cooperativas e a distribuição de terras "foi uma medida difícil".No entanto, o general não sente que "tivesse agido de forma incorrecta". Antes pelo contrário, "era necessário tirar da fome e da miséria um povo oprimido". O fosso entre ricos e pobres, naquele tempo "era imenso". Talvez venha daí a explicação para a "adesão expontânea" dos populares ao movimento revolucionário. O motor da revolução "foi o povo e a sua ligação às forças armadas".Políticas desajustadasMesmo fora da vida política activa, o criador do "Gonçalvismo" tece várias críticas ao actual Governo. Para Vasco Gonçalves, "um homem que será sempre contra a liberalização dos mercados", as actuais políticas de contenção "vêm hipotecar o futuro do País". Para o antigo primeiro-ministro, deveria de existir "uma maior justiça social", em todos os campos.Outra das medidas que julga "contrárias ao espírito português" tem a ver com a ajuda de Portugal aos Estados Unidos na invasão do Iraque. Vasco Gonçalves mostra-se contra "ideias terroristas para combater o terrorismo". O apelo "para mudar toda esta situação", fica na arma do povo, "aquela que Abril veio implementar e que é a mais importante de todas: o voto".
Recuperei este fio...e hoje apetece-me dar-te a mão de novo companheira R...Abril somos todos...E ainda bem que o somos sempre!!!Em 25 de Abril de 1974, Portugal reencontrou-se com os seus valores de liberdade, de esperança, de futuro...A esses homens que interpretando fielmente a vontade de um povo dorido responderam PRESENTE... Minha queria R, é tão bonito rever o rosto juvenil de um saudoso SAlgueiro Maia, é tão bonito revermo-nos nas ruas apinhadas de gente numa LIsboa feliz com lágrimas de contentamento, é tão...Tanta coisa que nunca mais esqueceremos como um dos dias mais importantes da nossa vida colectiva. Ver os cravos vermelhos no cinzentismo de uma Lisboa que virava as costas para um rio que ia dar a um mar onde tão poucos fizeram tanto mal a tanta gente...Hoje já nada disso interessa, pq sentimos a nossa auto-estima a crescer nos floridos canos das armas que encheram Lisboa numa manhã cinzenta, mas que se tornou na tarde mais gostosa de todas as tardes da nossa vida. Sentimos aqui que era o fim de qualquer coisa mau e o princípio do fim pq tanto lutámos...A Independencia do nosso País. Em Angola Abril fez-se em 11 de Novembro de 1975, e a nossa rubra e preta bandeira com a dentada, a catana e a estrelinha subiram ao mastro, com a guarda de honra merecida, pelos sobreviventes do 4 de Fevereiro de 1961. Aquele largo de Luanda, chegou a todo o mundo, e qd se hasteou uma bandeira, foi o subir um grito de liberdade e de dignidade para um povo que há muito o desejava, pq lutou por ela, e pq sentiu a sua liberdade...As naus de outrora deixaram-nos o tecido para a bandeira e a lingua com que nos entendemos, mas tb essas naus levaram muito da tralha que nunca mais desejaríamos e desejamos ter.31 anos de Abril, olho para ti , minha querida R, e continuas linda como naquela manhã em que nos abraçámos numa qualquer praça de Lisboa libertada...A tua boca continua como duas pétalas de cravo vermelho, e o teu sorriso continua a ser o mesmo...a Liberdade...Nunca deixarás de ser bonita, pq nunca deixaremos que te toquem...Pq Abril somos mais que tu e eu, Abril somos milhões e nunca ng parou o que milhões quiseram...Deixa-me abraçar-te R...no Abril que temos dentro de nós...eternamente Abril, eternamente nós...
Fernando Pereira

Recordações da Casa Amarela


GAMANÇO???



