13 de novembro de 2023

Novembro de 1975, entre palavras e cartazes! / Jornal de Angola/ 11-11-2023

 





Novembro de 1975, entre palavras e cartazes!

Entre os muitos que ilustraram o 11 de Novembro de 1975 e os tempos seguintes foi o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

                É um dos mais prestigiados fotógrafos de sempre, e disse de forma desassombrada que “espero que a pessoa que entre nas minhas exposições não seja a mesma ao sair”.

                Talvez fazer uma exposição do que a lente de Sebastião Salgado focou nesses tempos fosse um excelente contributo para que a grande maioria dos angolanos, afinal já nascidos depois da almejada independência, vissem uma realidade de que se terão limitado a ouvir falar, na lógica de “quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto”!

  Foi uma enorme honra tê-lo no dealbar do País, em momentos irrepetíveis do tempo em que se banalizava a morte com canções do tipo "Eu vou morrer em Angola - com arma de guerra na mão - granada será meu caixão - enterro será na patrulha.", e outras como “Vitória ou Morte-Venceremos”, “Estamos em guerra e cada cidadão tem que sentir-se necessariamente um soldado”, ou as frases que se foram sucedendo nos tempos da fase imberbe da então Republica Popular de Angola: “O Povo é o MPLA, o MPLA é o Povo”, “A Luta Continua”, “ A Vitória é Certa”, “Abaixo o Imperialismo”, “Abaixo o Tribalismo”, Abaixo o Regionalismo”, Abaixo o Neocolonialismo”, “Honra ao povo Angolano”, ”Glória Eterna aos nossos Heróis”,” Nós faremos de Angola a Pátria dos Trabalhadores e a Revolução continuará a sua marcha triunfal ao lado dos povos que seguem o mesmo caminho”, “Café de Angola, um gosto de liberdade”, “Os diamantes de Angola são os mais brilhantes / estão ao serviço do povo na reconstrução nacional”, “Sonangol/ Nosso petróleo onde é preciso”, “Vamos Purificar o Partido para melhor recebermos os novos membros”…

“A OPA prepara-se para a defesa intransigente da pátria angolana contra os ataques do imperialismo internacional e seus sequazes”, “Tudo pelo Povo”,” ODP- Organização de Defesa Popular”, “Que importa que o inimigo acorde cedo, se as FAPLA não dormem” “FAPLA, o braço armado do povo angolano”, “Angola é e será por vontade própria trincheira firme da revolução em África”, “O que é determinante para a unidade é a ideologia e não a geografia”, “Na edificação de uma sociedade socialista a agricultura é a base, a indústria o factor decisivo”, “Viva o Poder Popular”, “Somos independentes, seremos socialistas”,” Antes Morrermos Todos que Deixar Passar o Inimigo”, “Estudar é um Dever Revolucionário”, “Fieis ao Marxismo-Leninismo, estamos a construir uma Angola socialista”, “ O Socialismo científico é o grande objectivo estratégico da revolução angolana” “A Educação e cultura ao serviço do povo”, “Saude para todos no ano 2000”…

“Por um Partido sólido, unido, disciplinado, avante com o movimento de rectificação”, “Avante com o poder popular”, “O mais importante é resolver os problemas do Povo”,” Mais quadros, melhor produção, melhor solução dos problemas do povo”, ”De Cabinda ao Cunene, um só povo uma só nação”, “Abaixo os Fantoches Lacaios do Imperialismo”, “Viva o Internacionalismo Proletário”, ”Ao inimigo nem um palmo da nossa terra”…

Para além disso houve publicações e cartazes que ilustravam esses tempos de bate e debate, nem sempre marcado pela tolerância à diferença.

Porque é importante lembrar alguns cartazes que marcaram esses anos fico-me por aqui saudando mais uma vez uma das datas mais bonitas que assisti na minha vida de cidadão, a independência de Angola a 11 de Novembro de 1975.

Gosto muito deste exemplo de uma das melhores escritoras de língua portuguesa, Agustina Bessa-Luís in O Sermão do Fogo "antes do meio século, meus amigos, ninguém tem história. A história duma mulher galante, dum político, dum artista ou até dum homem comum é, acima de tudo, a história da sua consciência, movida não só por circunstâncias, mas também pela sua realidade como ente de memória, como testemunha. Aos quinze anos tem-se um futuro, aos vinte e cinco um problema, aos quarenta uma experiência; mas antes de meio século não se tem verdadeiramente uma história.".  Este exemplo para as pessoas é bem mais adequado aos tempos para um País.

Vamos renovar Novembro tanta vez até conseguirmos o onze do onze sonhado.  

Fernando Pereira 1/11/2023                                                                                                           

 

 














 



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