Comemoraram-se há bem poucos anos os 500 anos da viagem de Vasco da Gama à India...O moço descobriu o caminho por mar...Foi um feito,eheheh, sabendo toda a gente que o caminho por terra era muito mais curto...Mas de facto a viagem de Gama, não podia ter tido um nome mais apelativo para aquilo que as potencias coloniais iriam fazer nos 500 anos seguintes....GAMAR...Penso que D. João II, um dos reis mais inteligentes que Portugal teve, escolheu bem o perfil do navegador, incluindo o seu nome, para os desígneos futuros das suas campanhas pelo Oriente... Eu tenho ideia, que alguns dos marinheiros da campanha do Gama foram aliciados pq iam ao reino do Cochim, mas a meio do caminho conseguiram ser demovidos a muito custo por irem a Calecu, coisa que a maioria da marinharia estava habituada, pois as longas permanencias no mar obrigava-os a outras opções, diferentes das de em terra firme (cuidado que isto é uma cacafonia)... O Gama, Vasco de seu nome, levou como sub-capitão outro Gama, Paulo de seu nome, para no caso de vacatura do primeiro, como aliás se veio a manifestar, o Gamanço se perpetuasse. Lá foram as 4 naus e o Bérrio, a caminho das especiarias e dos afrodísíacos, para terras para lá do Prestes-João...Chegaram lá com muito estrondo, cheios de salamaleques e ofertas, para logo na viagem de circum-retorno congeminarem logo como haveriam de lixar os poderosos senhores de Calecut e Cochim, e inerentemente o seu séquito de mulheres, essas bem mais apelativas (bem mais as de Cochim que Calecu)...Começou então em Gama, o verdadeiro Gamar, e foi uma tarefa bem concebida, pois durou 500 anos.O Gama, tb foi arrecadado nos Jerónimos??? Não me façam acreditar nisso... O tipo morreu a meio do caminho de regresso, presume-se que com escorbuto, embora se tivesse constado nos meandros da corte que terá sido de gonorreia... O Gama, como qualquer do seu tempo era da barbáride, pq efectivamente tinham uma provecta barba, que devia ser incomodativa nas grandes viagens e quiçá mesmo uma verdadeira estufa incubadora de piolhos...Mas fico-me por aqui senão lá temos mais conversas sobre parasitas...

Continuando com Gama, que se bem se lembram era uma marca de tabaco de cachimbo...ou como muita gente diz Gama, mesa e roupa lavada...O" Vasco da Gama", a titulo de informação substituiu o "Infante D. Henrique", esse paquete onde alguns de nós fomos circulando entre a capital do Império e as doces costas africanas...Não sei, mas espero que me elucidem sobre se realmente, o gamão, aquele jogo esquisito parecido com as damas, tem algo a ver com o Vasco e o já antes citado apelido...Voltarei ao tema
Fernando Pereira



Posso adicioná-lo??? Claro!!
Com um texto de um antigo aluno do Salvador Correia (lógicamente da cidade), mas que sendo um criativo detesta vir por aqui..."Acolho em delírio a tua descoberta, esta etimológica, da palavra GAMAR. Deixo porém aqui nota que de gamanço pelas bandas oeste das Áfricas já a coisa se estendia à fartazana ainda o Vasquito saltitva indeciso na escolha do pai. Fique disso assinalada a rota da Mina que tanto deu de mamar (em ouro) aos sponsors que, cristãos à pressa, se dignaram levar a pesada cruz aos distantes autóctones. Talvez já o Vasquitozóide se aventurasse na descoberta do caminho flúvio para o óvulo, já se instalava por selva dentro estrutura que viesse a trazer basto fornecimento em mão de obra para as lusas ambições. E o Cão que na vã demanda do Índico se meteu pelo Zaire e desaguou em diplomáticas baltrocas com o Rei do Congo? Andava por essa altura o Vasquito pelos incautos 15 anos, ainda ausente do que o futuro lhe reservava. Quiseram os deuses camonianos conceder importância ao jovem Vasco quando já navegava pelos seus 26 anos, convertendo-o a ele próprio em descoberta (pelo rei?) possivelmente ocorrida aquando do período em que sigilosamente se estudava in loco a rota maritima para a Índia. Falo da tal rota mais longa do que a que se fazia por via seca, mas por onde passaria a vir a mesma carga mercante ao preço da chuva, com efeito arrasador para a então prosperidade das repúblicas italianas. Falando, pois, de GAMAR, iniciava-se ali uma epopeia de gatunagem fora de série. Porque em respeito à gatunagem "de série" teve o meão e bruto Vasco pouco protagonismo. Apenas uma referência ao outro Gama, este de nome Paulo, benquisto capitão da S. Rafael e irmão licota do Vasco. Com a saúde em cuidados (coisa das vias respiratórias) durante a viagem toda, o Paulo (não o Vasco) viria a morrer pelo final da torna-viagem, nos Açores para onde o caçula Vasco o acompanhou. Da frota partinte, apenas a S. Miguel (Bérrio) levou Tejo dentro a notícia do bem-sucedido empreendimento. Mais um ou dois mesitos e chegou por fim o pesaroso mas vivo Vasco que foi coberto de honrarias e fama, feito Conde da Vidigueira e pouco mais tarde Vice-Rei da Índia onde, realmente, veio a morrer velho. "

Cacafonias!!!

Uma coisa que avulta na poesia camoneana, são as cacafonias..REparem nesta "Alma minha gentil que te partiste"... É uma cacafonia que hoje está muito em voga nos rodízios, pois é normal passar o brasileiro com um pedaço de carne e diz "maminha". Tendo em conta os devaneios sexuais de Luis de Camões, esta linguagem parece-me razoávelmente codificada para um contacto para algo que implicasse asseios, ou mesmo seios perinasais, para não falar objectivamente dos seios que toda a gente está a pensar desde que se falou em Alma minha...Por falar em cacafonias, experimentem ler a correr esta lápide "Aqui jaz o rei"... Sei que para muitos não é novidade,eheheheh....Mas já que se fala de Camões, do épico "Os Lusíadas", talvez seja bom começarmos a falar de outras figuras que andaram pelas INdías, pelo que em breve irei aflorar a vida de alguem cujo nome não deixa duvidas a ninguem...Vasco da Gama....pelo Gama claro..Um abraço e canibalizem-se bem
Fernando Pereira

Trinca-Fortes


Hoje vou-vos falar de uma figura que toda a lingua portuguesa se deve orgulhar...Talvez não fale de Luis Vaz de Camões da forma hermética que o discurso oficial e oficioso da Lusofonia nos habituou, mas sim do verdadeiro "Trinca Fortes", o que devia servir de referencia a todos os muitos deste universo que fala português.Na Filosofia e na linguagem da filosofia, tentou-se criar uma ciencia independente: " A Semiótica"...Realmente a primeira proeminente figura da Semiótica mundia foi Luis de Camões, ombreando com o Capitão Gancho e mais recentemente com o ex- ministro da defesa Israelita Moshe Dyan... O comum destes tipos era só terem um olho.. Mas falando de Luis Vaz de Camões, que tem para aí dez terras a assumirem que nasceu por lá...Lisboa (esses só ainda não assumiram que o Pinto da Costa nasceu lá pq ainda é vivo....daqui a 500 anos fazem-lhe lá uma estátua e inauguram uma casa a dizer...Aqui presumivelmente nasceu Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, homem sério, incompreendido no seu tempo,...)Santarem, Coimbra, Constança,Porto, Linhares da Beira, outras e paradoxalmente no meio de todas OLhão (possa esta é mesmo para gozar com o poeta)...Só faltava tb terem dito que o homem tinha nascido na Av. da Boavista no Porto.O Luis de Camões fascina-me em muitos aspectos...Começando pelo seu fim, ele personifica algum pechisbeckismo dos portugueses...Estar na miséria, e ter um escravo com nome económico (Jau) para mendigar por ele. Tinha uma tença, que revela bem que o problema das reformas é já um problema antigo, que não lhe dava para sobreviver...e vai daí arranja um escravo para cobrir alguma zona da cidade...Será que o Jau limpava as crinas dos cavalos com esfregonas qd paravam num sinaleiro???Esta de ter um escravo para pedir é obra..e fascina-me!!!Outra coisa que me fascina é ele ter atravessado o mar (Passados 450 anos foi o Gineto que atravessou o canal da Mancha a nado), nem sei bem qual, com os Lusiadas numa mão no meio da tempestade...Porra era demais, sem um olho e só com um braço, o homem merecia uma toalha da GANT á chegada, um chá e uns scones (escrevi bem???) quentinhos...Podiam ter-lhe emprestado um saco de plástico do Belmiro, para embrulhar o notável canto IX dos Lusiadas (O tal que nenhum prof de portugues ousava abrir)...É assim nunca há apoio efectivo aos criadores..Se fosse o La Féria para uma daquelas revistecas da treta tinha logo subsídeo...(Diz-se que o Camões levava a cópia do "Branca de Neve " do João César Monteiro e a determinada altura teve de de optar entre largar isso ao mar ou o canto IX..disseram mas não me confirmaram). Outra coisa que me fascina é ele andar sempre metido com o olho pelas casadas, o que o obrigou a "ser olho por olho, dente por dente"...Como não havia ainda arquivo dos dentistas, só ficou a parte "olho por olho"...Tenho bué a falar do Camões, mas vou aqui fazer um intervalo pq certamente muito teremos a dizer sobre essa verdadeira sopa de agriões da escrita Lusófona (adoro sopa de agriões)Fernando Pereira



CAMÕES-2

Voltando a Camões...E qd me lembro como Camões foi tratado pelas autoridades coloniais de Luanda no início da década de 70, ao colocar no meio de uma rotundazinha, numa peanha de 80cm, um Camões com 2,10m, muito magro, com uma bunda algo saliente, e com uma pena numa mão e umas folhas tamanho A4 na outra, e com uma coroa de oliveira na cabeça, que ao longe mais parecia um gorro de dormir. Este monumento, que era motivo da hilariedade generalizada da população, era conhecido em Luanda, pelo "Sinaleiro", e de facto foi de longe a pior homenagem que lhe poderiam ter feito, pois fizeram ali um "mix" entre um jogador da NBA, um bailarino da Gulbenkien, um eunuco de um qualquer imperador e uma sacerdotisa vestal de Delfos. Ele hoje está num jardim no meio da fortaleza de Luanda, onde está o Diogo Cão à porta por não ter cabimento lá dentro (e ainda por cima de rabo voltado à cidade...Tem a sua razão de ser).Voltando a falar de Camões, que segundo reza a história está sepultado nos Jerónimos (enfim mais uma galga, igual ao que anos mais tarde se fazia na Guerra Colonial, que era embarcar meia duzia de ossos de um cadáver de um militar qualquer e despachá-lo para a santa terrinha, fazendo crer à família que estava ali o seu defunto)...Camões não "tinha dinheiro para mandar tocar um cego" (nunca esta frase foi tão oportuna) qto mais para ir parar a um cemitério, e que anos mais tarde o fossem lá buscar para ir acabar nos Jerónimos (Enfim...) .Consta a história que o rapaz era danado para as curvas, e um pouco por todo o lado foi semeando e batendo-se por amores. Por exemplo, perguntaria ao leitor se acredita que ele se tivesse metido numa gruta para escrever?? Óbviamente que para ele aquilo era a Gruta Garbo, pois era por lá que ele ia conhecendo e criando intimos com ninfas que eram parecidas com a Gretha Garbo, menos no Garbo. Ir para uma gruta, sem luz, um semiótico escrever com uma pena...Ena pá...era pedir para se acreditar demais... O Camões devia ser um gajo fixe, pois segundo se sabe das suas vidas paralelas gostava muito de vinhaça, e apesar de ser herdeiro de fidalgo, ele afinfava umas bebedeiras e inebriava-se com vapores carnais, um pouco tipo "vai a todas". E o manganão, tinha jeito para o engate, como se provam os versos que fazia a todas que lhe davam acrescidas lutas nos seus engates. Uma verdadeira referencia para todos os lusófonos, pois escrevia, bebia, engatava, andava á cacetada e cantava. A imagem que perdura é que é muito diferente de tantas anedotas que a história da lusofonia pariu..Se fosse hoje era considerado um devasso, um escritor marginal, um "terror" dos bons costumes, enfim um tipo que só qd morresse teria direito a que disessem que tinha "morrido um homem bom"... O homem foi o verdadeiro "Corto Maltese" , mas mais refinado que a personagem notável do Hugo Pratt, e só não foi o Fernão Mendes Pinto, pq o outro era mais galguista (Por falar nisso tenho um certo receio de falar aqui dessa personagem pq pode haver comparações com gente da diáspora, o que seria de todo intolerável)...Bem ,por ora fico-me por aqui e em breve continuarei a falar de Camões....Um abraço
Fernando Pereira

O Infante ou a Fanta que é um produto da Coca-Cola


Hoje resolvi introduzir este tema... Não é a primeira vez que o introduzo, e também espero não ser o último...Por falar em introduzir, hoje vou falar do paquete Infante D. Henrique, onde viajei algumas vezes para Luanda. Para falar do paquete em causa, tenho de começar por falar do pacote, do próprio Infante.O Henrique de Lencastre era filho do João e Filipa (já nesse tempo era um nome in) e fazia parte da Ínclita geração, que de facto era uma visão do que havia na «raça» portuguesa ao longo dos séculos, e que se perpetua hoje com o Pedrocas a primeiro ministro. Essa tal ínclita geração tinha de tudo um pouco... um gestor da treta que cavalgava em toda a sela, mas que se esquecia de deveres conjugais mínimos, que eram usurpados por outros cavaleiros... Estou a falar do Duarte, depois um Pedro que era galfarrão, e também enchia páginas da "Caras", "Vip", "Nova Gente" e outras revistas mundanas ou nundanas do tempo, havia o Fernando (que, de facto, nada tem a ver com Fernandos contemporâneos) que levou na mona dos mouros em Ceuta (Parecia o FC PORTO no tempo do fascismo, em que os clubes de Lisboa tudo ganhavam tudo com o beneplácito do regime) e que virou santo, de qualquer treta (ao contrário do Roger Moore que era Santo porque sacava umas moças em filmes de acção e beijoca). Ainda havia duas infantas, que deviam ser de Laranja e Limão, porque nem entraram na dita ínclita geração, e devem ter sido sepultadas em Mouriscas do Vouga, pois não estão ao pé da malta na Batalha das Imperfeitas Capelas, ao pé de um idiota que não se importou de ser soldado desconhecido, só para ser guardado toda a vida por idiotas conhecidos... O quarto da ínclita (eu a bem dizer ainda prefiro os 4 de Liverpool) era o Infante D. Henrique. Um homossexual assumido, que ia passeando pelas praias da costa com cosmógrafos italianos, que iam fazendo umas cartas de marear para o achamento de novos territórios... O Henriquinho de Lencastre era um tipo mal vestido, todo de negro, tipo anúncio da Sandeman, com uma tez de quem sofria da figadeira, com um bigode de cabo da GNR e com um chapéu ao estilo de Matta-Hari. Ele lá corria as praias todas com os cosmógrafos italianos na sua peugada e era bom e bonito o que eles faziam nas falésias de Sagres ou na Meia Praia ao pé de Lagos. Enquanto os italianos se entretinham com as cartas de marear, o Infante ia mareando nas faldas da Serra de Monchique à procura de padrões de aspecto fálico para colocar em todas as possessões a achar, de forma a perpetuar em "Novos Mundos Ao Mundo", a sua inclinação sexual.E eis que Portugal penetrava, pelos vistos por penetração também na epopeia (desculpem mas com o Henrique foi simultaneamente epopeia e pela epopeida dos descobrimentos).Mas como vou falar do paquete e não do pacote do Infante D. Henrique voltarei ao tema...Um abraçoFernando Pereira
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